segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Relato de parto da Melissa

O Grande Dia...

Bem, meu parto começou a ser planejado antes mesmo da gravidez... Na verdade, nunca havia parado pra pensar seriamente sobre o assunto, até que minha irmã Clarissa teve sua primeira filha por parto normal (com direito a episiotomia, ocitocina, posição ginecológica e por aí vai...) na época isso nos pareceu bom, porém ela sentiu que havia algo errado e que poderia ter outra forma de nascer melhor. O seu segundo filho, nosso Kaio, nasceu de um parto natural, sem nenhuma intervenção médica, uma benção! Após muita pesquisa e informação ela me trouxe o conceito de parto humanizado (que na minha cabeça só poderia ser através do parto vaginal). Fui atrás e descobri que a humanização diz respeito à forma de nascer e não quanto à via de nascimento em si. Depois de quase 2 anos de tentativas tive finalmente meu “positivo” nas mãos! Então começou a saga... Minha GO estava de licença maternidade, consegui consulta com a Dra Ana Codesso (uma das poucas disposta a esperar por um trabalho de parto sem intervenções) pra dali 4 meses, enquanto isso, fui acompanhando com outra GO, que após a primeira glicemia em jejum me encaminhou para uma endócrino, que por sua vez me diagnosticou com diabetes gestacional...( Aliás, muito questionável por mim e pela Dra Ana posteriormente) mas fui acompanhando. Pronto! A primeira coisa que escutei foi: “se teu bebê não nascer até 39 semanas terá que fazer cesárea”... Por um momento meu mundo parou... Mas voltou a girar quando na primeira consulta a Dra Ana me disse: “faremos uma cesárea se houver indicação... E diabetes não é uma delas!”. Então agora era me preparar pro grande dia, conheci a Doula Analu (novamente minha irmã me orientou) que me apoiou em todo o processo e foi fundamental pro meu desfecho. A gravidez foi tranquila, fiz uso de insulina, com 29 semanas tive algumas contrações doloridas que cessaram com uns dias de repouso... Alguma coisa me dizia que ela viria um pouquinho antes... Minha data prevista era 20/07/15 (quando questionada eu sempre dizia: pode ser 2 semanas antes ou depois, justamente pra evitar aquele tipo de perguntas: mas vai esperar? E se passar da hora?). Então, com 34 semanas eu tinha uma leve dor em baixo ventre e 1 dedo de dilatação, fiquei feliz, aquele papo de que mulher não dilata não ia rolar comigo! Parei de trabalhar e fui orientada a fazer repouso (o que não segui bem a risca), me sentia bem, fomos viajar e caminhei um pouco além da conta, então com 36 semanas e 2 dias, no dia de São João, em 24/06/2015, as 02:45 h, senti um líquido escorrer e pensei: não to segurando o xixi... ao ir no banheiro vi que não era urina e sim líquido amniótico! Chamei meu marido do banheiro com “amor minha bolsa estourou”, em 1 segundo ele estava na porta do banheiro sorrindo e disse” é hoje que nós vamos conhecer a Lavínia”. Me bateu um misto de medo e alegria, afinal, ainda faltava quase um mês! Era uma madrugada fria, tomei um banho e voltamos pra cama (sim! Voltamos pra cama, só me restava esperar as contrações antes de acordar médica, doula, vovó, dindas). As 05:35 veio a primeira... Durou poucos segundos e não era aquela dor que eu imaginava... As 06:05 veio outra, pensei: mas de 30 em 30 já... Liguei pra médica que me disse: menininha com 36 semanas quando o trabalho de parto engrenar vem, fica tranquila que ela está pronta! Então avisamos a doula e ligamos pra vovó e dindas! Doula Analu chegou aqui em casa por volta das 09:00 (ainda estava de 30 em 30, sem ritmo certo, sem doer muito), após 2 horas de massagens, exercício na bola e orações, minhas contrações foram pra de 15/15 e 10/10 e 7/7 quase como um milagre, liguei pra Dra Ana que disse: pode ir pro hospital que estou indo. Saí de casa com contrações de 4/4, não acreditava que estava indo tão rápido assim, no carro elas passaram pra de 1/1 minuto e achei que ia parir ali mesmo. Analu me deu muita força, segurava minha mão e me tranquilizava dizendo que ia dar tempo... Não lembro de ter escutado a voz do Gui durante todo o caminho, só me lembro do trânsito... E da dor! Quando chegamos no hospital (as 11:50h, enquanto o Guilherme foi estacionar e fazer a papelada eu fui encaminhada ao CO. Eu já não conseguia caminhar, minha roupa estava molhada e eu gritava a cada contração, não conseguia mais controlar a dor... Me entreguei de vez). Nunca vou esquecer a forma como fui recebida por minha médica... Passou a mão no meu rosto, beijou minha testa, e disse: vamos conhecer teu bebê, pode gritar se tiver dor, esse é o teu momento. Lembro de alguém da equipe perguntando se o acompanhante seria a doula ou o marido (sim! Só é permitido um acompanhante – o plano era a doula e perto da hora de nascer o Gui entraria). Após o exame físico a médica falou: dilatação completa, faz força que ela vem! Pedi pra chamarem o Guilherme e fiquei com medo que ele não chegasse a tempo. Então a dor parou, uma das técnicas perguntou se eu tinha recebido analgesia... Eu não queria intervenções a menos que necessário. Nunca me senti tão abençoada na vida... Como meu trabalho de parto evoluiu tão rápido? Por alguns instantes eu achei que não ia conseguir mas o Gui me disse: faz força amor já estou vendo os cabelinhos... Então as 13:10h a Lavínia nasceu... Perfeita, chorando a plenos pulmões. Veio direto pro meu colo, com os olhinhos arregalados e com a mãozinha segurando minha camisola!! Eu chorava e agradecia, ficamos assim até o cordão parar de pulsar, então foi cortado pelo pai! Após uns 30 minutos levaram ela para os “procedimentos”, só pedi que ela não recebesse o banho, e assim foi, minha filha ficou com o vérnix por 24 horas e por isso não fez hipoglicemia nem precisou de suplemento.. Senti o cheiro do meu líquido amniótico por 24 horas ao cheirá-la! Me senti poderosa, uma fêmea com seu filhote, simples assim! 






quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Falando sobre castigo...

Um vídeo esclarecedor com a psicologa Daniela Freixo de Faria. Assistam, tenho certeza que assim como eu, vocês vão ver suas crianças e vocês mesmos de outra maneira.



segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Quando o medo domina...



Quem de nós não ficou paralisado pelo medo de uma situação, acontecimento? Volta e meia este tal de medo vem para nos atrapalhar...ou NÃO, para nos ensinar, o que acham?! Como pessoa, o medo, devastador, veio em momentos singulares na minha Vida. Pude, com muito empenho e auto analise, ver que o meu medo estava ligado ao CONTROLE. Controle esse que ninguém de nós tem! Com a luta para ficar no controle, a falta de Fé na vida, diminui. Portanto, temos que deixar "rolar" e ter Fé na Vida. ACREDITAR em si e/ou em algo MAIOR.

Como Doula, vejo com frequência o medo estar presente. Medo de não conseguir parir, amamentar, Ser mãe... medo do filho ficar doente, de ele não comer bem, não ter o que precisa... E como já disse, este medo deve ser transformado em oportunidade de aprendizado. Temos que acreditar em NÓS e soltar as "rédeas". Conseguiremos solucionar qualquer DESAFIO que a Vida nos mostrar, e o medo não precisa estar presente. Como eu já disse, medo é o produto da nossa ânsia de estarmos no controle de tudo, mas não temos este controle, NÃO EXISTE ESTE CONTROLE! Quanto mais cedo nos dermos conta disso, mais tranquilos enfrentaremos nossos desafios, mais conhecimento próprio teremos.

Compartilho um texto, que dá um exercício simples, mas que dependendo do grau de intensidade deste medo, não seja possível faze-lo. Mas tentem! Para gestantes é ótimo praticar este exercício para dissolver determinados medos, que podem travar o parto ou dificultar a vivência e experiencia da maternidade. Espero ter ajudado um pouco mais!
Segue o texto...

MEDO - O GRANDE INIMIGO


Afirma-se que o medo é o maior inimigo do homem. O medo está por trás do fracasso, da doença e das relações humanas desagradáveis. Milhões de pessoas têm medo do passado, do futuro, da velhice, da loucura e da morte. O medo é um pensamento em sua mente e você tem medo dos seus próprios pensamentos.
Um menino pode ficar paralisado pelo medo quando lhes dizem que há um homem mau debaixo de sua cama e que vai levá-lo. Quando o pai acende a luz e mostra-lhe que não há ninguém, ele se liberta do medo. O medo na mente do menino foi tão real como se houvesse de fato um homem debaixo de sua cama. Ele se curou de um pensamento falso em sua mente. A coisa que temia, na verdade, não existia. Da mesma forma, a maioria dos seus medos não têm base na realidade. Constitui apenas um conglomerado de sombras sinistras e as sombras não têm realidade.
Ralph Waldo Elerson, filósofo e poeta, disse: Faça aquilo que você receia e a morte do medo será certa.

Quando você afirma positivamente que vai dominar seus receios e chega a uma decisão definitiva em sua mente consciente, liberta o poder do subconsciente, que flui em resposta à natureza do seu pensamento.
Vou descrever agora um processo e uma técnica que ensino há muitos anos. Funciona como um encantamento. Tente-o!
Suponha que você tem medo da água, de montanhas, de uma entrevista, do público ou de lugares fechados.

Se você tem medo de nadar, comece agora a sentar-se tranquilamente durante uns cinco a dez minutos, três a quatro vezes por dia, e imagine que está nadando. É uma experiência subjetiva. Mentalmente você está se projetando como se estivesse dentro d’água. Você sente a friagem da água e o movimento de seus braços e pernas. É tudo tão real e vívido, constituindo uma alegre atividade da mente. Não é um devaneio inútil, pois você sabe que está experimentando em sua imaginação o que depois se desenvolverá em sua mente consciente. Você será compelido a expressar a imagem da representação do quadro que imprimiu em sua mente mais profunda. Essa é a lei do subconsciente.

Você pode aplicar a mesma técnica se tem medo de montanhas ou de lugares altos. Imagine que está escalando uma montanha, sinta a realidade desse ato, aprecie o cenário, sabendo que, fazendo-o mentalmente, o fará depois fisicamente com facilidade e segurança.

Você nasceu apenas com dois medos: o medo de cair e o medo do barulho. Todos os seus outros medos são adquiridos. Livre-se deles.
O medo normal é bom, o medo anormal é mau e destrutivo. Permitir constantemente os pensamentos de medo acarreta o medo anormal, obsessões e complexos. Temer alguma coisa persistentemente provoca um sentimento de pânico e terror. Você pode superar o medo anormal quando sabe que o poder do seu subconsciente pode mudar os condicionamentos e realizar os desejos acalentados por seu coração. Dedique sua atenção e devote-se, imediatamente, ao seu desejo, que é o oposto do seu medo. Este é o amor que expulsa o medo. Enfrente seus temores, traga-os à luz da razão. Aprenda a sorrir dos seus temores. Esse é o melhor remédio.

Texto extraído de:
O Poder do Subconsciente
Dr. Joseph Murphy
Cedido por:
Marcia Villas-Bôas

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Post Especial!!! Gravataí é a 1ª cidade do RS a aprovar a Lei das Doulas!


Moro a 20 anos em Gravataí, uma cidade que gosto muito, apesar de muitas noticias tristes que andam sendo comentadas. Uma cidade no qual vejo muito verde por ai, o que me da uma paz no coração... A 5 anos atras me formava Doula (pela ANDO), e me lembro de no curso perguntar ao obstetra Ricardo Jones, que nos passava seu conhecimento técnico vivencial de assistência ao parto, se seria uma "boa" elaborar um projeto e entregar ao hospital de Gravataí. Ele me deu força e ficou a disposição. Confesso que não sou boa em elaborar grandes textos, tentei mas desisti de escrever. Pensei em me munir de evidencias e agendar uma hora com o Diretor do CO do hospital ou ate mesmo a Direção Geral , mas foi em vão meus telefonemas. Aguardei uma ideia surgir, um oportunidade aparecer...

Num dia desses qualquer, recebo o folheto da Vereadora Maribel Wagner, do PC do B, cujo o slogan me chamou a atenção, "Vereadora da Família", um raio caiu na minha cabeça, olhei para meu marido e disse "É ela que vai me ajudar, vou mandar a carta!". Carta essa que já havia mandado para o Gabinete do Prefeito, endereçado a Primeira Dama que é madrinha do Dia do Bebê daqui, mas não obtive resposta. No dia 16 de abril mando a carta, via facebook, uma carta totalmente intuitiva, vinda do coração....O começo da carta é assim...

Me chamo  Ana Luisa Muñoz Rosa, moro em Gravataí há 20 anos. Sou casada com Roberto, mãe do Bernardo, da Sofia e do Joaquim. Todos nascidos aqui. Sou formada como Nutricionista, consultora em Aleitamento Materno a 5 anos. Também sou Doula, formada pela Associação Nacional de Doulas a 4 anos, trabalho no qual me dedico desde formada. Me tornei doula devido duas experiências tristes que tive. Meu primeiro filho, com 41 semanas nasceu por cesariana imposta pela medica que me acompanhava, e minha recuperação pós cirúrgica foi sofrida. Minha segunda filha nasceu de parto normal hospitalar (Dom João Becker), o qual foi cheio de intervenções, tanto em mim quanto na minha filha..."

No mesmo dia a assessoria da vereadora me responde informando que passaria a carta a ela. Torci muito, havia esperança. No dia 4 de maio recebo mensagem dizendo que a vereadora estava encaminhando o Projeto de Lei, e que gostaria de conversar comigo no gabinete dela! Vibrei de emoção, avisei minhas "doulamigas", doulandas, douladas e fiquei no aguardo. Por acaso encontrei a vereadora numa celebração na igreja do meu bairro, e fui perguntar a ela como andava o projeto, ela me abraçou e disse que havia passado e que iria para votação!!! Mais uma pequena vitória!! E quando fosse a votação ela me avisaria para levar todos da Humanização para a plenária e mostrar a importância desta profissional.

Nesta terça feira que passou, a Vera, secretaria da Maribel me avisa que a votação aconteceria na quinta, dia 06/08. Avisei todos no facebook, por mensagem e pedi copia do Projeto de Lei, no qual Liane (Nutri e Doula) e eu lemos, e parecia tudo "ok". Chegamos poucas, munidas de cartazes na plenária, mas com uma só intenção, VENCER! Liane pediu a palavra e foi sensacional. E depois de algumas horas, de um ressesso, a votação se iniciou e ao poucos os votos foram surgindo, todos a favor a Lei, e quando aquele painel era todo verde, eramos lágrimas de alegria, me agarrei na Liane , na Thays, abracei e beijei minhas queridas que foram nos dar força. Não parávamos de chorar, Liane e eu tremíamos. E ela exclamou " Vou ligar pro Ricardo!". Saímos flutuando daquela Câmara... Missão cumprida, e é por TODAS NÓS!! Temos o direito!

Liane explicando a importância da Doula

Cíntia e JP, Karine e Vicente, minhas douladas do coração!



Ingryd (minha salvadora e primeiro amor do me Kim) com a Gil enfermeira maravilhosa!

Nós! Batman e Robin, doulas por AMOR!
 





16 X 0

Mesmo eu escrevendo este texto, ainda acho que é um sonho... sonho bom demais!!! E agora, vamos lutar pela Casa de Parto!!! Quem mandou o Vereador Carlito Nicolait dar a ideia! Outra pauta para nossa unica mulher dentro da Câmara de Vereadores. Gratidão Maribel, por acolher minhas palavras, e entender, reconhecer a importância desta profissional no cenário de parto e nascimento. Estamos todas de parabéns pela conquista!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Hora do Mamaço 2015!!

Em mais um ano, na Semana Mundial de Aleitamento Materno (1 a 7 de agosto), teremos o Mamaço em Porto Alegre!! O tema este ano é "Retorno ao Trabalho e a Manutenção da Amamentação". 

Venham, participem, prestigiem, apoiem!!! O leite materno é o único alimento necessário ao bebe nos primeiros 6 meses, e pode e deve ser oferecido ate 2 anos ou mais. Muitas mulheres são obrigadas a voltar a trabalhar antes do 6º mês, mas a amamentação pode e deve ser mantida!

Busque orientação de profissionais da área atualizados! Fale com um consultor em aleitamento materno. Eu sou consultora e atendo em Gravataí, próximo a Porto Alegre!


terça-feira, 28 de julho de 2015

Relato de parto da Thays

Thays foi minha doulanda, e depois de 3 anos conseguiu relatar seu parto. Assistida por péssimo profissional, o "obstetra" Derly Fofonca, humilhou e submeteu ela a diversas intervenções que não foram autorizadas. Leiam o relato:


Era 6:38 da manhã, eu estava de bobeira na cama, estava cedo, frio e a preguiça não deixava nem abrir os olhos direito.
De repente aquela colicazinha veio.
Meus pensamentos voaram: “Ué o que foi isto?!?!?”
Continuei deitada na cama.... 15 minutos depois mais uma colicazinha..... “Ai meu Deus”
Levantei fui caminhar na sala.....mais 15 minutos e outra colicazinha... “É hoje!!!!”
O sorriso estampou meu rosto de orelha a orelha.
O marido foi atrás de mim saber o que foi “É hoje, já põe as coisas no carro.” eu disse
Era uma mistura de ansiedade, medo, felicidade, amor.... Difícil explicar o que estava sentindo, mas era muito bom...
Meia hora mais tarde, as contrações tomaram ritmo de 5 em 5 minutos.
Caminhei, rebolei, agachei, fazia tudo àquilo que o meu corpo mandava, estava literalmente me abrindo para uma nova era...

La pelas 8:30 liguei para minha Doula AnaLu, “Aninha é hoje, vem para ca”
Também liguei para a minha medica Dra Ana Claudia Codesso (mais uma Ana na minha vida)“ Dra Ana, contrações de 5 em 5 mas bem curtinhas ta, então acho que vai demorar”
Continuei no mesmo ritmo, quando a AnaLu chegou eu estava de quatro na sala e estava sentindo que tudo estava diferente.
Comecei a vocalizar, não conseguia mais segurar, era uma vontade de gritar “Aaaaaahhhhhh”
A cada contração, vinha lá de dentro do meu ser um grito, que não podia ser parado.
Logo a caminhada, agachada, rebolada, os gritos, as massagens, nada aliviavam aquela dor. Perguntei a AnaLu “Que horas vamos no hospital” E com toda aquela calma do mundo ela respondeu “A hora que você quiser”.“Então vamos porque a coisa apertou”. Ela me deu um sorriso e disse “Tu já estas diferente, as contrações estão de 3 em 3 minutos, vamos la”.

No carro, fui no banco de trás, tentando ficar sentada (que posição horrível) era de quatro que aliviava, AnaLu foi fazendo massagens em minhas costas. Nossa como ficar em um local pequeno e quase sem possibilidades de movimento foi ruim, a dor aumentou e com ela veio o medo. Tadinha da AnaLu fiquei pensando que ela iria ficar surda, eu vocalizava muito alto no carro, mas era meu primitivo falando, ela dizia “Não te preocupas a Doula agüenta”.

No trajeto tentávamos ligar para a Dra Ana, mas o telefone dela não estava pegando! Eu só pensava “Respira, calma.....” Faltando pouco para chegar ao hospital, começou a vontade de fazer força “Ai meu Deus, esta guria vai nascer no carro” AnaLu só falava “Calma, respira, deixa as contrações virem”
Eu tinha vontade de chorar, mas as lagrimas não saiam, era uma mistura de sentimentos e também o medo de não saber o que vinha pela frente.
Chegamos ao hospital, fui direto para a avaliação “Já esta com 8 centímetros, colo apagado e ela já esta aqui” disse a enfermeira, com um belo sorriso.
No corredor indo para uma sala, encontramos o plantonista, a enfermeira passou as informações para ele, e ele perguntou “É cesárea?” Eu gritei “NÃO”
Quando cheguei a sala de parto, AnaLu e o meu marido apareceram logo em seguida.

Colocaram-me deitada numa maca, o plantonista me avaliou “Já esta com 10, vamos romper a bolsa” “Não quero” eu disse “Deixa ela romper sozinha”, mas foi em vão. Ele enfiou a comadre embaixo de mim e estourou a bolsa.
As dores pioraram e eu só dizia “Quero anestesia, não aguento” ficar deitada, deixava tudo pior.
Fui levada para outra sala, agora na maca pude ficar semi-deitada.
“Põe as pernas nas perneiras, mãezinha” Falou a enfermeira. Eu disse “Não quero” e o plantonista revidou “Tu não é índia para ganhar de cócoras”
Naquele instante meu mundo desabou, entendi que aquele plantonista era o tipo de “medico” de quem eu fugi a gravidez inteira. Ele era mais um que não sabe tratar as mulheres com respeito na hora mais preciosa e sensível delas.
Contra minha vontade colocaram minhas pernas “naquilo”.
Tentava respirar, tentava me ajeitar, tudo estava errado, não foi assim que imaginei, e não era assim que deveria ser.
Logo apareceu uma enfermeira tentando pegar minhas digitais para o cadastro do hospital, acho que ela entendeu que não era a hora certa quando ela pegou minha mão e ganhou meu olhar fuzilador!!!
Na outra mão, outra enfermeira me colocando um acesso com soro, eu dizia “ Precisa mesmo disto?” e ela “Sim”.
Aquele acesso caiu da minha mão direita DUAS vezes. Então colocaram na esquerda, com uma fita bem firme.
Naquela altura as contrações eram insuportáveis, e a minha vocalização estava no auge até que o plantonista me mandou calar a boca “Tu ta fazendo escândalo, fica quieta”.
“Meus Deus, o que faço? Senhor só me da forças” eu implorava em pensamento.
AnaLu e o marido, cada um de uma lado. AnaLu com aquela mão leve e suave era a minha fortaleza que não me deixava desabar e desistir, hora com a mão no meu ombro, hora colocando aquele paninho gelado na testa. Como um simples pano molhado e gelado teve tanto impacto naquele momento.
Agora foi a hora de fazer força, e o plantonista me explicou como fazer. “Queixo no peito, segura a respiração e faz força para baixo, segura nestas barras e “puxa” para trás.
Mas como a Thays sempre foi delicada (hahah), tentava fazer tudo aquilo, mas teimava em puxar as barras para cima, e como elas são só encaixadas, saiam nas minhas mãos, as enfermeiras pegavam, colocavam novamente e eu tirava. Ate que eu desisti de segurar aquilo e me agarrei as barras das perneiras.
“Olha aqui paizinho” disse o plantonista “Já da para ver os cabelinhos”. E lá vai o marido olhar!!!!
Logo em seguida veio “Tu ta fazendo força errado, assim não da”
Eu tentava não olhar para o plantonista, mas eis que sinto umas picadas. Fui obrigada a olhar e la estava ele segurando uma seringa. “Não quero episio” Falei bem certa de que ele estava me dando anestesia local.
“Vamos ver” disse ele em tom irônico.
Novamente ele disse “Assim não adianta, vou ter que .....” Não consegui entender o que ele falou, ele se levantou deu dois passos para traz e pegou das mãos da enfermeira um utensílio. Eu sabia o que era um fórceps, mas não acreditava que era tão grande. Quando ele veio na minha direção, eu só fechei os olhos, virei a cabeça de lado. Não lembro se só pensei ou se falei “Deus me ajuda”

Não lembro de sentir o ferro entrando, mas lembro muito bem de sentir saindo e junto levando minha filha, pequena e indefesa. Nada bom.
Colocou ela em cima de mim, toda ensangüentada, não pude ver seu rosto, estava de costas.Ela logo chorou e eu dei graças por ter terminado aquele horror, ilusão minha.

Ela nasceu as 12:40 da manhã, com lindos 2.730Kg e 49,5 cm, uma bonequinha.
Ao piscar os olhos “Cadê minha filha?” eu perguntei a AnaLu e ela respondeu “calma teu marido ta junto dela”. Eu tremia tanto, era tanta adrenalina correndo em minhas veias, que eu não conseguia nem respirar direito.

Logo a enfermeira a trouxe, toda enroladinha. E pôs no meu colo, pedi ajuda a AnaLu para me ajudar a segura-la, a tremedeira estava forte, tinha medo de deixar cair.

Tiramos uma foto. Outra enfermeira abriu minha roupa e fez a minha pequena Giulia colocar a boca no meu seio e lógico ela nem abriu a boca, não sabia de quem era aquilo. Ficou ali comigo uns 5-10 minutos e logo levaram para dar banho.E o plantonista ainda estava lá, me costurando, ele fez a episio, foram 7 pontos. Quando ele terminou, falou a frase de ouro “Vou tirar a placenta” e eu ainda tentei e rebati “Não da para esperar ela sair naturalmente?” mal terminei a frase ele puxou e ali veio uma ultima e dolorosa contração.

AnaLu ainda me disse “Olha a placenta” eu não estava com animo para nada, eu estava me sentindo num show de horrores, sabendo que tudo aquilo não deveria ser daquele jeito. Mas olhei, mentalmente agradeci por ela ter nutrido minha filha.
Graças aos céus aquele plantonista sumiu da minha vista. E minha princesa veio finalmente para ficar comigo. Ela estava dormindo, eu penso que quase hibernando, para ela também foi sofrido e doloroso, sentir tudo que sentimos, não foi fácil. Então ela assim permaneceu até que fomos para o quarto as 19h. La estava minha mãe e a AnaLu, consegui tomar banho, com ajuda da enfermeira, aqueles pontos "ui", enquanto Giulia era paparicada pela nova Vovó.
Consegui sentar na poltrona e ela veio, cheia de fome, se agarrou no seio e lá ficou mamando, as vezes abria os olhos, ficamos assim quase uma hora, nos reconhecendo. Tínhamos que nos reconectar. Não foi fácil amamentar, mas eu sabia que era necessário, era somente aquilo que Giulia precisava. Meu calor, meu colo, meu seio, meu leite, meu cheiro.

E assim terminamos a primeira de muitas aventuras.
Agradeço de todo o coração a AnaLu por estar comigo me dando forças. Ao meu marido e parceiro por acreditar na minha força. E a Deus por sempre saber o que eu preciso passar. Nunca nada é por acaso.
Hoje a minha razão de viver completa 3 anos. E eu acabei virando DOULA, para principalmente passar informações de qualidade às pessoas, dar apoio emocional e físico.

Nada nunca é por acaso, eu precisei passar por tudo aquilo. Hoje agradeço a Deus, por colocar em meu caminho as pessoas certas e no tempo certo.





domingo, 14 de junho de 2015

Fisiologia do Parto

No último encontro de gestantes, falamos sobre a Fisiologia do Parto. O tema foi conduzido pela enfermeira obstetra e também doula, Adriana de Lima Mello. Para quem não pode comparecer ou quer relembrar um pouquinho do que foi discutido, segue um resumo feito por ela com carinho para você!!

Fisiologia do Parto

por Adriana de Lima Mello
 Enfermeira Obstetra, Doula e Educadora Perinatal

O parto é um processo involuntário conduzido por partes “arcaicas” do cérebro portanto, quando uma mulher está em trabalho de parto, a parte mais ativa de seu corpo é o cérebro - primitivo, o sistema límbico: hipotálamo e a hipófise, que nós compartilhamos com todos os mamíferos. O neocórtex (parte racional de nosso cérebro) é quem é capaz de nos inibir durante este processo.

Para parir a mulher libera um coquetel de hormônios; ocitocinaresponsável pela contração uterina e ejeção de leite - HORMÔNIO DO AMOR; endorfinas responsáveis pela diminuição da sensação dolorosa; prolactina; responsável pela produção de leite; ACTH (hormônio adreno - corticotrófico) em reposta aos hormônios que o feto libera, mostrando que está pronto e desencadeando as ações hormonais do corpo materno;prostaglandinas que preparam o colo uterino e o útero para responder a ocitocina com a dilatação.

Qualquer situação que estimule a produção de hormônios da família da adrenalina, estimula a atividade do neocórtex e pode inibir o processo do parto. O que pode desencadear a produção de adrenalina?? Frio, mau humor, medo, auto piedade, conflitos situacionais, dúvidas e inseguranças, distrações, falta de privacidade, vergonha, excesso de toques, expectativas, internação precoce, preocupações, conversas excessivas (incluindo perguntas), ambiente muito iluminado, barulhento.

Podem existir dois ciclos rondando este processo de trabalho de parto e parto: 

NEGATIVO – Medo – Dor – Tensão
POSITIVO – Aceitar – Aproveitar –Relaxar


Portanto a mulher em trabalho de parto necessita do respeito a fisiologia de seu corpo, precisa ser permitida e permitir seu corpo agir. Para isso é necessário: sentir-se protegida, segura e apoiada, confortável, relaxada, estar em um ambiente aconchegante, quente, agradável com penumbra e silêncio, ter privacidade, não sentir-se observada e ter liberdade.

A dilatação e o nascimento acontecem em diversas fases e forma progressiva, é comum mulheres terem contrações que podem se manter durante horas e depois passar, podem ser incômodas ou tão fracas que você pode continuar fazendo as atividades do dia a dia, chamamos isso de “falso trabalho de parto” ou “pródomos de trabalho de parto” O importante neste momento é descansar, se alimentar, segurar a ansiedade, aproveitar os últimos momentos de barrigão e... NÃO ficar triste pois estas contrações são importantes e úteis para: a centralização do colo, o amolecimento do mesmo, a insinuação e descida do bebê na pelve materna , etc.

Podem ocorrer também: perda do tampão mucoso – secreção espessa, consistente com ou sem raias de sangue – pode acontecer no início do TP ou durante o TP. As vezes depois da perda do tampão o trabalho de parto pode demorar alguns dias para ser efetivo; rompimento da bolsa – uma grande ou pequena quantidade líquido escorre pelas pernas, um rompimento cedo da bolsa (fora de trabalho de parto) ocorre em 6 – 19% dos partos a termo ( idade gestacional maior que 37 semanas) e então 70% dessas mulheres darão a luz em até 24h e outras 30% em 48h,importante comunicar o médico e/ou sua parteira; uma dor contínua e maçante na região lombar, que pode ser causada pelas contrações uterinas ou uma diarréia, pois existe uma tendência natural de esvaziar o intestino no período que antecede o início do trabalho de parto.

O trabalho de parto se divide “didaticamente” em duas fases:

FASE LATENTE: dilatação entre 2 a 3 cm; o colo do útero mais afina do que dilata, com duração média de 8 horas em mães de primeira viagem e 5 horas em mães com mais de um parto. As contrações acontecem a cada 20 ou 30 min com duração de 20 a 30 segundos.
O que fazer neste momento?? Conversar com sua doula, obstetra ou parteira, alimentar-se, descansar, passear, enfim...aproveitar e economizar energia para a próxima etapa.

FASE ATIVA: dilatação maior ou igual a 4cm, aumentando progressivamente; o colo do útero mais dilata do que afina; com duração média 6 a 12 horas, as contrações aumentam  progressivamente até que na fase final de dilatação chegam a ter intervalos de um minuto e meio e podem durar cerca de 60 a 90 segundos.
O que fazer na fase ativa do trabalho de parto?? Ter a companhia de sua doula, familiares de seu desejo, estar em um ambiente calmo, familiar, aquecido, aconchegante, tomar uma ducha gostosa, ficar na banheira, dançar, ouvir música, se alimentar, fazer exercícios na bola, caminhar, receber massagens, gritar, enfim... o que você tiver vontade: permita o seu corpo!!!

O parto é dividido “didaticamente“ em 4 períodos:
Dilatação que é trabalho de parto, o expulsivo que inicia-se com 10 cm e presença de vontade de empurrar (puxos) e se entende até saída do bebê; a dequitação que inicia-se após o nascimento do bebê até o término do desprendimento da placenta e o período de Greenberg que é um período de recuperação e contração do útero, para que não aconteça hemorragia, se estende a 1 hora após o término do parto (saída da placenta), momento em que se procede os cuidados como medicações e sutura se necessário. Portanto como podemos ver o parto só termina quando a placenta sai.

A adrenalina que nós queríamos lá no início do trabalho de parto, agora é muito bem vinda pois, têm um papel de interação entre mãe e bebê após o parto e durante as últimas contrações antes do nascimento, seu nível de adrenalina se eleva bruscamente, é por isso que assim que se iniciam os PUXOS as mulheres ficam ALERTAS, tendem a optar pela posição vertical, cheias de energia e com uma súbita necessidade de se agarrar a alguém ou algo. Para o bebê o afluxo de noradrenalina possibilita que se adapte a privação de oxigênio, e que esteja alerta ao seio da Mãe. O bebê ativo abre os olhos e busca o contato com a Mãe, o que libera mais ocitocina, fundamental para os momentos seguintes do processo como dequitação da placenta e amamentação.

O coquetel de hormônios necessário para o nascimento está em nosso corpo e quando protegemos a fisiologia permitindo o corpo atual, percebemos o quão é importante para o nascimento, desenvolvimento do bebê e vínculos afetivos. Atualmente a rotina hospitalar atual é caracteriza por um violência ( frio, luz forte, manuseio grosseiro, isolamento). O bebê é induzido desnecessariamente a um estado estresse, que provoca a liberação de cortisol que pode prejudicar o desenvolvimento cerebral. Em contra partida no processo de nascimento fisiológico a Mãe secreta endorfinas e hoje sabemos que o bebê também, portanto logoapós o parto o cérebro dos dois estão impregnados de opiáceos e dopaminas que induzem dependência e vínculo.

Optar e se preparar para um trabalho de parto e parto ATIVOS e de forma NATURAL é ser respeitada, permitir-se fazer o que tiver vontade; ser instintiva; mudar de posições, entregar-se, assumir posições verticais que ajudam a aumentar a dimensão da pelve, a gravidade ajuda a descida do bebê, rotação interna do bebê e circulação sanguínea útero-placentária. E acima de tudo ter autonomia sobre o seu corpo e ter co-reponsabilidade no processo do nascimento de sua família.

Optar por intervenções é assumir riscos, começando pelo risco de precisar de mais de uma intervenção, o uso de hormônios sintéticos (ocitocina), medicações (anestésicos ou analgésicos) e condições de atendimento e ambiente não adequadas podem interferir e/ou interromper a rede fisiológica hormonal e a sequencia do trabalho de parto e parto. Os hormônios sintéticos causam efeitos físicos em determinadas partes do corpo, mas não comportamentais como os produzidos pelo próprio cérebro. A ocitocina materna atravessa a placenta e entra no cérebro do bebê durante o trabalho de parto, agindo para proteger as células cerebrais fetais “desligando-as” e diminuindo o consumo de oxigênio, em um momento em que os níveis de oxigênio disponíveis para o feto são NATURALMENTE baixos. A ocitocina sintética, porém, não têm a capacidade de ultrapassar a parede placentária portanto, não atingirá o organismo do bebê.

Acredite no seu corpo, dedique-se a você, leia, participe de grupo e busque os melhores profissionais e alternativas para o seu parto. VOCÊ PODE!!!


Bibliografia:

- Parto Ativo - Janet Balaskas. Ed. Ground

- WorkShop: “ Parto como escapar das armadilhas” – Michel Odent.Julho de 2011, São Paulo. Anotações pessoais: Adriana de Lima Mello

- A cientificação do Amor – Michel Odent

- Parto, aborto e puerpério – Ministério da Saúde.

Retirado do blog do Grupo Vinculo

sexta-feira, 12 de junho de 2015

As 50 intervenções desnecessárias durante a gravidez, parto e pós parto !

As 50 Intervenções Desnecessárias durante a gravidez, parto e pós-parto (por Ingrid Lotfi com supervisão técnica de Melania Amorim e Maíra Libertad)


1) Exames pré-natais não incluídos na rotina preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil (os exames recomendados são: grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia para sífili...s - VDRL, hemoglobina e hematócrito para rastreamento de anemia, exame de urina tipo I, sorologia para HIV e hepatite B - AgHBs, glicemia de jejum, teste para toxoplasmose-IgM, colpocitologia oncótica se necessário).

2) Exames de efetividade discutível sem prévia discussão com a gestante sobre riscos e benefícios (p.ex. pesquisa de EGB (Estreptococcus do Grupo B)).

3) Prescrição de complexo vitamínico, sem uma indicação clara.

4) Ultrassonografias sem indicação clínica.

5) Dopplerfluxometria em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

6) Ecodopplercardiografia (exame para avaliar o coração) fetal em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

7) Cardiotocografia em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

8) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

9) Cesariana eletiva sem indicação clínica e/ou sob falsos pretextos (ver lista das "Indicações das desnecesáreas).

10) Exames de toque antes do trabalho de parto, sem indicação clara.

11) Descolamento de membranas antes de 41 semanas de gravidez.

12) Descolamento de membranas sem prévia discussão e autorização da gestante.

13) Restringir a escolha do local de parto.

14) Desencorajar ou proibir o acompanhante/doula no parto da escolha da mulher, ou permitir a entrada de pessoas não autorizadas.

15) Internação precoce.

16) Exames de toque/remoção de rebordo de colo abusivos durante o trabalho de parto e de rotina.

17) Exames de toque/remoção de rebordo SEM o prévio consentimento da gestante.

18) Toque Retal.

19) Jejum, tricotomia (raspagem dos pêlos) e enema (lavagem intestinal).

20) Qualquer restrição à deambulação/liberdade de movimentos.

21) Estabelecer limites rígidos para a duração da fase latente, ativa e do período expulsivo.

22) Atrapalhar o processo fisiológico do parto, desconcentrando a gestante.

23) Monitoração fetal contínua ao invés de intermitente (onde o profissional ausculta o bebê de tempos em tempos com o sonar).

24) Uso rotineiro de soro com ocitocina/indução com misoprostol.

25) Uso rotineiro de analgesia de parto.

26) Oferecer ou insistir na analgesia de parto sem que a mulher a tenha solicitado.

27) Amniotomia de rotina (rompimento da bolsa).

28) Puxos precoces (treinar fazer "a" força, antes que a mulher possa sentir os puxos).

29) Puxos dirigidos ("faça força agora", "força comprida", etc).

30) Manobra de Valsalva (orientar a "trincar os dentes e fazer força").

31) Desestimular a escolha pela mulher da posição/ambiente em que quer parir.

32) Manobra de Kristeller (empurrar o fundo do útero)/pressão de qualquer intensidade no fundo uterino/"só uma ajudinha".

33) Manobra de "divulsão" perineal e/ou massagem perineal sem consentimento da mulher.

34) Episiotomia.

35) Não permitir o nascimento espontâneo.

36) Aplicar fórceps e vácuo de rotina e/ou sem autorização da mulher.

37) Sutura rotineira das lacerações.

38) Revisão instrumental do canal de parto de rotina (fórceps, vácuo extrator).

39) Cesariana intraparto sem indicação precisa e sem caráter de emergência.

40) Ligadura precoce do cordão, sem aguardar parar de pulsar.

41) Entregar um bebê vigoroso ao neonatologista para secar e aquecer, afastando-o da mãe.

42) Aspiração de rotina das vias aéreas do recém-nascido.

43) Passagem de sonda de rotina no recém-nascido, para pesquisar atresia de coanas, atresia de esôfago e ânus imperfurado.

44) Uso rotineiro de Credé (colírio de nitrato de prata).

45) Levar bebês saudáveis para o berçário.

46) Fazer qualquer procedimento com o RN sem consultar e obter autorização dos pais.

47) Não permitir o delivramento (saída da placenta) espontâneo.

48) Revisão manual da cavidade uterina de rotina, mesmo em casos de cesárea anterior.

49) Oferecer bicos, chupetas, mamadeiras, com leite artificial para o recém-nascido.

50) Aplicar vacinas sem o consentimento e autorização dos pais.

domingo, 24 de maio de 2015

Relato do parto humanizado da Cíntia pela doula



Cíntia entrou em contato comigo através do meu e-mail em outubro de 2014, me dizendo que acompanhava meu Blog, A Doula Nutri, e queria uma consulta nutricional, pois estava grávida e queria se alimentar melhor. E também saber como funcionava o acompanhamento como doula. Marcamos nossos primeiro encontro em minha casa e ali ela deixou claro que gostaria de ser respeitada em seu parto e que a médica que a acompanhava na gestação não parceia em prol do parto normal. Dei indicações de obstetras humanizados para que ela entrasse em contato.

Foi um pouco difícil, mas ela conseguiu marcar uma primeira consulta com a Dra Karla Browers, e ficou radiante de conseguir um profissional humanizado, pois as alternativas da nossa cidade não estavam boas. Durante o pré natal passei todas as informações atualizadas, sobre fisiologia do parto, emoções durante o parto, passei visualizações, informações sobre aleitamento materno, enfim, tudo que fosse necessário para deixar Cíntia segura de si e de suas decisões. Também elaboramos o plano de parto, que é um documento no qual se coloca todos os desejos do casal no trabalho de parto, parto e pós parto, juntamente com os cuidados com recém nascido. Papai Éder participou dos encontros e sempre apoiou a mulher nas decisões.

Cíntia teve que ficar de repouso uns dias, pois tinha dilatação e algumas contrações, não estava no tempo ainda do JP nascer. Com o repouso ficou tudo bem e JP esperou ainda a doula voltar das férias para começarmos os trabalhos. No dia 04/03 fui a casa deles para fazermos um ritualzinho para se despedir da barriga. Fiz a Eco de doula, que nada mais é que uma pintura intuitiva do bebê. Massageei as costas e pés da Cíntia e rolou um escalda pés gostoso. Dia 06 fecharia as 40 semanas e estavam todos ansiosos.

Dia 08 pela madrugada, Cíntia me manda um wats dizendo que havia começado. Cheguei  na casa deles lá pelas 9 hs, as contrações estavam entre 7 minutos, durando as vezes mais, as vezes menos que 1 minuto. Ela estava lidando bem com o desconforto das contrações e muito ansiosa para ver seu bebê. Assim como o papai, que sempre a incentivou. Durante o tempo que ficamos em casa, Cíntia foi para o chuveiro, se agachava, usava a bola, comeu, tentou dormir.






Pelas 15 hs com contrações ritmadas, de 5 em 5 minutos, e com a dor incomodando, saímos para o Hospital Mãe de Deus. Durante o trajeto elas espaçaram um pouco. Quando chegamos ao hospital entrei junto com ela no CO, enquando Éder aguardava a avaliação da Cíntia. Foi avaliada e estava com 3 cm, o que a desanimou um pouco, mas pedi que ela mantivesse o foco, que agora era o momento de se entregar. Papai foi fazer a internação já que a Dra pediu para ela ficar, morávamos em outra cidade.

Cíntia foi acomodada na sala de parto, ficou do jeito que se sentiu mais comoda, de top e calcinha. Depois de respondidas todas as perguntas, pedimos a bola e podemos ficar tranquilas, trabalhando. Logo papai chegou e começou a apoiar sua mulher em cada contração.

Tempinho depois Dra Karla chegou e fez um exame de toque, 6 cm de dilatação! O que deu  um animo em todos! Cíntia ia pra bola, caminhava, voltava pra bola. Dra Karla pediu que preparassem o chuveiro na sala de exames e Cíntia foi relaxar na água quente. Ficou bastante tempo no chuveiro recebendo apoio do marido. Durante o trabalho de parto recebeu 3 doses de antibiótico para a bactéria streptococcus B, isso a deixava incomodada, pois tinha que manter a veia e cuidar, não tendo muita liberdade para se posicionar.




A noite foi feito outro exame de toque que constatou 8 cm de dilatação, mas Cíntia já estava exausta. Não conseguia, relaxar, dormir e qualquer coisa a irritava. Então ela pediu analgesia. A lembramos que ela não queria, conforme estava no plano de parto, mas ela insistiu. Foi combinado que ela tentaríamos mais um pouco, mudamos posição, chuveiro, mas nada a fazia relaxar. Foi feito novo exame e estavam os mesmos 8 cm. O anestesista foi chamado, e a Dra Karla a lembrou que uma intervenção levava a outras. Ela deu o “ok” para continuar, foi dada a analgesia e aplicado ocitocina. Ela conseguiu descansar bastante, dormiu.

Acordou renovada e disposta a trazer seu filho. Foi para bola, para banqueta, e um tempo depois 9-10cm, um rebordo atrapalhando, que a Dra Karla ajudou a sair dali. JP continuava alto, então tínhamos que fazer ele descer. Bola, banqueta, banqueta, faz força na contração, muda de posição e o menino começou a descer. Cíntia teve que ser guiada, pois não sabia onde fazer a força, devido analgesia. Decidiu que iria ficar sentada na maca, ali ficou, força, relaxa, força, relaxa... Dra Karla sugeriu de fazer episiotomia para a cabeça sair e Cíntia deu seu consentimento.



Mais força e JP nasceu, as 5:14 do dia 09/03, pesando 3580 gramas e medindo 50 cm, bochechudo como a doula tinha intuído! Foi posto direto no colo da mãe, pele a pele e acarinhado pelo pai, chorando gostoso. Depois levado para avaliação, não foi posto colírio de nitrato de prata (Cíntia havia feito exame de gonorreia para não haver a possibilidade de aplicarem “preventivamente” o colírio) e nem aspirado, como constava no plano de parto. Em seguida voltou para o colo da mamãe, foi posto ao seio, mas ele só deu umas lambidas. Foi para o colo do papai. Depois veio um pouquinho com a doula babona, para mamãe descansar.




Quero agradecer a Cíntia e Éder por esta maravilhosa volta as doulagens. Foi intenso, cansativo, compensador e lindo. JP é um anjo lindo! Muito amor e leitinho para vocês. Contem comigo sempre que precisarem.

Gratidão a Dra Karla pelo respeito que teve com a Cíntia em todos os momentos.


Gratidão ao Universo por esta missão maravilhosa!

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Massagem Perineal + Exercícios para o Assoalho Pélvico

Massagem Perineal


Fonte: http://pregnancy.about.com/library/weekly/aa103199.htm (Tradução da Bart) 

Quando pensamos em como se pode evitar a episiotomia no parto normal, raramente pensamos em alguma coisa além do que os médicos ou as enfermeiras podem fazer por nós.

Há muita coisa que podemos fazer por nós mesmas! 
  


A massagem no períneo no período pré-natal tem se mostrado eficaz na prevenção da necessidade da episio e na diminuição das lacerações que a mulher pode ter durante o parto. Esta massagem é particularmente eficiente em mulheres com idades próximas aos 20 anos. 

Essa técnica é usada para ajudar no alongamento/flexibilidade e preparar a pele do períneo (parte de pele, músculos etc. entre a vagina e o ânus) para o parto. 

Essa massagem não vai apenas preparar o tecido do seu corpo, mas vai também permitir que você conheça e aprenda sobre as sensações do parto e como controlar esses poderosos músculos. Este conhecimento irá lhe auxiliar e preparar-lhe para dar à luz o seu bebê. 

O conhecimento do que você sente nessa região do corpo vai lhe ajudar a manter-se relaxada e relaxar o períneo no parto e também durante outros exames vaginais que você tenha que fazer em sua vida.

INSTRUÇÕES: 

  • Encontre um lugar onde você possa se sentar e estar sozinha, ou com seu parceiro, ininterruptamente.
  • Tente ver seu períneo com ajuda de um espelho, note como ele é... Nem sempre será necessário um espelho para essa tarefa! 
  • Você pode usar compressas com toalhas mornas no períneo por 10 minutos, ou usar um banho morno (de banheira, assento, ou chuveiro, em último caso), caso precise relaxar. 
  • Lave suas mãos e peça ao seu companheiro para fazê-lo, caso ele vá lhe ajudar nas massagens. 
  • Lubrifique seus dedos polegares e o períneo. Você pode usar muitos tipos de lubrificantes: KY Gel®, óleo de vitamina E, óleo vegetal puro (óleo de semente de uva é uma boa indicação!) etc.
  • Coloque seus dedos polegares um pouco dentro de sua vagina, empurre-os para baixo e pressione para os lados. Você deve sentir um leve estiramento, formigamento, ou uma leve queimação, mas nada que seja dolorido. Mantenha esse movimento por 2 minutos ou até que região fique levemente adormecida. 

  • Se você tem episiotomia ou lacerações prévias, esteja certa de prestar especial atenção ao tecido de cicatrização que, geralmente, não é tão estendível e onde a massagem deve ser feita mais intensamente, com cuidado. 
  • Massageie em volta e por dentro da região mais externa da vagina e seus tecidos, onde ela se abre, e mantenha sempre a lubrificação. 
  • Use seus polegares para puxar um pouco os tecidos, forçando-os a abrirem-se, imagine como seria se a cabeça do seu bebê estivesse fazendo esse movimento na hora do parto. 
  • Se seu parceiro estiver fazendo a massagem, pode ser muito útil que ele use os polegares. A sensação pode ser mais bem percebida por você, mas não deixe de guiá-lo com suas sensações para que ele saiba qual a pressão que deve utilizar. 
  • Nessa massagem, quando ela está sendo feita pelas primeiras vezes, é comum que seja possível usar somente um dedo, até que a musculatura seja trabalhada e possa ser estendida.

    ATENÇÃO:
    • Evite mexer no ou abrir o orifício da uretra (logo acima da vagina) para evitar infecções urinárias
    • Não faça massagens no períneo se você tiver lesões ativas de herpes (isso pode causar o aumento da área das lesões).
    • Você pode começar essas massagens em torno da 34a semana de gravidez. Se você já passou da 34a semana e ainda não começou, não desista! A massagem pode trazer-lhe benefícios ainda assim. Você pode fazê-la pelo menos uma vez por dia.
    • Lembre-se que a massagem sozinha não vai proteger seu períneo, mas ela é parte de um grande esquema. Escolher uma posição vertical para parir (de cócoras, de joelhos, sentada etc.) favorece a distribuição de pressão no períneo. Se você escolher parir deitada de lado, isso também reduz muito a pressão no períneo. Deitada de costas, totalmente na horizontal, é a posição para parir em que há mais chances de se provocar lacerações e necessidade de episiotomia.

     

    Exercícios para o Assoalho Pélvico

    Fonte: Women's Health Library. Em: Fique amiga dela: dicas para entender a linguagem de suas partes mimosas; Simone G. Diniz - São Paulo: Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, 2003. 32p. Obtido em: http://www.mulheres.org.br/fiqueamigadela

    Como fazer os exercícios e manter uma vagina poderosa 

    Esses são, esquematicamente, os músculos que compõem o que chamamos de "o oito do assoalho pélvico"...


    Para localizar os músculos do assoalho pélvico faça o seguinte: 

    • Tente parar o fluxo de urina quando você estiver sentada na privada. Se você conseguir, está usando os músculos certos.Não se preocupe se não consegue parar a urina no começo. À medida que você vai fazendo os exercícios, eles vão ficando mais fortes.
    • Imagine que você está tentando evitar de soltar gases. Aperte os músculos que você usaria.
    • Deite-se e coloque um dedo dentro da vagina quando contrai a vagina ou segura a urina. Sinta a contração do músculo para conferir que está contraindo o lugar certo. 
    Tente não apertar outros músculos ao mesmo tempo. Muitas vezes, contraímos os músculos da perna ou da barriga, ou mesmo prendemos a respiração. 

    Agora que você já sabe como contrair, vamos aos exercícios básicos. 

    Para começar, você pode fazer em casa, em sua cama, etc. Mas quando você se acostuma, pode fazer em qualquer posição ou lugar: enquanto espera numa fila, no seu trajeto de ônibus, parada no trânsito, enquanto ouve música, durante a transa, enfim, use sua imaginação. 

    Exercício número 1 - contração e relaxamento básicos 
    • Deite-se de costas, de lado, ou de bruços, com as pernas e o peito relaxados. Imagine o "oito" do assoalho pélvico. Faça uma contração e sinta os esfíncteres ficando mais apertados e as passagens internas (vagina, uretra, ânus) mais fechadas. Relaxe.
    • Concentre-se no esfíncter da frente, o que fecha a vagina e a uretra.
    • Coloque a ponta dos dedos em cima do osso da púbis (mais ou menos onde começam os pêlos, indo da barriga para a vulva) e contraia bem forte a vagina. Dá para sentir a contração nos seus dedos também, pois o osso se move do lugar dele. Conte até cinco e relaxe. Repita 10 vezes.
    • À medida que você vai ficando mais forte nessa área, vá aumentando as repetições. O ideal é chegar a 50 vezes, três vezes ao dia.

    Exercício número 2 - o elevador 
    • Coloque-se em uma posição confortável. Imagine que você está subindo em um elevador. À medida em que você sobe os andares, tente imaginar os músculos cada vez mais contraídos, sem perder a contração que vai se acumulando. Quando estiver bem contraído, vá descendo os "andares" aos poucos, até relaxar completamente os músculos.
    • Sempre termine o exercício com uma contração.

    Nesses exercícios, a qualidade é tão importante quanto a quantidade. 

    E o bom é que esses exercícios podem ser feitos durante praticamente qualquer atividade, e ninguém precisa saber que você está se exercitando.


      *Fonte: INFO Brasília


    Texto retirado daqui
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

    MundoBrasileiro