segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MOONLIGHT BEETHOVEN FOR BABY

Para nossos bebês!!! LINDO!

 

Compartilhando- Desabafo de um obstetra

"Quero, antes de tudo, manifestar meu apoio ao colega Marcos Augusto Bastos Dias. E repudiar a hipocrisia, não apenas do CRM-RJ, mas de todos os CRM's Brasil afora. Nessa disputa envolvendo assistencia ao trabalho de parto e nascimento, não existe nenhuma pureza dentro dos conselhos. Os augustos, quase divinos conselheiros - encastelados em sua ética parcial - não estão assim tão interessados nos sujeitos principais do parto: a mulher, o bebê, a família. Estão ali para proteger o poder e os privilégios da categoria que representam - importantíssima, sim, mas nem por isso proprietária da fisiologia humana. Fazem uma balbúrdia quando se trata de compartilhar a assistência com outra categoria - obstetrizes e enfermeiros obstetras - e outros modelos de assistência - ainda que comprovadamente eficazes e seguros em vários outros países do mundo. Mas se calam, ou se acomodam em inúmeras outras situações, flagrantemente ilegais, absurdamente anti-éticas, ou explícitamente desumanas... 

1) Um médico, obstetra, professor-doutor, tutor de residência (talvez conselheiro em seu estado) que chega no plantão da maternidade, onde mulheres foram ganhar seus bebês, e assim se pronuncia: "Como está o nosso Vietnã? Nossa Faixa de Gaza!!" Porque ele vai para o plantão como quem vai para uma guerra; as parturientes e seus familiares são o inimigo a ser vencido; ele está ali para matar ou morrer; para arrancar sangue; para dominar, para impor seu ponto de vista. Sua postura e suas condutas frente às mulheres, no decorrer do dia, são um desdobramento de seu "carinhoso" bom dia. Nossas maternidades estão aborrotadas de profissionais desse tipo, que vão trabalhar sem gostar do que fazem, e que descontam suas raivas nas mulheres que vão lá parir. O que os CRM's fizeram daquele estudo que mostra que cerca de 25% das mulheres são violentadas dentro das maternidades, na hora do parto? O que tem feito nossos CRM's, tão "preocupados" com a ética, contra médicos obstetra, anestesistas, pediatras (não todos, claro - mas muitos, muitos!!), que sistematicamente agridem mulheres nas mesas de cirurgia - principalmente quando são negras, obesas e pobres? Tem levantado a voz, pelo menos? Alguém foi punido, por isso? Ou isso é tão inerente à prática, que não vale a pena discutir?

2) E as cesarianas eletivas com 37 e 38 semanas, nas melhores maternidades do país - naquelas com imensos saguões de granito e manobrista? O que tem sido feito com esses profissionais, geralmente gente muito fina! profissionais muito conceituados em suas cidades e seus estados! o que tem sido feito com os profissionais que indicam e executam essas cesarianas? não sei de onde sai tanta indicação: o líquido secou, o nenê não estava respirando, o cordão estava enrolado no pescoço, o nenê era muito grande, HbsAg +, estreptococus B positivo (essa é de rir - ou chorar!). Porque a mentira foi normalizada em nossos pré-natais. A mentira e a arte de aterrorizar. Há uns meses, minha irmã me ligou de Maceió, onde mora, desesperada. Estava com 39 semanas de gestação, já tivera um parto normal anterior e aguardava tranquilamente o trabalho de parto. Mas "inventou" de fazer um ultra-som; a ultrassonografista falou que tinha que ser cesariana porque o cordão estava enrolado no pescoço. Falei para ela que ficasse tranquila; quatro dias depois nasceu o bebê, com uma circular de cordão, em perfeitas condições. Quantas outras mulheres não tiveram a sorte de ter quem as tranquilizasse? e quantas outras "excelentes" ultrassonografistas, pelo Brasil afora, não fazem outras tantas brilhantes indicações como esta? Isso não configura um quadro de imperícia? Isso não é anti-ético? O que os CRM's tem feito nestas situações? Alguém foi chamado, pelo menos para uma advertência? E quando algum desses bebês afoitamente retirado com 37 semanas (porque o fim de semana, ou o feriado prolongado estava próximo, ou porque havia um risco iminente de nascimento por parto normal), por "azar", teve uma membrana hialina, ou uma taquipnéia mais severa, e teve que ir para uma UTI neonatal, e teve que ficar entubado lá, um ou dois dias, alguém questionou a conduta desse profissional de condutas tão ilibadas? Será que os diretores clínicos das nossas maternidades privadas investigam esses casos? No final, mãe e bebê e família retornam muito felizes para suas casas... Intercorrências benignas, não é!Ainda agradecem o profissional, que "salvou" o bebê. É verdade que, às vezes não dá prá salvar... Os CRM investigam isso? Ou isso também é intercorrência benigna?

3) Existe maternidade pública no Brasil, onde o médico plantonista não avalia puérpera na enfermaria, porque na enfermaria não tem ar condicionado - ninguém merece aquele calor, né gente!. Levem os prontuários para eles, no conforto médico, onde o ar condicionado mantém uma temperatura civilizada - 18-20 graus, né gente! Por outro lado, ar condicionado de bloco cirúrgico-obstétrico tem que ser 16 graus, né gente! Para vestir capote cirúrgico, tem que abaixar a temperatura. "Senão, não dá para trabalhar!" A paciente (mãezinha, ou filhinha), de camisola, ou despida, que se vire! Ninguém pergunta se a temperatura está adequada para ela. Alguém se preocupa com isso? Ah! sim, claro, o pediatra, quando que o bebê nasce...

4) E as cesarianas para ligadura!! A lei do planejamento familiar já está bem velhinha! Mas até hoje tem mulher com dois ou três partos normais que entra na maternidade às 9:00 e às 10:30 é levada para o bloco cirúrgico para uma cesariana de urgência por sofrimento fetal agudo (com BCF de 140), ou distócia (distócia? teve tempo de ter distócia?), e na cesariana "ganha" a ligadura... Ou entra na maternidade com diagnóstico de pre-eclâmpsia (com PA de 150/100) e é encaminhada direto para o bloco, para cesariana de urgência + ligadura. Curiosamente, todas as outras medidas de PA situam-se em torno de 100/70; mais curioso ainda, a única medida anormal foi a medida da admissão, tomada pelo médico; curiosíssimo: talvez ele nem tenham colocado o esfigmomanômetro no braço da gestante... Como é mesmo o nome disso? Não entendo muito de lei! Falsidade ideológica? Será que cabe aqui? A Lei de Planejamento Familiar estabelece algumas penas... Tem algum CRM no Brasil preocupado com essa prática? Comuníssima ainda nos grotões... Claro, ainda tem o cachê do médico: mil reais prá fazer a ligadura...

5) E os "esquemas" de plantão? Tem três pediatras de plantão. Na prática, só tem um, porque eles rodam. "Tem que contratar mais pediatra" fala uma pediatra absolutamente sobrecarregada, "porque não estou dando conta do serviço!". Os outros dois estão nos seus consultórios... / "Não dá para fazer analgesia peridual nas pacientes em trabalho de parto, porque não tem gente suficiente" fala o anestesista de plantão. O outro anestesista, também de plantão, não está... (onde está?). E assim, por diante... Cadê os CRM's?? Cadê os nobres conselheiros?

6) "Período de dilatação, prá mim, dura 6 horas; período expulsivo, 30 minutos. Mais que isso, é cesariana" Ou Kristeller. Porque, depois que vai para a litotomia, tem que nascer em 15 minutos. “Isso! Cuidado mãe! (ela subindo na litotomia) Vamo buta o pezinho aqui mãe, pro menino nascer rápido! Força para o menino sair taqui. Mãe, presta atenção, tá fazendo errado. Peraí!! Puxa isso aqui. Vamo butá o campo. Vai nascer! Agora mãe, quando vier a dor, é prá você ajudá. Puxa, tá certo, na hora da dor. Puxa.! Tá descendo? Força, confiança. Fecha a boca. Vai mãe vamo, vamo vai vai vai mãezinha, vai, vai. Ela tá muito desesperada (não aguento) Oh m~e, presta atenção. Vc tá com desespero, mas sem necessidade (mas dói demais) (eu tô tentando). Aquela hora achei que ia nascer lá (gemidos). Bota o pezinho, isso. Ajuda mãe! Ajuda aí. Vai força, vai força, puxa o ferro. Vai mãe, vai mãe, espreme, tá vindo, tá nascendo. Vá mãe, vá, VAI. Força!!! (oh gente!) (tá dando agonia) Presta atenção, mãe, presta atenção, vamo lá (Oh meu deus) Desça o bumbum, desça, desça mais. Vá mãezinha, isso! Muito bem (Ah meu deus). Desce na contração, sobe. (Oh gente!) (OH senhor) Tá chegando, vamo mãe, bota o pezinho prá cima e puxa o ferro, vamo vai va va va maezinha, empurra o pé. Vá mãe vá. É que as contrações dela são poucas. (doi demais gente) Força, vá, força, va (grito). (gente!) respira, puxa o ar pelo nariz (não aguento mais não). (meu pai!) (não não) Empurra, vá vai nascer. Vamos vamos (grito) Você tá segurando. Não mae tenha calma, deixa descer mais. Força Raimunda, vá. Vamos raimunda. Não devagar, de uma vez só. Sobe ela. Tô dexando rodar. Nasceu pronto. Respire mamãe. Nasceu! pronto " Essa gritaria toda durou quinze minutos. De fato nasceu. Tinha que nascer em 15 minutos? O BCF estava ótimo e a parturiente tinha dois partos normais prévios. Essa é a assistência padrão de período expulsivo no país inteiro.

E o que os CRM's fazem, então com esse bullying sistemático nos períodos expulsivos das mulheres brasileiras (na hora de fazer você não gritou assim), com essa gritaria (parece que estamos tocando vaca!), com esse estímulo irracional ao puxo dirigido (Será que ninguém nunca viu o que o Caldeiro-Barcia já havia mostrado em 1979?), com essas multidões penduradas nos períneos das mulheres (Força, mãezinha!)? Claro que os CRM's não fazem nada... . A fazer algo, teriam que reconhecer que MÉDICO(a) OBSTETRA NÃO SABE ASSISTIR UM PARTO NORMAL EUTÓCICO. Mas isso é demais... Porque na sequencia teriam que reconhecer que outros profissionais - não médicos, e uns poucos médicos - sabem o que eles não sabem; e que tem muito a aprender com esses outros. E que talvez as CASAS DE PARTO possam ser locais mais adequados para o nascimento, e que a obstetriz e o enfermeiro obstetra, são tão capazes quanto eles na assistência ao parto. E isso eles não parecem dispostos a fazer. 

Isso é um desabafo, absolutamente pessoal...

Edson Borges de Souza
Médico Obstetra - Belo Horizonte"

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Relato do Pai - VBA3C


Minha amiga Alê, gravida de seu segundo filho, havia pedido ajuda para encontrar relatos de parto sob a vista paterna. Sendo assim, me surgiu a ideia de postar os relatos que eu encontrasse, que não são muitos os disponíveis aqui no blog do grupo e no meu, A Doula Nutri. Aproveito e peço aos pais que leem o blog, que se quiserem me mandem o relato do nascimento do filho, ou filha. Desta forma, mais pais vão ter consciência de dar apoio as esposas é FUNDAMENTAL! E que não é loucura optarmos por parir nossos filhos naturalmente. Enfrentem os médicos e familiares pela saúde e bem estar destas 2 pessoas, que vocês amam tanto! Se informem junto com elas, questionem junto com elas!!
Quero agradecer a Larissa, por ter permitido a divulgação do relato do marido aqui no blog!
__________________________________________________________

**** Esse relato foi escrito pelo Rafael poucos dias depois do nascimento do Francisco****

Relatar a experiência sublime do nascimento de um filho é uma tarefa no mínimo desafiadora.  Para que seja possível expressar parte do que senti é necessário voltar alguns anos no tempo, e aí vai:
Desde muito cedo, 12 ou 13 anos, casar, ter minha casa, carro e muitos filhos. Tendo esse objetivo em mente sempre me preocupei em reconhecer o memento certo e a pessoa certa com a qual realizaria meus sonhos familiares.  Aos 21 anos conhecia a Larissa.  Por incrível que pareça, foi fácil reconhecer naquela moça a mulher da minha vida.  Não me pergunte como, eu só sabia.  Aqui começa a história dos “meus partos”.  Começa antes mesmo de nos casarmos.  Luiza (12) na época tinha 4 anos, linda, esperta e muito carinhosa, me surpreendeu quando em uma das vezes que saímos, perguntou se poderia me chamar de pai.  Lembro da alegria que senti e do amor que explodiu no meu coração naquele momento, um amor incondicional, sem espaço para mantê-lo dentro de mim. Abracei a Lu e disse que sim.  Era tudo o que eu queria ouvir.  Um “parto do coração”, meu primeiro, lindo e emocionante.
Nos casamos e poucos meses depois estávamos grávidos.  Nem tudo são flores na vida de casado.  Foi uma gravidez difícil entre as mudanças de humor e não saber o que esperar no próximo minuto.  Mais uma vez se sobressaiu o amor que temos um pelo outro.  Embora houvesse o esboço de uma idéia de parto normal, lembro do comentário que sempre fazíamos: “Prato normal! Normal mesmo é fazer cesárea, ter um filho sem ter que sentir toda aquela dor, por tantas horas!”.  Realmente o parto do Henrique (6) foi um parto rápido e lindo.  Dra Gisele foi quem o trouxe ao mundo, tive o privilégio de assistir, meu coração mais uma vez encheu-se de amor.  Olhei para o Henrique e para a Larissa e agradeci a Deus pela família que estávamos aos poucos formando, cheia de amor e carinho.  Foi lindo, meu segundo parto, cesárea.
Depois de 4 anos, indo contra muitas pessoas, decidimos engravidar e assim foi.  Uma gravidez bem mais fácil quanto ao que esperar, as mudanças repentinas de humor foram melhor compreendidas, mas os desconfortos físicos, dores e até paralisia facial foram desafios superados juntos.  Aquela idéia de parto normal deixou de ser somente uma idéia.  Vi minha esposa procurar informações, estudar e compreender os benefícios de um parto natural.  E ela entendeu direitinho!  Não lembro exatamente quando ela me contou sua idéia de um parto normal domiciliar.  Lembro bem do quê pensei: parto normal?  Em casa?  Parteira?  Doula?  Ai, ai, ai...  Que medo eu tive!
Não foi muito difícil me convencer da idéia.  Difícil foi engolir o custo de tudo isso.  Embora tivéssemos convênio, nenhum médico de convênio faria um parto normal depois de duas cesáreas, muito menos em casa.  Foram meses frustrantes, procuramos uma parteira.  Embora o custo dela não fosse tão alto, não tínhamos um centavo.  Embora pudéssemos pagar em parcelas “suavemente”, não tínhamos tido coragem de propor uma forma de pagamento.  Vi o entusiasmo dela se apagar e levar junto o meu.  Embora tivesse sido um momento frustrante, estávamos felizes.  Dr. Osmar foi quem trouxe nosso Pietro (2) ao mundo.  Mais uma vez assisti o parto, mais uma vez foi rápido, muito rápido, porém dessa vez pude cortar o cordão.  Foi uma experiência muito legal.  O Pietro era lindo e estava bem.  Nossa família crescendo e feliz!  Foi assim meu 3º parto, cesárea, eu cortei o cordão.
Mais um ano e meio se passou e antes da  concepção de nosso próximo filho, concebemos a convicção de que seria um parto normal.  Deixou de ser uma idéia, um desejo, um plano.  Passou a ser “O Plano”.  Vi a Lá buscar por alguém que tivesse disposição de entrar no barco conosco, e por incrível que pareça foi um desafio encontrar alguém (mesmo entre os adeptos à idéia) que topasse, depois de três cesáreas fazer um parto normal, agora já não precisava ser necessariamente domiciliar.  Aliás, depois dos riscos que disseram que correríamos, era melhor um parto normal hospitalar.  Ainda assim, encontrar alguém disposto a fazê-lo, não foi fácil.  Com 17 semanas a busca começou.  Depois de várias situações, conversas frustrantes e desencorajamento, ao contrário do que esperávamos, às 36 semanas não havia nada decidido.  Nossa situação financeira não era tão diferente de 2 anos atrás quando tivemos o Pietro.  As pessoas das quais esperávamos apoio, haviam pulado do barco antes mesmo de subir nele, talvez tenham achado a capitã muito frágil, talvez a convicção do marinheiro e a confiança em sua capitã não tenham sido o bastante.  Ou mesmo a idéia de entrar num barco com uma tempestade anunciada tenha sido assustador.  “e se algo ruim acontecer?”, “e se o seu bebê morrer, mãe, o que a senhora vai fazer?”. Tantos E SEs, foram dias de tempestade antes de nos lançarmos ao mar, uma viagem obrigatória, não havia outra alternativa.  Foi quando vi minha moça decidir que teria um parto normal no Hospital Geral P, isso mesmo, um hospital público, contando como um amigo falou “uma mentirinha que Deus perdoa”. Iríamos para o hospital quando as contrações estivessem uniformes, 14 por hora, e diríamos que era nosso 4º filho.  O histórico dos partos seria de 2 normais e o último cesárea.  Decisão  tomada, coração um pouco menos apertado, um pouco menos aflito e muito mais confiante, embora ainda temeroso.
Trinta e nove semanas e 4 dias, estava no trabalho quando a Lá me ligou dando risada: “a bolsa estourou!”.  Os risos foram por que aconteceu quando o técnico da máquina de lavar estava em casa.  Imagino a Lá tentando disfarçar enquanto procurava uma brecha para verificar se estava tudo bem e se limpar.  Sabia que nossa viagem havia começado.  Estávamos sozinhos na jornada.  Não fiquei nervoso, aos olhos dos outros estava até calmo demais. Quando cheguei em casa tudo estava bem.  As contrações estavam ficando mais próximas, as crianças bagunçando como sempre, jantamos pizza, pusemos os menores para dormir.  As contrações já estavam mais fortes, estava na hora de irmos para o hospital.   A Lá foi no banco de trás gritando com o rosto enfiado na cadeirinha do Pietro a cada contração.  Brigando para que eu dirigisse mais devagar, embora estivesse a 30km/h em ruas livres em que poderia andar a 60km/h.  Chegamos ao hospital, um rápido ping-pong  de uma para outra portaria, em pouco tempo estávamos em frente ao consultório ginecológico.  A cada contração uma rápida sessão de massagem no coxci. Quando entramos na sala e a médica examinou a Lá descobrimos que ela estava com apenas um centímetro de dilatação.  Percebemos que seria um trabalho de parto longo.  A Lá ficou surpresa e sua primeira frase foi “Não acredito!  Tanta dor por tão pouco.”.  Pensei “A noite vai ser longa”.  A Lá foi encaminhada para uma sala onde a colocaram no soro sem ocitocina, como ela pediu.  Foi o único momento em que pediram que eu ficasse fora da sala.  Foi muito difícil.  Sabia que ela estava com dor e queria estar perto, mesmo que não pudesse fazer nada além de estender a mão cada vez que as contrações viessem (como a Lá disse, “aquelas das boas”).  Nesse momento percebi que não havíamos entrado no barco sozinhos.  Estávamos na tempestade, mas não à deriva.  Nosso Pai Celestial estava conosco e estava mandando seus anjos para nos orientar e ajudar.  Enquanto estava lá fora, aflito por não estar perto da Lá, uma enfermeira se aproximou e disse que eu deveria entra e ficar perto da minha esposa.  As enfermeiras haviam me dito para esperar do lado de fora, ela porém disse que eu deveria entrar e que falaria com as outras. Fui ficar com a Lá e pude novamente estender a mão e acariciar seu rosto. Chegamos ao hospital pouco antes das 22 horas.  Uma hora e meia depois a bolsa de soro estava vazia e fomos encaminhados para a sala de cardiotoco, onde conhecemos mais um anjo do Senhor, a Bel.  Acho que esse foi o momento mais difícil para nós dois.  Estávamos sozinhos na sala que era bem pequena, a cada contração a Lá gritava cada vez mais alto, sei que estava doendo tanto que ela falou várias vezes em desistir, em fazer uma cesárea, pediu várias vezes que eu chamasse a enfermeira, a médica, queria e queria acabar com o sofrimento.  Lembro de incentivá-la a se manter firme, que tudo estava correndo bem.  Tentava lembrá-la de respirar fundo e prestar atenção aos movimentos de nosso bebê.  Orei pedindo que o Senhor amenizasse sua dor e nos desse forças para ir em frente.  Terminado o exame voltamos para o consultório e a médica nos informou depois de examinar a Lá que a dilatação estava em 3 cm.  Mais uma vez a Lá se desesperou.  Mais uma vez “tanto por tão pouco”.  Mais uma vez eu procurei ajudá-la com palavras repletas de esperança, “tudo vai dar certo”.  Mais uma vez o pedido de cesárea e mais uma vez a médica num ato de firmeza e ao mesmo tempo apoio, disse que ninguém faria cesárea nela.  Lembrou-a que já tinha tido 2 partos normais e perguntou se ela tinha esquecido.Nos entreolhamos e sorrimos afinal “já tínhamos tido dois partos normais”.  Me dei conta de que não havia mais volta, nessa viagem não havia como retroceder.  Orei novamente para que tivéssemos forças.  Ouvi a Bel conversando com a médica que disse ser hora de transferir a Lá para outro hospital, pois não havia leito disponível.  Mais uma vez, por seu anjo o Senhor mostrou estar do nosso lado.  A Bel recusou-se em fazer a transferência, disse que eles tinham leito sim, que a dilatação da Lá estava evoluindo muito bem e que a levaria para o Centro de Parto.  A médica concordou desde que a Bel assumisse a responsabilidade e assim foi. Enquanto a levava, a Bel pediu que eu fosse buscar a etiqueta de acompanhante e então subisse para ficar ao lado da Lá.  Eu até acreditei que seria fácil assim.  Quando cheguei no balcão e informei o que queria soube que teria que esperar até que fosse feita a internação no Centro de Parto para depois preencher os papéis necessários e então ser liberado para subir. Embora não estivesse confortável com a situação, decidi esperar pacientemente.  Mais uma vez orei por paciência, orei para que a Lá estivesse bem, para que o Senhor a confortasse.  Senti que o Senhor estava próximo de nós quando vi a Bel e ela perguntou o que eu estava fazendo lá ainda.  Contei o que havia acontecido e ela rapidamente providenciou a etiqueta de acompanhante dizendo que minha esposa precisava da minha companhia, que eu devia subir e ficar ao seu lado.  Agradeci ao Senhor pelas respostas rápidas às minhas preces.  Quando cheguei ao quarto ela estava na cama.  Aprecei-me para ficar ao seu lado.  As contrações estavam cada vez mais fortes.  Ela apertava minha mão e eu a dela tentando dar apoio.  Por muitas vezes sorrimos e entre os sorrisos uma piadinha ou outra.  Seu corpo estava trabalhando atendendo aos seus pedidos de que nosso bebê nascesse logo. Ela gritou que queria cesárea, gritou que estava ardendo, disse estar cansada, pediu que chamasse alguém, que as dores e a ardência passasse, pediu que o Senhor estivesse ao seu lado, que não a deixasse e em todos esses momentos pedi que o Senhor estivesse conosco, que tudo corresse bem, que o Senhor os deixasse viver, que os “E SEs” não acontecessem.
Pensei várias vezes que tudo que estava acontecendo, fomos nós quem quisemos e me perguntei se tudo acabaria bem.  Seria muita felicidade se tudo desse certo, se tudo corresse bem.  Será que merecíamos tanta felicidade? Orei para que esse sentimento passasse e para que tudo ficasse bem. Prometi que se o Senhor ficasse do nosso lado eu estaria do lado Dele para sempre.  Me segurei para não chorar tentando passar uma imagem forte e confiante.  Por muitas vezes senti o Senhor nos consolar, um sentimento de paz, as palavras da mãe da garota que estava em trabalho de parto do nosso lado “depois que você tiver seu bebê toda dor vai passar, nasceu acabou”. Entre uma contração e outra, agora mais próximas, olhava para minha moça, aquela pela qual me apaixonei há 8 anos, tornando-se mulher, mãe, de uma forma diferente do que havia visto, uma força de vontade incrível.  A convicção do que queria confiante.  Minha admiração chegou em um ponto que nunca achei ser possível, meu amor e compreensão do milagre da vida.  Pedi a Deus que tudo corresse bem e nos deixasse compartilhar a vida juntos.  Outras contrações vieram.  Procurei estar ao seu lado da forma que pude. 
Dos 6 cm de dilatação aos 10 tudo foi tão rápido quanto intenso.  Numa das contrações chamei a enfermeira Karla que veio logo e nos disse que se a Lá fizesse força na próxima contração ela faria o parto.  Foi um momento de muita emoção, nosso bebê estava perto.  A contração veio e eu a vi fazendo força como nunca havia visto.  Era nosso bebê, que embora estivesse trabalhando e fazendo sua parte para nascer, precisava muito de ajuda para nascer.  A cada força eu, por pura empatia, fazia força junto, procurava incentivá-la com palavras de apoio e lembrá-la de respirar.  O cansaço era nítido entre as contrações, mas quando a enfermeira me chamou e mostrou o topo da cabeça do nosso bebê a emoção tomou conta de mim.  Lembro de dizer que faltava muito pouco, que ele precisava de mais uma força.  A Lá disse que não ia conseguir, porém mais uma vez eu tentei incentivar “Força!  Tá acabando, só mais uma, ele precisa da sua ajuda”, e junto com ela, juntos até o fim, fizemos a ultima força, a derradeira.  Assim que saiu a cabeça, a Karla puxou-o e aí sim, nasceu nosso Francisco.  Lindo!  A emoção que senti não tem explicação. Olhei para minha mulher aliviada, cansada, feliz e agradeci à Deus por ela ter conseguido, sua persistência, vontade, força e amor.  Os primeiros cuidados foram dados ao Francisco e logo ele veio ficar ao nosso lado.  Ele é lindo, tudo foi lindo.  Agradeço à Deus por tudo ter dado certo.Assim foi NOSSO quarto parto, Francisco, parto normal, Larissa foi quem o trouxe ao mundo.  A realização de um sonho mostrando que tudo é possível àquele que crê, tudo é possível em quem nos fortalece.

Lá, eu te amo.  Obrigado por me deixar fazer parte da sua vida, vê-la junco com o Francisco e Nosso Pai Celestial operarem o milagre da vida, o nosso pequeno milagre.  Te admiro por tudo o que você é e por me deixar ser ao seu lado o pai de nossos filhos, cada um tão especial quanto o outro, amados e queridos para esta vida e para toda a eternidade.


Rafa

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quanto tempo o bebê deve sugar em cada mama? - por Grasielly Mariano


Foto do blog


É uma pena que, em dias onde é possível se beneficiar de um imenso movimento pró-aleitamento materno, ainda há profissionais de saúde que orientam mamadas limitadas. A grande maioria das mamães sabe muito pouco sobre a prática da amamentação e, por este motivo, acaba seguindo sugestões de médicos, enfermeiros e outras pessoas que se dispõem a ajudar. Não estou julgando as mamães e sei que, por vezes, este é o mínimo que se pode fazer. Já vivenciei (e ainda estou vivenciando) uma situação como esta com a minha filha, por conta de suas muitas alergias. Estou julgando alguns profissionais de saúde pela falta de interesse de buscar informações em livros e artigos científicos, os quais existem para que tenhamos contato com os mais novos achados acerca de qualquer área, diagnósticos, tecnologias, intervenções, etc. Estou julgando alguns gestores de grandes maternidades por não incentivarem, e coordenarem, a reciclagem de profissionais que atuam diretamente na assistência à gestante e nutriz. Estou julgando aqueles que marginalizam a amamentação durante os dias em que o binômio mãe-bebê permanece internado. Julgo algumas enfermeiras obstetras que nem ao menos sabem avaliar/orientar a “pega” do bebê, incitando dificuldades que podem se estender por dias e favorecer o desmame precoce. Não surpreende o fato de existir tantas mamães sofrendo com o manejo da amamentação.
Não sou perfeita – longe de mim demonstrar prepotência - mas fundamento meu trabalho nas evidências científicas. A palavra JULGAR pode não soar bem, mas tem apenas a intenção de alertar para a necessidade de mais algumas modificações em favor do aleitamento materno. Não seria excelente se todas as gestantes recebessem informações adequadas sobre amamentação durante toda a gravidez? E se as primeiras mamadas do bebê fossem não apenas orientadas, mas principalmente acompanhadas? Você tem idéia de quantos problemas poderíamos prevenir apenas com estas duas ações? 
As mamadas devem acontecer em livre demanda (sempre que o bebê quiser) e pelo tempo que o bebê quiser. O leite materno tem composição diferente em uma mesma mamada, a saber:
1ª fase – O leite é mais “aguado”, transparente e tem maior concentração de água para que possa saciar a sede do bebê.  
2ª fase – O leite começa a ter uma aparência mais esbranquiçada e há predominância de proteínas, necessárias para o desenvolvimento do organismo do bebê
3ª fase – O leite é mais “forte”, branco e há predominância de gordura, necessária para a saciedade e ganho de peso. 
Na tentativa de tornar a explicação mais didática, alguns profissionais falam em leite anterior (1ª e 2ª fase) eo leite posterior (3ª fase), como mostra a imagem retirada do http://amamentartudodebom.blogspot.com . 

Sabendo disso, e lembrando que cada bebê tem seu próprio padrão de sucção, me responda: Como é que você sabe que o seu bebê vai mamar as três fases em 15 minutos? Algumas pacientes deixam a maternidade orientadas a oferecer cada mama por 15 minutos, tendo como consequência:
1-      O bebê pode não ter ganho de peso satisfatório;
2-      O bebê pode querer mamar com mais frequência – a cada 30 minutos, por exemplo;
3-      O bebê pode terminar a mamada e se mostrar saciado;
4-      O bebê faz pouco xixi;
5-      A coloração das fezes não acompanha os padrões de normalidade;
6-      Pelo aumento da demanda as mamas podem ganhar algumas lesões;
7-      Bebê parece sempre estar com fome e irritado – A pega pode não ser perfeita quando o bebê está estressado;
8-      Por não esvaziar completamente as mamas, a produção de leite pode ficar comprometida – hipogalactia;
9-      Não esgotar as mamas favorece o aparecimento de problemas como ingurgitamento e bloqueio de ductos;
10-    Outros problemas físicos e emocionais...
Neste sentido mamãe, deixe o bebê sugar o tempo que ele desejar, até que se sinta saciado. Você vai sentir sua mama mais flácida, diferente de quando o bebê começou a mamar. Mesmo que ele tenha parado de sugar, ofereça a outra mama e inicie a próxima mamada pela que ele sugou por último, para garantir que o bebê recebaas três fases completas, em todas as mamadas.
Esqueça o relógio, curta a amamentação, preste atenção na dinâmica entre você e seu bebê...estude as respostas de seu próprio corpo para os estímulos da sucção. Mais uma vez, eu grito: VÁ EM BUSCA DE INFORMAÇÃO , ESTUDE!...E, então, esteja pronta para ponderar tudo que escuta e lê. 

Grasielly Mariano – Enfermeira e Consultora em Amamentação
Disponibilizado no facebook aqui

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BOICOTE A DOULAS por Ana Cristina Duarte

Já muito me entristecia quando eu sabia de médicos e/ou enfermeiras obstetras que desencorajavam "suas" gestantes de contratarem uma doula para seus partos, com as mais variadas desculpas.

Porém recentemente mais uma Casa de Parto se juntou ao time das instituições que pretensamente oferecem "Parto Humanizado", mas que aboliram a presença de doulas. Em geral as falas são as mesmas: "elas fazem coisas que não podem", "elas abusam", "elas discutem com os médicos/as enfermeiras". Em vez de formalizar essas reclamações para as próprias doulas, em vez de promover uma discussão saudável sobre o que se entendeu por violação das regras, a decisão sempre é a mais fácil: proibamos as doulas!

Aqui em São Paulo isso já aconteceu, e eu senti na pele na época em que eu era doula. Apesar de nunca ter feito um único procedimento, várias vezes fui acusada (não formalmente, mas por recados) de fazer exames de toque (e sem luvas!!!), de trancar gestantes no banheiro para fazer o parto, de "não deixar" o médico fazer procedimentos, enfim, uma infinidade de "crimes" os quais nunca havia cometido (eu tenho uma inteligência razoável para saber quais são os meus limites). As histórias que chegavam aos meus ouvidos, protagonizadas pela minha personagem, eram fantásticas! Irritantemente fantásticas.

Em outra Casa de Parto de outra cidade a justificativa da proibição de doulas particulares (mesmo que não pagas, mesmo que não estivessem cobrando) foi que poderia significar "dupla cobrança" ou seja, a casa é do SUS, não pode aceitar a entrada de um profissional pago, que já está sendo oferecido pelo governo.
Bom,
- primeiro que o governo não paga as poucas doulas voluntárias, então não seria exatamente uma "dupla cobrança",
- segundo que não existem doulas voluntárias para todas as mulheres,
- terceiro que a equipe médica e de enfermagem não faz o trabalho da doula,
- quarto que na prática, a doula voluntária atende principalmente a equipe, não os interesses das mulheres,
- quinto que todos os estudos mostram que os melhores resultados com doulas são as que são contratadas pela mulher e que não fazem parte da institução.

O mais curioso dessa "proibição de doulas", é que são sempre elas a serem proibidas quando algo supostamente foi feito errado. Médicos cometem erros, mas não proíbem médicos em hospitais, não é mesmo? Enfermeiras pisam na bola, mas não acabam proibidas de trabalhar nas Casas de Parto. Maridos eventualmente extrapolam, mas a lei é clara, e eles não podem mais ser proibidos ao lado de suas esposas.

A proibição das doulas nas Casas de Parto vai contra qualquer discurso de humanização. Aliás qualquer tipo de cerceamento da liberdade das mulheres vai contra o movimento de recuperação do protagonismo pelas mulheres. A gente já sabe o que há por trás. As doulas são as profissionais que defendem o desejo da mulher, são as que percebem as violações aos acordos, são as que denunciam maus tratos, são as que se queixam com a chefia. Doulas lembram que a gestante não queria episiotomia, quando o profissional ergue o busturi. Doulas perguntam se precisa mesmo ficar deitada de pernas amarradas. Doulas falam e perguntam. Doulas incomodam mesmo. Doulas atrapalham mesmo.

A outra questão que gera a proibição de doulas em algumas instituções é puramente financeira. Quando uma vez liguei para a gerente de uma famosa maternidade de São Paulo me identificando como "gestante que queria levar uma doula", ela me perguntou quanto eu iria pagar para a minha doula. Dei um valor X e ela disse: por X eu posso te conseguir uma enfermeira aqui da nossa maternidade para te acompanhar durante todo o trabalho de parto. Carece mais explicação?

Enquanto as mulheres tolerarem esses abusos e decisões silenciosamente e não escreverem cartas de protesto, não apresentarem denúncias formais, quem vai decidir o futuro delas, com ou sem doulas, continuarão sendo os mesmos personagens de sempre que simplesmente decidirão por eles mesmos o que é melhor para todas as mulheres. É o dever de cada cidadã dizer: Eu vou levar minha doula, e se eu não posso, quero isso por escrito, pois vou à imprensa, à secretaria de saúde, ao ministro, à presidenta!

O mesmo vale para o acompanhante de escolha, obviamente! Que as mulheres percebam e exijam seus direitos.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Entrevista- O gauche do parto humanizado no Rio Grande do Sul


Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Cláudia Rodrigues
Especial para o Sul21

Autor de Memórias de um Homem de Vidro – Reminiscências de um Obstetra Humanista, já na 3ª edição, esse obstetra gaúcho é o único médico em Porto Alegre que assiste partos domiciliares. Respeitado internacionalmente por grandes nomes da humanização, como Michel Odent, Robbie Davis-Floyd e Debra Pascali-Bonaro, ele dá cursos e palestras em Portugal, Uruguai, México e nas capitais brasileiras que estão à frente do movimento pela humanização do parto e do nascimento.
Filho de um funcionário da CEEE e de uma funcionária da GE que deixou de trabalhar para formar família, Ricardo Herbert Jones nasceu em novembro de 1959 no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A família Jones chegou a morar em São Leopoldo para facilitar o trajeto do pai, que trabalhava nessa cidade, mas voltou para Porto Alegre quando Ricardo estava com 6 anos. Foi criado no bairro Menino Deus no tempo em que as pessoas colocavam cadeiras na calçada nos finais de tarde de verão. Atravessava a praça para ir à Escola Estadual Presidente Roosevelt, andava solto, sem medo de nada. Um de seus maiores prazeres era sentir o cheiro da comida que a própria mãe estava a preparar quando ele voltava do colégio. O último ano do 2º grau acumulou com o cursinho pré-vestibular Mauá e não deu outra: entrou na já disputada medicina da UFRGS em 1977, aos 17 anos.
Sul21 – Os cursos de medicina têm fama de serem divertidos, ainda que se estude muito os estudantes saem, tem as patotas, como todos os cursos. Como foi essa fase para o Sr.?
Ricardo Jones – Não tive isso, fui pai aos 22 anos e adorei descobrir a paternidade tão cedo. Para mim a faculdade era uma referência profissional, de formação e já no segundo ano eu estava trabalhando, fazia muitos plantões. Nunca fui de festas, políticas, o tempo em que não estava estudando e trabalhando, ficava em casa, eu era pai, sempre brinquei muito com meus filhos. Apesar de a paternidade ter surgido em minha vida de forma prematura, eu jamais me senti prejudicado por esta extemporaneidade. Ser pai muito jovem foi o grande estímulo que tive para me dedicar à minha grande paixão: o trabalho com o feminino e o nascimento humano, os meus filhos foram o motor do meu crescimento.
Sul21 – Os teus filhos nasceram de parto normal…
Ricardo Jones - Sim, os dois, Lucas nasceu em 1982 e Isabel em 1985, ambos de parto normal, isso não era uma questão, nunca imaginamos, Zeza e eu, uma cesariana. A opção pelo parto normal, na época, não estava relacionada com um ativismo consciente, mas apenas com a ideia de que “essa era a forma normal de ter um filho”. Temo que os pais que estão tendo seus filhos hoje sofram com uma imagem pervertida dessa situação: o “normal” passa a ser planejar uma grande cirurgia abdominal para a extração de um bebê. E isso me parece uma tragédia, visto que é um modelo estético-cultural que favorece instituições e corporações, mas que sacrifica o bem estar de mães e bebês.
Clique aqui para ler a matéria completa!


Retirado daqui

domingo, 22 de janeiro de 2012

Estudo: Parto domiciliar com parteira é tão seguro quanto parto hospitalar.


Tradução livre feita por mim (Priscila Rezende) da reportagem que está aqui.

Por Amanda Gardner, HealthDay

Ter seu bebê em casa com uma parteira profissional (certificada) é tão seguro quando um convencional parto hospitalar
Na verdade, partos domiciliares planejados desse tipo podem ter uma menor taxa de complicações, diz estudo publicado dia 15 de Setembro pelo CMAJ (Canadian Medical Association Journal).
Mesmo que o estudo tenha sido realizado no Canadá, onde o trabalho das obstetrizes são mais aceitos do que em outros países, os resultados podem contribuir para a controvérsa discussão que há nos Estados Unidos e em outros lugares.
A Universidade Americana de Obstetrícia e Ginecologia é contra os partos domiciliares, assim como certas organizações existentes na Austrália e na Nova Zelândia. Mais organizações na Grã-Bretanha são favoráveis e as províncias canadenses estão em transição para esse modelo de assistência obstétrica prestado por parteiras, diz estudo de autoria de Patricia Janssen, diretora do programa de mestrado em Saúde Pública da Universidade de British Columbia.
Janssen, uma enfermeira que tem treinamento para atuar como parteira porém sem não tem certificação, diz: "As pessoas que atuam como parteiras independentes não têm sua atuação necessariamente regulamentada (nos Estados Unidos) dependendo do Estado no qual você estiver, então talvez não haja garantia de que elas tenham treinamento em nível adequado ou um diploma ou algo do tipo. E elas talvez não sejam monitoradas e regulamentadas por uma Universidade.
A controvérsia resultou em uma falta de regulamentação clara e requisitos de licenciamento nos Estados Unidos, disse o Dr. Marjorie Greenfield, professor associado de obstetrícia e ginecologia dos Hospitais de Caso University Medical Center, em Cleveland.
De acordo com Greenfield, a Associação Nacional de Parteiras Profissionais Certificadas possui um processo de certificação, mas muitos Estados não reconhecem isso. Se você é uma mulher que quer ter um parto domiciliar, como você determina se essa pessoa tem as qualificações apropriadas?" ela disse.
Os autores do novo estudo comparou três grupos diferentes de nascimentos planejados em British Columbia desde o início de 2000 até o final de 2004: partos domiciliares assistidos por parteiras (parteiras são registradas no Canadá), partos hospitalares assistidos pelo mesmo grupo de parteiras registradas e partos hospitalares assistidos por médicos. No total, o estudo incluiu cerca de 13.000 nascimentos.

A taxa de mortalidade por 1.000 nascimentos foi de:
  • 0,35 no grupo de partos domiciliares;
  • 0,57 nos partos hospitalares assistidos por parteiras;
  • 0,64 entre aqueles assistidos por médicos,

de acordo com o estudo.

Mulheres que pariram em casa foram as menos propensas a precisar de intervenções ou a ter problemas como laceração perineal ou hemorragia. Esses bebês também foram os menos propensos a precisar de oxigênio ou ressuscitação, segundo o estudo.
Os autores reconhecem que "auto-seleção" poderia ter distorcido os resultados do estudo, em que as mulheres que preferem partos em casa tendem a ser mais saudáveis e de outra forma mais aptas a terem um parto domiciliar.
Janssem disse que espera que "este artigo irá ter um grande impacto nos Estados Unidos". Mas há o definitivo estabelecimento do preconceito contra os partos domiciliares. E a questão é emocionalmente carregada.
"Há um problema político e econômico sobre como controlar o local no qual o parto acontece, mas há também uma crença profunda pelos médicos de que não é seguro ter seu bebê em casa", disse Greenfield."Médicos vêem apenas os pacientes de partos domiciliares que têm alguma complicação, mas não vêem os bebês lindos e fabulosos em casa que podem amamentar melhor ou que tem menos infecções hospitalares. Pode haver benefícios médicos", acrescentou.
"A prática das parteiras (obstetrícia) precisa ser regulamentada. Não pode ser sob radar, porque assim seria perigoso", Greenfield disse. "Tem que haver um processo de regulamentação e um processo de licenciamento (para proteger) as mulheres que escolherão o parto domiciliar de qualquer maneira."

Petição Pública Brasil - O abaixo-assinado foi assinado com sucesso.

Petição Pública Brasil - O abaixo-assinado foi assinado com sucesso. "pelo direito da Gestante ser acompanhada por uma doula durante o trabalho de parto, parto e pós parto em qualquer hospital brasileiro."

sábado, 21 de janeiro de 2012

Cuidar da mãe no pós parto é essencial!

Achei muito importante este texto da Priscila Castanho. Como massoterapeuta formada, acredito no poder e benefício do toque, e no bem estar que uma massagem bem feita proporciona. Amei as fotos colocadas e da possibilidade da mulher receber uma boa massagem junto com seu bebê.
_____________________________________________________________________

Durante toda a gravidez a mãe recebe diversos tipos de cuidados e auxilio. E quando chega o bebê, a mãe que foi cuidada é agora uma cuidadora em tempo integral.
O pós parto é um momento intenso e muito especial, durante 24 horas a mãe é solicitada pelas necessidade básicas do bebê, seu corpo esta em fase de adaptação hormonal, esta se acostumando a dormir poucas horas, a ficar em um estado de alerta permanente, enfim a mulher se encontra em uma realidade nunca vivida, mesmo sendo segundo ou terceiro filho, um recém nascido sempre solicita a mãe e o corpo desta mãe fica com pouca energia e vitalidade.
Por todos estes motivos é sempre recomendado descanso sempre que possível, um boa alimentação e a ingestão de muito liquido. E mesmo seguindo estas recomendações, o cansaço e a felicidade se misturam em um turbilhão de sentimentos e emoções.
A massagem é uma excelente ferramenta para nutrir esta mulher nesta fase tão importante da vida. Através dos benefícios fornecidos pela massagem a mãe consegue cuidar de si, sem deixar de cuidar de seu bebê, que pode ficar ao seu lado ou ser amamentado durante todo o atendimento.
Benefícios da massagem no pós parto:
* Promove o relaxamento profundo;
* Equilibra energeticamente;
* Diminui dores na coluna nas regiões: sacral, lombar e cervical;
* Conexão mãe e bebê;

* Aumento da circulação sanguínea;
* Fortalecimento do sistema imunológico;
* Diminui a ansiedade;
* Previne e auxilia durante o processo de depressão;
"A massagem aumenta os níveis de serotonina, dopamina, encefalinas e endorfinas no corpo e com isso, há redução da irritabilidade, modulação do ciclo sono/vigília, regulação do humor, aumento da auto-estima e diminuição de processos dolorosos". (FRITZ, Sandy. Fundamentos da massagem terapêutica. 2. ed. Barueri, SP: Ed. Manole, 2002.

A massagem é uma linguagem não verbal, que promove momentos de prazer, conexão e acolhimento através do toque.
Experimente a sensação de receber uma massagem com seu bebê sempre por perto.
Vc pode vivenciar a maternidade de modo integral, com tranquilidade e harmonia.
Ligue e agende um horário para ser atendida no conforto do seu lar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Não existe leite materno fraco, afirma professora de nutrição

Entrevista com minha professora de faculdade, Márcia Regina Vitolo!! Ela desenvolveu uma pesquisa utilizando os 10 passos e fala dos resultados. Adoro ela!!

google imagem
Márcia Regina Vitolo, da UFCSPA, ganhou destaque nacional com pesquisa sobre amamentação

Por Guilherme Mazui  |  guilherme.mazui@zerohora.com.br

Um trabalho realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Nutrição da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) teve reconhecimento nacional com o Prêmio Saúde na categoria Saúde da Criança, concedido pela revista homônima, da Editora Abril.

A equipe da professora Márcia Regina Vitolo avaliou o impacto da implementação de um manual do Ministério da Saúde com 10 passos para uma alimentação saudável, voltado a crianças menores de dois anos.

O grupo levou as informações a pediatras e a outros profissionais, em 32 unidades de saúde da Capital, nas quais o número de crianças que se alimenta só de leite materno até quatro meses de vida aumentou em 15%.

O caderno Meu Filho, de Zero Hora, conversou com Márcia sobre o assunto. Confira a entrevista:

Meu Filho — Quais são as principais dicas do manual?
Márcia Regina Vitolo — Amamentar a criança só com leite materno até o sexto mês de vida — enfatiza-se muito que não é necessário dar chá e água, mesmo durante o verão. Ao iniciar a comidinha, ela deve ser composta por carne, além dos cereais e verduras, que não devem ser liquidificados, mas só amassados para que o bebê aprenda a mastigar. Não oferecer açúcar, biscoitos doces, gelatina, refrigerante, salgadinho, chocolate, café ou qualquer outro alimento rico em gordura ou açúcar para a criança com até dois anos.

MF — São dicas fáceis de se aplicar em casa?
Márcia — Muito fáceis, pois o bebê não tem autonomia para buscar seus próprios alimentos. É responsabilidade dos pais ou cuidadores oferecer alimentos saudáveis, especialmente nos primeiros anos de vida da criança, quando as preferências alimentares são estabelecidas.

MF — Em que os pais costumam errar na alimentação dos bebês?
Márcia — Um erro que se observa com frequência é a mãe achar que seu leite é fraco ou não sustenta o bebê. Assim, acaba utilizando outros leites. Não existe leite fraco, e a mãe pode melhorar a técnica de amamentação deixando a criança esvaziar o peito em cada mamada, já que o leite com mais energia e gordura sai no final da mamada. Isso faz com que a criança sinta-se mais satisfeita e possa se alimentar em intervalos maiores.

MF — O estudo também trata sobre o açúcar na alimentação das crianças?
Márcia — O que mais nos preocupa atualmente é a enorme frequência de famílias que oferecem para os bebês alimentos com açúcar, muita gordura ou muito sal. Esses alimentos não devem ser oferecidos pelo menos até os dois anos. A oferta de sucos, mesmo os naturais, nos intervalos das refeições é desnecessária e muitas vezes prejudicial, fazendo com o que o bebê perca a fome nas refeições.

MF — Que benefícios foram constatados na pesquisa?
Márcia — Nas unidades em que os profissionais da saúde passaram pelo programa de atualização, observamos em média um aumento de 15% nas crianças amamentadas exclusivamente com leite materno até os quatro meses. Ainda houve uma redução de 33% no risco de bebês de seis a nove meses receberem refrigerante, chocolate e salgadinho.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quando a demora pode ser fatal !


Estudo demonstra como falhas no atendimento
obstétrico podem causar mortes de mães



São recorrentes nos noticiários das TVs os casos em que mulheres grávidas acometidas de complicações morrem por falta de assistência em tempo hábil ou até por não chegarem a ser atendidas. Meio milhão de mortes maternas ocorre no mundo anualmente entre gravidez, parto e puerpério - período que sucede ao parto. A grande maioria delas em países em desenvolvimento. Embora essas mortes possam ser evitadas, as causas das complicações que as originaram não são previsíveis. A maior parte das complicações que podem levar a óbitos ocorre em proporções semelhantes nos mais diversos contextos socioeconômicos, mesmo naqueles em que a educação é adequada, o pré-natal cumpre rotinas corretas e que contam com bom suporte nutricional. As complicações não discriminam países ricos ou pobres. O que determina então a gritante diferença entre os índices de mortalidade materna quando comparados países de menor e de maior desenvolvimento? Os indicadores de mortalidade materna se mostram extremamente sensíveis a dois fatores: cuidados obstétricos adequados e, talvez mais importantes, à presteza com que são aplicados.
Estes dois principais indicadores levaram, em 1990, à adoção de um modelo teórico denominado três demoras, Three delays model, com o objetivo de estudar as causas das mortes maternas desde o início das complicações até o óbito. O modelo considera os fatores que interferem na busca pelo cuidado adequado e que podem contribuir para as chances de sobrevivência. Esses fatores são compartimentados em três fases: demora na decisão da mulher e/ou da família em procurar cuidados; demora de chegar a uma unidade de cuidados adequados de saúde; demora em receber os cuidados adequados na instituição de referência.
Com base nesse modelo, Rodolfo de Carvalho Pacagnella, obstetra e professor da Universidade Federal de São Carlos, desenvolveu estudo que permitiu determinar essas demoras no atendimento obstétrico como uma das principais causas de óbito das mães. O trabalho foi orientado no sentido de aprofundar o referencial teórico sobre o tema e avaliar a associação entre demoras na obtenção de cuidados obstétricos adequados e diferentes desfechos maternos segundo o modelo three delays. Com efeito, os pesquisadores constataram que a utilização desse modelo, que antes se atinha às pacientes que morriam, passa a ser estendido para o universo das sobreviventes a partir do conceito de near-miss materno, constituindo uma alternativa ao conceito de mortalidade materna.
O autor da pesquisa explica que esse novo conceito se debruça sobre o estudo dos casos de complicações que potencialmente poderiam ter levado à morte, que não se concretizou devido a intervenções ou cuidados. São os casos que ele chama de “quase morte”. O conceito near-miss materno, que estuda as sobreviventes, permite uma análise mais acurada porque se aplica a um universo que, além de muito maior, é constituído por pessoas que podem ser contatadas. A aplicação exclusiva do modelo “three delays”, conforme concebido, levaria apenas ao estudo dos casos de óbitos, que além de bem menores, inviabilizam verificações diretas com as vítimas. A tese de doutorado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, foi orientada pelo professor titular de obstetrícia José Guilherme Cecatti.
Modelo e conceito
Para a medida de saúde de uma maneira geral são utilizados alguns índices, como mortalidade infantil no caso de crianças. Para a saúde materna se utilizavam até muito recentemente os índices de mortalidade materna durante gravidez, parto e puerpério. Apesar de importante para diferenciar o desenvolvimento de diferentes países, a mortalidade nesses períodos é relativamente pequena e os números minimizam o problema. Então os profissionais envolvidos com saúde materna e a OMS procuraram entender o problema de maneira mais ampla, de modo a caracterizar um indicador que pudesse refletir com consistência as complicações que ocorrem nos três períodos e que permitisse discriminar países em vários graus de desenvolvimento.
Rodolfo conta que, em um universo de mais de 82 mil partos investigados, 9.555 mulheres apresentaram complicações graves. Dentre estas, 8.645 constituíram casos com complicações consideradas potencialmente ameaçadoras à vida; 770 referem-se a situações com complicações que levaram à falência de órgãos (near miss materno); e 140 delas morreram. Com base em dados sobre demoras ele comparou as ocorrências nesses vários grupos, fato inédito na literatura. Estas comparações o levaram a concluir que as demoras mais significativas ocorreram com as mulheres que chegaram a óbito.
E essas demoras puderam ser localizadas na própria paciente, no sistema de saúde, no hospital, no médico ou profissional de saúde. “Embora isso pareça óbvio, nunca tinha sido antes determinado de maneira sistemática, através de dados concretos, de forma a confirmar os pressupostos de partida: mais demoras, mais mortes”, afirma ele. Para o pesquisador os problemas mais graves decorrem da demora do hospital em ministrar os cuidados adequados. Ademais, emergem também as demoras relacionadas à organização dos serviços de saúde, ao transporte e à comunicação entres os vários níveis de assistência quanto à transferência das pacientes. Os dados mostram que cerca de 40% das pacientes pesquisadas enfrentaram algum tipo de demora. Esse índice sobe para 52% nas mulheres que apresentaram alguma complicação grave. As vítimas de complicações mais graves, que quase levaram à morte, passaram por algum tipo de demora em uma das três fases propostas pelo modelo three delays. E entre as que morreram, 84% enfrentaram pelo menos alguma demora, o que mostra claramente a associação entre demora e evolução da complicação.

Adequação
Rodolfo considera o conceito das três demoras extremamente importante e atual nos trabalhos envolvendo morte materna, principalmente quando associado ao conceito de near-miss, que amplia e dinamiza sua utilização. Para ele, o estudo mostra a adequação do conceito à realidade e sua viabilidade. Dele conclui que quanto maior o número de demoras, mais graves as complicações maternas, especialmente se essa demora ocorrer em nível terciário, ou seja, no local em que a mulher deveria receber o cuidado adequado, que lhe permite a sobrevivência.
A expectativa do professor Cecatti é a de que o estudo leve inicialmente algumas regiões do país a organizar um sistema de vigilância epidemiológica em relação ao atendimento da mulher, semelhante ao que existe nos centros mais desenvolvidos. Constata que a região de Campinas, face à estrutura de que dispõe, caminha célere para isso. Ele defende enfaticamente que cada local que possua unidade hospitalar com atendimento para grávidas tenha pessoal treinado e claramente identificado com os critérios da OMS. “É o que vai permitir identificar casos graves, de forma que diagnosticado o problema a paciente possa ser encaminhada e receber assistência necessária. É a única maneira de testar o alcance dos modelos conceituais que estamos aplicando. Sem dúvida nenhuma, para a redução da mortalidade materna não basta um pré-natal bem feito se não existir um sistema organizado. É para sua consolidação que nossa pesquisa quer contribuir”.
Para Rodolfo, o modelo three delays constitui um importante referencial teórico para o estudo dos casos de near-miss materno e a análise de demoras na assistência obstétrica nesses casos pode fornecer dados precisos sobre as determinantes da mortalidade materna. A frequência de demoras na assistência obstétrica está diretamente relacionada ao pior desfecho materno e são significativamente mais prevalentes entres os casos classificados como de near-miss materno ou de óbitos.
Quanto às pacientes, os dados mostram ainda que se associam positivamente à prevalência de demoras no recebimento do cuidado obstétrico idade da gestante, gestação precoce, cor não branca, baixa escolaridade, antecedentes de aborto e internação pelo SUS.
..............................................................
■ Publicação
Tese: “Morbidade materna grave: explorando o papel das demoras no cuidado obstétrico”
Autor: Rodolfo de Carvalho Pacagnella
Orientador: José Guilherme Cecatti
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
..............................................................

Retirado daqui
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

MundoBrasileiro