sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Agendar o parto pode gerar problemas respiratórios no bebê

Isso é o que mostra uma nova pesquisa norte-americana. Entenda quando uma cesárea deve ser agendada e por que esse tipo de parto, quando feito sem necessidade, não é bom para o seu filho.





Mais um motivo para você não agendar o seu parto sem necessidade. Uma nova pesquisa, feita pela Universidade de Ilinois, nos Estados Unidos, mostrou que adiantar o parto mesmo que seja em poucas semanas (entre a 34ª e a 37ª) aumenta o risco de o bebê nascer com problemas respiratórios

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores avaliaram mais de 230 mil partos feitos entre 2002 e 2008 em hospitais dos Estados Unidos. Ao todo, 7005 bebês tiveram de ser internados em UTIs, sendo que, destes, mais de 2 mil sofreram de problemas respiratórios. Entre os casos de pneumonia, por exemplo, os pesquisadores verificaram que o problema caiu de 1,5% entre os que nasceram de até 38 semanas para 0,1% na 39ª semana. 

O estudo americano pode ser considerado um alerta para os médicos e também para as grávidas. No Brasil, a maioria dos nascimentos na rede particular ainda é feita por cesáreas. O maior problema é o crescente número de cesáreas eletivas, ou seja, quando a cirurgia é agendada antes da grávida entrar em trabalho de parto. Um dos riscos envolvidos é a chance de o médico errar no cálculo gestacional e o bebê nascer prematuro. Com isso, a criança deixa de ganhar peso e de amadurecer os pulmões, e ainda corre o risco de precisar ser internada em uma UTI neonatal por conta da prematuridade. “Muitas cirurgias são feitas sem necessidade, apenas por comodismo, tanto dos pais da criança, que querem se organizar melhor, quanto dos médicos, que não precisam desmarcar consultas para realizar um parto a qualquer momento”, diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês (SP). 
A situação é diferente quando a mãe entra em trabalho de parto e, no meio do caminho, é preciso realizar uma cesárea. A chance de a criança ter problemas pulmonares é menor porque, durante o processo, segundo Pupo, há uma série de transformações que acontecem na criança para que ela fique mais preparada para sobreviver fora do útero. “Não se deve interferir num processo natural, a não ser em casos específicos em que há risco de vida para a mãe e o bebê”. A data provável dos partos é em torno de 40 semanas de gestação. E, se mãe e filho estiverem bem, esse prazo pode se estender até 41 semanas e 6 dias. 
Por que o número de cesárea só cresce?

Por falta de informação , incentivo do médico ou até mesmo por medo do parto normal, as gestantes tendem a acreditar que a cesárea é o tipo de parto mais seguro. Mas os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que é justamente o contrário. Um estudo, que avaliou mais de 100 mil nascimentos em países asiáticos, mostrou que as grávidas que passaram por uma cesárea têm mais de sofrer complicações sérias, que podem levar à morte. Caso a cesárea seja realizada antes da mulher entrar em trabalho de parto e sem indicação médica, os riscos são 2.7 vezes maiores do que no parto vaginal, segundo as estatísticas. Já no caso dos partos cirúrgicos feitos antes do trabalho de parto, mas com indicação médica, o número cai para 2.1. 

Ainda assim, se numa roda de conversa com outras mães, você perguntar quem teve parto normal, vai perceber que as estatísticas sobre o parto cesárea no mundo são mesmo alarmantes. Dados do The NHS INformation Centre, na Inglaterra, por exemplo, mostram que 25% dos partos no Reino Unido, entre 2008 e 2009, foram cirúrgicos. Já nos Estados Unidos, em 2005, esse índice já era de 30,2%. No Brasil, os números são ainda mais assustadores. Somente no SUS, 33,25% dos partos realizados em 2008 foram cirúrgicos, de acordo com o Ministério da Saúde, o que representa cerca de 655 mil cesáreas. Todos esses dados contrariam a recomendação da Organização Mundial de Saúde, que determina que esse tipo de parto represente somente entre 10% e 15% do total realizado em um país. 
Os benefícios do parto normal

Para o bebê: esse tipo de nascimento é bom porque segue o processo natural. Ela nasce na hora certa, a não ser nos casos de prematuros. Existem várias evidências e especulações de que o trabalho de parto não é meramente uma atitude física de expulsão do bebê, e sim uma alteração de padrão hormonal em que há liberação de hormônios pela mãe e bebê que sinalizam que o momento de nascer está chegando. Outro beneficio é que o tórax do bebê é comprimido ao passar pelo canal de parto, o que faz com que ele expulse secreções das vias respiratórias, tornando-o mais adaptado a respirar. 

Para a mãe: além do aspecto psicológico, da satisfação da mulher em poder dar à luz, a recuperação é mais rápida e são menores as chances de complicações após o procedimento, como sangramentos ou infecções, por exemplo.
  
Quando o parto cesárea é realmente necessário? 

-->Quando a placenta cobre parcial ou totalmente o colo do útero, impedindo a saída do bebê, a chamada placenta prévia; 

--> Caso a mãe tenha herpes genital com lesão ativa até um mês antes do parto; 

--> Em casos raros de doenças cardíacas; 

--> Se o bebê está atravessado, mas antes é possível tentar ajudá-lo a ficar na posição correta; 

--> Nos casos em que a gestante tenha aids com varga viral muito alta ou desconhecida; 

--> Quando há descolamento prematuro de placenta; 

--> Se a abertura do colo da mãe é pequena para o bebê, algo que ocorre em menos de 5% dos partos; 

--> Nas situações em que o cordão umbilical penetra no canal de parto antes do bebê; 

--> Se há diminuição drástica no fluxo de oxigênio ou nos batimentos cardíacos, o que ocorre em apenas 1% dos partos. 

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