O Grande Dia...
Bem, meu parto começou a ser planejado antes mesmo da gravidez... Na
verdade, nunca havia parado pra pensar seriamente sobre o assunto, até que
minha irmã Clarissa teve sua primeira filha por parto normal (com direito a
episiotomia, ocitocina, posição ginecológica e por aí vai...) na época isso nos
pareceu bom, porém ela sentiu que havia algo errado e que poderia ter outra
forma de nascer melhor. O seu segundo filho, nosso Kaio, nasceu de um parto
natural, sem nenhuma intervenção médica, uma benção! Após muita pesquisa e
informação ela me trouxe o conceito de parto humanizado (que na minha cabeça só
poderia ser através do parto vaginal). Fui atrás e descobri que a humanização
diz respeito à forma de nascer e não quanto à via de nascimento em si. Depois
de quase 2 anos de tentativas tive finalmente meu “positivo” nas mãos! Então
começou a saga... Minha GO estava de licença maternidade, consegui consulta com
a Dra Ana Codesso (uma das poucas disposta a esperar por um trabalho de parto
sem intervenções) pra dali 4 meses, enquanto isso, fui acompanhando com outra
GO, que após a primeira glicemia em jejum me encaminhou para uma endócrino, que
por sua vez me diagnosticou com diabetes gestacional...( Aliás, muito questionável
por mim e pela Dra Ana posteriormente) mas fui acompanhando. Pronto! A primeira
coisa que escutei foi: “se teu bebê não nascer até 39 semanas terá que fazer
cesárea”... Por um momento meu mundo parou... Mas voltou a girar quando na
primeira consulta a Dra Ana me disse: “faremos uma cesárea se houver
indicação... E diabetes não é uma delas!”. Então agora era me preparar pro
grande dia, conheci a Doula Analu (novamente minha irmã me orientou) que me
apoiou em todo o processo e foi fundamental pro meu desfecho. A gravidez foi tranquila,
fiz uso de insulina, com 29 semanas tive algumas contrações doloridas que
cessaram com uns dias de repouso... Alguma coisa me dizia que ela viria um
pouquinho antes... Minha data prevista era 20/07/15 (quando questionada eu
sempre dizia: pode ser 2 semanas antes ou depois, justamente pra evitar aquele
tipo de perguntas: mas vai esperar? E se passar da hora?). Então, com 34 semanas
eu tinha uma leve dor em baixo ventre e 1 dedo de dilatação, fiquei feliz, aquele
papo de que mulher não dilata não ia rolar comigo! Parei de trabalhar e fui
orientada a fazer repouso (o que não segui bem a risca), me sentia bem, fomos
viajar e caminhei um pouco além da conta, então com 36 semanas e 2 dias, no dia
de São João, em 24/06/2015, as 02:45 h, senti um líquido escorrer e pensei: não
to segurando o xixi... ao ir no banheiro vi que não era urina e sim líquido amniótico!
Chamei meu marido do banheiro com “amor minha bolsa estourou”, em 1 segundo ele
estava na porta do banheiro sorrindo e disse” é hoje que nós vamos conhecer a
Lavínia”. Me bateu um misto de medo e alegria, afinal, ainda faltava quase um
mês! Era uma madrugada fria, tomei um banho e voltamos pra cama (sim! Voltamos
pra cama, só me restava esperar as contrações antes de acordar médica, doula,
vovó, dindas). As 05:35 veio a primeira... Durou poucos segundos e não era
aquela dor que eu imaginava... As 06:05 veio outra, pensei: mas de 30 em 30
já... Liguei pra médica que me disse: menininha com 36 semanas quando o
trabalho de parto engrenar vem, fica tranquila que ela está pronta! Então
avisamos a doula e ligamos pra vovó e dindas! Doula Analu chegou aqui em casa
por volta das 09:00 (ainda estava de 30 em 30, sem ritmo certo, sem doer
muito), após 2 horas de massagens, exercício na bola e orações, minhas
contrações foram pra de 15/15 e 10/10 e 7/7 quase como um milagre, liguei pra Dra
Ana que disse: pode ir pro hospital que estou indo. Saí de casa com contrações
de 4/4, não acreditava que estava indo tão rápido assim, no carro elas passaram
pra de 1/1 minuto e achei que ia parir ali mesmo. Analu me deu muita força,
segurava minha mão e me tranquilizava dizendo que ia dar tempo... Não lembro de
ter escutado a voz do Gui durante todo o caminho, só me lembro do trânsito... E
da dor! Quando chegamos no hospital (as 11:50h, enquanto o Guilherme foi
estacionar e fazer a papelada eu fui encaminhada ao CO. Eu já não conseguia
caminhar, minha roupa estava molhada e eu gritava a cada contração, não
conseguia mais controlar a dor... Me entreguei de vez). Nunca vou esquecer a
forma como fui recebida por minha médica... Passou a mão no meu rosto, beijou
minha testa, e disse: vamos conhecer teu bebê, pode gritar se tiver dor, esse é
o teu momento. Lembro de alguém da equipe perguntando se o acompanhante seria a
doula ou o marido (sim! Só é permitido um acompanhante – o plano era a doula e
perto da hora de nascer o Gui entraria). Após o exame físico a médica falou:
dilatação completa, faz força que ela vem! Pedi pra chamarem o Guilherme e
fiquei com medo que ele não chegasse a tempo. Então a dor parou, uma das
técnicas perguntou se eu tinha recebido analgesia... Eu não queria intervenções
a menos que necessário. Nunca me senti tão abençoada na
vida... Como meu trabalho de parto evoluiu tão rápido? Por alguns instantes eu
achei que não ia conseguir mas o Gui me disse: faz força amor já estou vendo os
cabelinhos... Então as 13:10h a Lavínia nasceu... Perfeita, chorando a plenos
pulmões. Veio direto pro meu colo, com os olhinhos arregalados e com a mãozinha
segurando minha camisola!! Eu chorava e agradecia, ficamos assim até o cordão
parar de pulsar, então foi cortado pelo pai! Após uns 30 minutos levaram ela
para os “procedimentos”, só pedi que ela não recebesse o banho, e assim foi,
minha filha ficou com o vérnix por 24 horas e por isso não fez hipoglicemia nem
precisou de suplemento.. Senti o cheiro do meu líquido amniótico por 24 horas ao
cheirá-la! Me senti poderosa, uma fêmea com seu filhote, simples assim!