quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Relato do parto de minha menina Sofia

a data esta errada era dia 01/01/2010

   Decidi engravidar quando meu filho completou 2 anos de idade. Os dois cresceriam juntos e meu filho já estava pedindo um irmão. Nossa situação financeira não é das melhores, mas da para passear de vez enquando... Parei com a pílula e então, 4 meses depois tive a confirmação de que um bebê estava a caminho.
    A gestação da Sofia foi diferente da gestação do Bernardo. A do Bê foi tranquila, não enjoei, nem vomitos ou náuseas, inchei pouco. No da Fifi foi o contrário, tive tudo isso e mais uma pouco, passei bem mal nos 4 primeiros meses. Não me lembro bem quando, a data precisa, mas tive depressão durante a gravidez (li que pode ter sido pela minha Depressão Pós Parto, depois que ganhei o Bê de cesárea), e desenvolvi fobia social, não queria ver ninguém. Fiz tratamento com psiquiatra e melhorei rápido.
    A obstetra que me acompanhou nesta gestação, era a mesma que fez a cesárea do Bê. Por que fiquei com ela? Por medo, insegurança... onde moro é dificil e, não queria ir para outra cidade consultar, afinal de contas ela me tratava bem ( estava com medo). Conversei muito com a Dr.ª J ( estava mil vezes mais informada) e disse que não abriria mão de ter meu parto normal, que sabia dos "riscos" por causa da cesárea anterior, mas que era o meu desejo. A dr.ª disse que tudo bem, que poderíamos "tentar" (fujam dos médicos que dizem esta palavra), que se ela não crescer muito e eu tivesse "boas" contrações, teria meu parto normal (não gostei do que ela falou, mas o medo de cair em mãos mais cruéis, me calou).
   Passei a gestação torcendo para que minha bebê não crescesse muito, e estava feliz com minhas  "falsas" contrações (contrações de Braxton Hicks), que começaram desde a 24ª semana, e além disso, Fifi havia encaixado com 35 semanas. Teria o MEU parto... pariria minha filha! Nesta época, ainda fui ver o GO da minha comadre, mas acabei não mudando, por medo, mas ele parecia compreensivo e atencioso, me disse que se precisasse era só entrar em contato. Mais para o fim da gestação Sofia havia ganho muito peso (segundo a Dra.), mesmo assim ela não falava em cesárea (mas pensava). Meu colo continuava grosso, posterior, sem dilatação.
   Com 40 semanas (nas contas da GO estava com 40 semanas, depois vi que não estava) fui ao hospital fazer um MAP, ver se Fifi estava bem, se tinha contrações "boas". Não tive muitas contrações no tempo do exame, Dr.ª J me explicou todo o gráfico e me disse que esperaria até as 41 semanas, para eu entrar em TP (minha DPP era 24/12/2010...férias, festas...), senão seria césarea. Veio com um papo todo compreensivo de que não era para me culpar, que algumas mulheres não entram em trabalho de parto mesmo...blá,blá,blá.
   O que fiz? Fiquei arrasada, pois no meu intimo sabia que pariria minha filha! Mas acreditei nela... Dr.ª J marcou a cesárea para quarta, dia 30/01/2010, no plantão dela claro! Depois ela iria para a praia... Resolvi antecipar a cesárea para o dia 28/12, assim meu marido ficaria comigo toda a semana (fiquei num misto de impotência e revolta, e quase me ceguei para o que acontecia). Mas algo me dizia para não desistir, e que tinha que me "livrar" desta GO para ter meu parto. Pensei que era direito da minha filha escolher quando queria nascer. E ela ainda não estava pronta!
   Marquei uma Eco no dia 28/12 (segunda), por conta própria e descobri que Fifi estava com 3 kg , mais ou menos, não com 3,5 kg, como Drª disse, nas 39 semanas de gestação. Minha ficha caiu! Liguei para o Dr. M e expliquei tudo, ele disse para nos encontrarmos no outro dia (terça) no CO do hospital para conversarmos. No mesmo dia fui tomar um passe com minha amiga médium (sou espírita), fiz pedido para Bezerra e, tive a confirmação de minhas suspeitas. Na terça pela manhã conversei com a Drª J, liguei umas três vezes até conseguir dizer que iria até as 42 semanas, que mudaria de GO, pois não tinha garantia de que ela estaria presente no parto (nessa hora saiu um peso de mim...como se tivessem me libertado de algo...me devolvido a Vida). O que ela me disse? " Bem que tu faz querida... é melhor assim... quem vai te assistir?...ah estas em ótimas mãos... depois me trás a "polaquinha" para eu conhecer... boa sorte querida!"... Isso mesmo!! Foi isso que ela me disse, na maior cara de pau! Nesta hora percebi o quão desnecessária foi a minha cesárea... fiquei com muita raiva.
   Neste mesmo dia (29/12) à noite fui ao hospital ver o Dr. M. Conversamos rapidamente, me disse que eu ia completar 41 semanas, daqui a 3 dias (ai que raiva), isso mesmo ela iria antecipar a cesárea! Que poderíamos esperar até 44 semanas se eu quisesse, que era só fazer o MAP de dois em dois dias, para ver se nós duas estávamos indo bem. Fiquei radiante! Ele me alertou sobre os riscos de ruptura uterina e que não poderia induzir o parto, se eu não entrasse em TP expontaneamente. Com medo do médico ser outro "falso santo" (cesárea), perguntei da possibilidade de colocar um pouco de hormônio para manter as contrações, e ele me disse que só com quadro muito favorável, e seria muito em pouca quantidade. Me disse também, que não faria cesárea se eu estivesse evoluindo bem (por não aguentar o TP e tals), que ele não ficaria horas ao meu lado pra depois terminar em cesárea. Me avisou que doeria bastante ( como ele tem tanta certeza?), e falei que não queria anestesia (foi só o que consegui combinar com ele neste dia pois CO tava uma loucura). Fiz o MAP antes de ir... Sofia estava ótima e minhas contrações surgiram novamente.Sai confiante do hospital.
    De madrugada, sentia contrações a cada 30 minutos, mas não eram fortes. Pela manhã fui ao banheiro, e ao me limpar vi que havia saido parte do tampão. Chamei meu marido e contei a novidade. Fui fazendo o MAP a cada dois dias, o tampão ia saindo aos poucos, minhas contrações vinham de hora em hora, até 30 minutos. Minha filha estava a caminho! No dia 02/01 saiu o resto do tampão. Dia 03/12 tinha o MAP novamente, e falei para o Dr.M que sentia uma dor que ia do útero para as costas e depois voltava, e vinha a cada 30 minutos, ele resolveu fazer um toque, estava com 1 cm de dilatação! Vibrei internamente. Dr.M fez o descolamento de membrana, não protestei porque ia pedir mesmo ( medo da cesárea). Me deu um exame mais detalhado para fazer, mas me disse que provavelmente voltaria de madrugada, pois minha bebê estava encaixada e baixa ( nem me dei conta que a hora estava chegando).
   Depois que sai do hospital, senti que as contrações haviam apertado. Quando vinha uma, eu me concentrava nela, respirava fundo e esperava passar (instintivamente). Contei para meu marido e avisei minha mãe, pois ela teria que ficar com o Bê. Cheguei em casa as 23:30, as contrações vinham a cada 20 minutos. Comi, tomei um banho morno, demorado, que me aliviava bastante as dores ( que estavam em 6 numa escala de 10). Me deitei para ver se descansava, meu marido ficou acordado comigo. Pela 00:30 o quadro mudou, a dor aumentou para 7 e, as contrações vinham de 15 em 20 minutos, de 20 em 10, de 10 em 8, de 8 em 15, de 15 em 3, e assim iam, bem loucas! Pelas 3hs meu marido ligou para o Dr. M, que já estava no hospital, dizendo que iamos para lá ( mentiu dizendo que as contrações estavam de 5-5 minutos, rsrsrs), para meu marido já estava na hora, eu não acreditava, não tinha caído a ficha... achei que voltaria para casa!
   Tomei uma banho morno antes de sair, fiquei lá uns 20 minutos, que água boa, me aliviava muito. Toda vez que vinha a contração, eu me acocorava e pedia massagem para meu marido. Minha mãe chegou em casa e, então saímos. No carro, cada buraco na estrada, era um coice em mim...que dor! Dei entrada no CO às 03:30, um médico plantonista veio me avaliar, e me perguntou se eu já não tinha estado lá um pouco antes, disse que sim, e ele ainda brincou, que se estava com um dedo de dilatação antes, estaria com dois agora, blá, blá, blá... Mas parou de fazer gracinha quando  fez o toque... estranhei. Eis que surge meu GO na salinha (nisso o plantonista já estava fazendo minha ficha de internação, eu nem me dei conta do que acontecia!) e pergunta como eu estava, o medico respondeu... 4 para 5 dedos de dilatação! Quase caí dura! Fiquei feliz da vida, mas era surreal!
   Me mandaram fazer raspagem de pêlo e enema (na hora nem me importei, hoje me arrependo, é desconfortável, não tem necessidade) . Depois tomei outro banho e aproveitei a água morna. Pelas 5:30 Dr.M fez um toque e eu estava com 6 dedos de dilatação. Me perguntou se eu queria o hormônio, e eu confirmei que sim , até porque minhas contrações continuavam loucas (fiquei apreensiva mas o medo da cesárea era maior... claro que hoje me arrependo).
  Beto ficou o tempo todo comigo, me fazia massagem, que me aliviava bastante, me dava muito carinho. Mas depois do hormônio não me deixaram caminhar, nem me mexer (trocou o turno também do hospital, e parece que ninguém olha prontuário!!). As contrações se intensificaram, me rendi ao remedinho para dor... Estava alucinada, as contrações vinham uma atras da outra e, pelas 6:30 estava com 7 dedos de dilatação. Pedi para as enfermeiras tirarem o soro, pois minha contrações se regularizaram, mas elas se recusaram, (nem sabiam que havia hormônio, estas toupeiras!). Decidiram perguntar ao médico, e ele que confirmou que tinha posto, mas mesmo assim não retiraram. As contrações vinham uma atrás da outra (a dor era a mesma), mas não dava tempo para me recuperar delas, e então a bolsa estourou.... Fui para partolândia de jatinho supersônico!!! Nesta hora comecei a pedir anestesia, mas Dr. M me enrolou, já estava quase ganhando. Gritei, gente, gritei mesmo! Hormônio é horrível...é cavalar...Numa dessas meu corpo se dobrou pela força da contração (me sujei ... enema... muito desagradável), depois outra...não tinha como não vocalizar nessa hora, e nem me importei também!
   A enfermeira veio me perguntar se eu estava com vontade de fazer força. Força??? Sim...era isso que queria fazer! Voltei "a mim"...  A enfermeira chamou meu médico. Dr. M pediu que fizesse uma força para "ver" como estávamos, mas mal fiz força ele mandou parar. Saiu pelo corredor chamando as "meninas", para que arrumassem a sala de parto. Quando me levantei para ir para a sala foi que me dei conta da situação, rsrsrs. Minha filha estava nascendo por mim, pelo meu corpo, pelo meu trabalho...apesar de algumas coisas chatas... Um medo subito me veio, mas logo foi embora. Pedi para que enclinascem a maca, pois não iria parir deitada, de jeito algum! Protestara mas inclinaram! Dr. M me explicou o que eu teria que fazer e tals. Fiz uma força,mas não estava mais sentindo as contrações, e parece que li que pode acontecer, devido ao hormônio sintético. O médico me disse que eu nem estava tentando fazer força...Afff! Fiquei brava... e pensei "não passei o último mês descobrindo qual os músculos que deveria utilizar, para depois me dizerem que estava errado!".  Como não sentia as contrações, enchi o peito de ar e fiz força nos músculos pélvicos... mas nisso a #@$%#@&*** da enfermeira fez a manobra de Kristeller (com risco de matar a mim e minha filha). Mal senti a cabeça passando, plof! Dr. M havia feito a episio sem me perguntar...  Legal, né?! Aff! Depois vi o médico desenrolando o cordão do pescoço (acho que foram duas voltas) e disse para eu fazer mais força. Sofia nasceu, berrando, não chorando! Estava brava a minha princesa! Nasceu às 7:54 da manhã dia 04/01/2010, pesando 3755g e medindo 51 cm, apgar 9 e 10. Estava realizada!! O médico não perguntou se meu marido queria cortar o cordão e, a pediatra do hospital não me deu ela. Foram aspirar não sei o quê, nem sei porquê, já que ela nasce urrando (ui que ódio!). Enfiaram aquele cano umas 30 vezes nela. Depois me deram ela por alguns momentos (segundos) e, levaram para os procedimentos (colírio, vacina de vitamina K injetável).  Deram banho nela... embaixo de um chuveirinho... ela chorou tanto, tanto... ai que dó...E eu sendo costurada. Ah, minha placenta foi tracionada, claro! Pacote completo de intervenções!
   Bem, depois de mais de meia hora (deu tempo até de eu tomar um cafe da manhã), minha filha veio para os meus braços. Ofereci o peito e ela mamou na hora, para minha felicidade. Estava feliz da vida, porque apesar das intevenções (algumas com meu consentimento, outras sem), tive meu parto normal, ela nasceu das minhas forças! Depois fomos para o quarto e recebi alta na manhã seguinte.
   Cheguei em casa com vontade de tudo, me sentia mulher, parideira, poderosa!!! Todo mundo que me olhava via o brilho nos meus olhos! Consegui meu VBAC!! Em sete dias estava novinha em folha!

















Agradeço a Deus e a Bezerra pela força que me deram! Ao meu amigo Jesus Cristo, sempre ao meu lado! As mulheres da minha família, minhas ancestrais, que pariram seus filhos... A minha mãe, que mesmo com 3 cesáreas, acredita na Natureza do nascimento e me ajudou, me deu esperança! Agradecer também as várias mulheres que já fui...pelo conhecimento que me deram e que trago comigo...não me deixando dúvidas de que parir é natural! Ao meu filho Bernardo, amor da mamãe! Mas principalmente ao meu marido, Roberto, que apesar de não concordar em algumas coisas, nunca duvidou de mim, do meu potencial e conhecimento e me fez realizar o sonho de deixar minha bebê nascer quando ela quisesse! Com o apoio de quem se ama, temos metade do caminho percorrido...o resto é conosco, nas nossas cabeças e corações!


Vídeo de parto natural... Lindo, mágico, poderoso...


EnkueMtra más videos komo éste em ...livre i natural...


Tive o prazer de ver este vídeo pelo blog de duas queridas colegas Doulas, Cris e Pris. É um vídeo intenso, onde mostra o poder do corpo feminino em parir naturalmente.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Papel do Pai na Amamentação
Dez passos para a participação do pai no apoio ao Aleitamento Materno
  1. Encoraje e incentive sua mulher a amamentar Por vezes, ela pode estar insegura de sua capacidade para o aleitamento. Seu apoio será fundamental nessas horas.
  2. Divida e compartilhe as mamas de sua mulher com o bebê. Mesmo que seja difícil aceitar, lembre-se que a amamentação é um período passageiro. 
  3. Dê prioridade a seu filho(a).Sempre que possível, participe do momento da amamentação
  4. Sua presença, carícias e toques durante o ato de amamentar são fatores importantes para a manutenção do vínculo afetivo do trinômio mãe + filho + pai. 
  5. Seja paciente e compreensivo.No período de amamentação é pouco provável que sua mulher possa manter a casa, as refeições e se arrumar de forma impecável. As necessidades do recém-nascido são prioritárias nessa fase. 
  6. Sinta-se útil durante o período da amamentação. Coopere nas tarefas do bebê na medida do possível: trocar fraldas, ajudar no banho, vestir, embalar etc. Quando ela estiver dando de mamar, leve um copo de suco de frutas e/ou água, ela vai adorar! 
  7. Mantenha-se sereno. Embora o aleitamento traga muitas alegrias, também traz muitas dificuldades e cansaço. 
  8. Às vezes sua mulher pode ficar impaciente. Mostre carinho e compreensão nesse momento. Evite brigas desnecessárias para não prejudicar psicologicamente a descida do leite. 
  9. Procure ocupar-se mais dos outros filhos (se tiver). Para que não se sintam rejeitados com a chegada do novo irmão. Isso permitirá à sua mulher dedicar-se mais ao recém-nascido. 
  10. Mantenha o hábito de acariciar os seios de sua mulher. Se você costumava fazê-lo. Estudos demonstram que quanto mais uma mulher é sensível às carícias do companheiro, mais reagirá à estimulação rítmica de seu bebê.
  11. Fique atento às variações do apetite sexual de sua mulher. Algumas reagem para mais, outras para menos; são alterações normais. Esta é uma ocasião para o casal vivenciar novas experiências e hábitos sexuais, adaptando-se ao momento. 
  12.  Não traga para casa, latas de leite, mamadeiras e chupetas.  O sucesso desse período depende, em grande parte, de sua atitude. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e seu carinho e apoio é tudo que seu bebê necessita para crescer inteligente e saudável.

Grupo Interinstitucional de Incentivo ao Aleitamento Materno 
Salvador, BA - 1993

Papel do pai na gestação, parto e nascimento

  Decidi postar trechos deste trabalho devido ao meu irmão Diego. Fiz pedidos insistentes para que ele seguisse meu blog, e ele sempre desconversava, até que uma hora me disse: "Mas eu não tô grávido! Bem quem eu gostaria...". Ai, ai, esse meu irmão... Vou postar textos aqui, até para os papais, para se emponderarem e ajudarem suas mulheres em todas as etapas.
 Encontrei este trabalho universitário que discute a participação do pai na gestação, parto e nascimento. Este trabalho possui trechos de outros autores,  que demonstra a enorme importância que o pai tem durante todo o processo e, fala também sobre os sentimentos que eles têm neste momento.

  TRABALHO 

  Durante a gestação, parto e nascimento, muitas mudanças acontecem no corpo e na psique da mulher, fazendo com que este período exija cuidados especiais. São nove meses de preparo que vão culminar com o nascimento de um novo integrante da família. Torna-se importante o acompanhamento de profissionais da saúde e de seus familiares. Este é um direito que a toda mulher tem, para um parto seguro, mas que nem sempre é respeitado no Brasil.(...)
   A Portaria que regulamenta a Lei 11.108, de Abril de 2005, assinada pelo Ministro Saraiva Felipe durante a II Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, no Rio de Janeiro, em Dezembro de 2005, cita: “A presença do acompanhante é um direito de todas as mulheres da sociedade. A Lei parece pequena, mas é grandiosa: além de ser uma vitória da sociedade, irá proporcionar melhores condições na assistência obstétrica” (BRASIL, 2005)(...)
   Observamos que está aumentando o número de homens que desejam participar ativamente
do processo da paternidade, constituindo-se num elemento-chave indispensável da equação pré-natal. Assim, não se considera apenas a mulher grávida, mas o casal grávido (SIMÕES, 1998). No nosso meio, poucos conhecem sobre o estado emocional, psicológico do pai, como também sobre seus sentimentos em relação ao ciclo gravidez-parto de sua mulher e nascimento do seu filho (ABREU e SOUZA, 1999).
   A presença do acompanhante pode ajudar na redução da necessidade de medicações para alívio da dor, na redução do tempo de trabalho de parto, do número de cesáreas e dos casos de depressão pós-parto (DOMINGUES, 2000)(...)
   A participação do pai é vista como um fato inato, mas precisa ser aprendido, estimulado e preparado para o papel que é seu, mas que culturalmente foi desvalorizado. Já no útero o bebê sente o contato que o pai estabelece pelo toque na barriga da mãe, pelo som de suas palavras. Aí começa o vínculo: Pai, mãe e bebê!
   Atualmente têm surgido estudos a respeito da importância do pai durante a gestação até o nascimento, porque a pressão cultural pela participação ativa dos parceiros na hora do nascimento levou os profissionais, e mesmo os hospitais, a se prepararem para que a chegada do bebê ocorra preferencialmente com a presença do pai. (...)
    Ter um acompanhante tranqüiliza a mulher e melhora as condições de parto, contribuindo para alívio da dor e a menor duração do trabalho de parto. A Lei, portanto, é uma forma de despertar os profissionais de saúde e exigir dos Hospitais maternidades, a criação de meios que possibilitem esta prática(...)
    (...) As gestantes não compreendem, muitas vezes, e até se ressentem quando seus parceiros não se manifestam com a intensidade esperada, inclusive quando a gravidez foi planejada e desejada por eles. Desejar um filho pode ser diferente de se projetar como pai, enquanto o desejo de ter um filho é ainda um plano de fantasia, imaginar-se pai, receber a notícia que isto é real, remete-o à frente de responsabilidades que deverão ser assumidas, o que pode causar-lhe inseguranças e despreparo. Outros homens podem sentir-se incompreendidos e desamparados em suas angústias, uma vez que todos se voltam para a gestante, e saem em busca de amigos, afastando-se do ambiente doméstico e sofrendo sozinhos.
    (...)A psicologia pré-natal, com seus estudos avançados, tem demonstrado claramente a importância para o feto do contato precoce com a figura paterna.
     “Como a criança já guarda lembranças na vida pré-natal e é capaz de retê-las, a ligação profunda e intensa pai-feto é essencial para a continuação do vínculo pós-nascimento. Este pai, então, deixa de ser mero provedor para compartilhar dos cuidados básicos com o bebê, bem como de sua educação e desenvolvimento físico-emocional“ (RICO, 2006).
     “A participação do pai no período gestacional, seria a evolução da paternidade do novo século. Ao longo dos anos, o papel do pai foi sendo modificado, ele passou a sentir-se mais presente e motivado em participar do processo” (SZEJER e STEWART, 1997). “O desejo de participar desde o início da gestação, na criação dos filhos, de forma mais ativa e concreta, pode minimizar as somatizações e regressões apontadas muitas vezes, pelo pai que não vivenciou um vínculo saudável com o feto, e assim enfrentar com menos dificuldades o processo de nascimento” (SZEJER, 1999).
     O trabalho conclui que: 
    (...) Devemos ter conhecimento para fazer valer nossos direitos mesmo que nos pareçam pequenos, ter consciência de que só assim poderemos humanizar os atendimentos principalmente os prestados pelo SUS que cabe a maioria da população. E assim, devolver à mãe a confiança em sua capacidade de dar à luz e olhar a futura mãe em toda sua dignidade de mulher.
    Autores: Regina Harumi Kitahara, Simone Rossi,  Maria Celestina Bonzanini Grazziotin.


Aqui tem outro link com trabalho envolvendo mesmo assunto: http://www.scielo.br/pdf/paideia/v15n30/12.pdf

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Relato do nascimento do meu 1º filho

Relato da cesárea do meu 1º filho Bernardo



   Estou a quase 4 anos para escrever este relato, antes era por falta de coragem e depois por falta de tempo.
    Meu filho foi concebido desta paixão avassaladora que sinto pelo meu marido. Tinha 23 anos quando engravidei, cursava faculdade de Nutrição, fazia estágio de 8 h/dia, remunerado, pela prefeitura da minha cidade. Era independente, emponderada, altiva. Morava com minha mãe e irmãos, meu pai vinha nos "visitar". Meu marido (na época noivo) largou emprego para fazer cursinho para concurso do Banco. Sempre o apoiei nas decisões dele, afinal, a felicidade dele é a minha também.
    Descobri que estava grávida somente porque notei uma mudança de peso (emagreci) e, meus seios ficaram lindos, redondos (rsrsrsrs), pareciam silicone. Na verdade minhas colegas de estágio (todas agora Nutris), é que não paravam de repetir "tá grávida" e eu dizendo "não tô, mestruei, tomo pílula, não tem como!". Até que uma das minhas "chefas" (Betina querida), foi na farmácia, comprou um teste e disse "Faz o teste, não custa". Certo... de madrugada fui no banheiro de baixo na casa da minha mãe, para ninguém ver ou ouvir nada. Levei o teste para o meu quarto e esperei... um risco só...não estou grávida! ufaaa! No segundo seguinte, olho...dois riscos...MEU DEUS! Não pode serrrr!! Um misto de emoção (minha profissão, missão é Ser mãe) e medo (responsabilidade, não tenho casa, não estou formada, nem casada, meus pais vão me matar!!!) tomou conta de mim. MÃE... já! Nossa! Pensava eu... E o Beto??? Se ele não assumir? O que faço?
    No outro dia conto as minhas colegas, com certeza de que era alguma alteração hormonal, sei lá.... E elas me dando os parabéns, dizendo para eu fazer exame de sangue e confirmar logo. Disse que iria só no fim de semana com Beto ( já havia avisado, mas ele não queria comemorar antes da hora)... e também se eu desmaiar ele me segura. Fui no laboratório pedi o exame, que uma hora depois estaria pronto e o que é que tá escrito?? de tanto medo não entendia nada! SIM, GRÁVIDA, e bem grávida! Meu marido quase pulou de tanta alegria e , sorriso de orelha a orelha...eu desandei a chorar... e agora??? O que vamos fazer??? "Calma!" Disse meu marido, "vai dar tudo certo!"." Quando vamos contar?" perguntei. "Não sei?" disse ele.
    Fui na minha ginecologista, em outra cidade, que ia desde sempre, e contei a minha história. E acreditem, ela disse de uma forma mais amena, que eu era uma irresponsável, perguntou a minha idade, que eu não podia ter feito isso, blá, blá, blá... Me deu uma pilha de exames para fazer, ácido fólico para tomar. * Agora não me lembro se fiz os exames e contei para os meus pais, ou foi o contrário...dinheiro eu tinha para pagar.... enfim.*
     Eis então, que vou fazer minha 1ª ecografia ( quase todo mundo foi junto ver o 1º tudo, neto, sobrinho, bisneto das duas famílias) e o susto, já estava com 13 semanas e mau tinha tomado o ácido fólico. Graças a Deus estava tudo certo com meu filho! Havia decidido mudar de médica e, fui procurar na minha cidade. A Drª J me foi indicada por uma amiga.  Na 1ª consulta expliquei o motivo da troca de médicos e, se não me engano, já tinha dito que queria parto normal. Na época sabia que a recuperação era mais rápida e, era o melhor para mim e meu filho, e não imaginava a chegada dele de outra forma.
    Nas consultas seguintes, o de praxe, exames, algumas dúvidas sobre o bebê, o comum que se vê em consultórios. No 5° mês descobrimos que era o Bê, para desmentir todo mundo que dizia que era menina. Ah! Nesta época, Beto e eu nos casamos de papel passado e, na Igreja...foi lindo!! Assim fomos até as 38 semamas quando a DrªJ avisou que o bebe era grandão e estava muito alto, e que eu caminhasse. Olha acho que caminhei toda a gravidez... mas não vem ao caso. Não sentia muitas contrações ( que para mim eram como caimbras na barriga, por isso nem dava atenção, rsrsrsrs).
    Eis que chega as 40 semanas e, minha GO desata a falar todo o vigário. "Bem Ana, acho que vamos marcar a cesárea, porque o teu bebê tá com quase 4 kg, tem cabeça grande, tá alto, tuas contrações não estão boas e teu colo tá com uma polpa, grosso e posterior..." (infelizmente para mim, na época, isto tudo era grego). Disse que queria parto normal e, que tinha lido que podiamos esperar até as 42 semanas. Ela disse que era arriscado e , que ela não correria esse risco. Perguntei da indução (minha irmã, técn. enfermagem, que me falou desta possibilidade) e ela disse que não me faria sofrer e, que era arriscado para nós dois. Pedi mais uma semana, para ver se entrava em trabalho de parto. Ela me deu, mas mandou deixar marcada a cirurgia quando saísse, para quarta (dia do plantão dela), 15/11/2006.
     Chorei a última semana inteira. E para piorar, minha sogra ligava mil vezes por dia para saber se estava nascendo (fiquei com muita raiva e magoa dela). Rezava toda hora para entrar em TP, caminhava e já estava desacreditando do meu poder de parir.
   Na data marcada chegamos ao hospital (minha mãe, meu marido e eu), fui levada ao CO e me fizeram mil perguntas, rasparam meus pêlos e, me levaram para salinha do CC. Lá eu espero mil anos de novo, mas a equipe era muito gentil e atenciosa (claro).  Me passaram para a sala de recuperação, onde fui sondada (xixi) e rasparam meus pêlos outra vez,  pois a Drª J havia reclamado da limpeza da área.
    Mais um tempo esperando, deitada na maca e minha GO (ex agora) vai me buscar feliz da vida!  Chegando na sala de cirurgia, parecia que eu estava em uma "feira de horrores"... quanta coisaaa, quanto instrumento... para que tudo aquilo? Fiquei um pouco apreensiva, mas tentei focar no momento, na chegada do meu bebê. Me colocam na mesa de cirurgia com cuidado para a sonda não sair ( a bexiga não pode estar cheia na hora). A pediatra da equipe (que foi como uma doula para mim e hoje percebo isso), me explicava todos os procedimentos que estavam sendo feitos. Segurou a minha mão na anestesia (que nem doeu como falam) e foi me acalmando durante todo o processo. Tive uma ligeira queda de pressão, antes de começar o procedimento devido ao peso da barriga (estava deitada de barriga para cima), mas me viraram de lado e tudo se normalizou.
    Começam a cirurgia e percebi que meu marido não havia chegado na sala, mesmo eu tendo avisado que ele iria assistir o parto. Uma enfermeira saiu da sala e foi buscá- lo às pressas. Beto chegou, me deu um beijo, perguntou se eu estava bem e tirou uma foto. Sentou ao meu lado e ficamos ouvindo o que os médicos estava explicando (o que estavam fazendo no momento). A Drª J me avisou que por nascer de cesárea, talvez Bê não choraria de imediato. Foi aqui que ela pediu para meu marido olhar, uma enfermeira empurrou minha barriga (Beto tirava foto que nem louco, rsrsrs), a Drª J disse que ele estava nascendo e em seguida ouvi o chorinho dele! Que emoção!!! Não se tem palavras para descrever este momento...
     Perguntei para meu marido como ele era, Beto resmungava alguma coisa (chorava e chorava), perguntei acho que mais três vezes, até entender o que ele dizia, rsrsrs. Ele disse que era cabeludinho. Que amor, adorei ver o meu marido assim, apaixonado! Parece que a pediatra pesou e mediu ali mesmo, fez aspiração e me trouxe ele. Desamarraram somente um dos braços (isso me deixou muito brava), para eu poder lhe dar um carinho...ele é LINDOOO! Um Ser perfeito, frágil, simplesmente fascinante... o meu filho! Depois Beto segurou ele e a pediatra tirou fotos e mais fotos, ela foi um apoio neste momento, sou grata até hoje.
     Beto ficou mais um pouco com o Bê na sala de cirurgia (enquanto me costuravam), depois saiu para mostrar  a minha mãe seu 1º neto.  Bê foi levado para o berçário, onde ficaria 4 horas longe de mim (não entendo e não aceito isto até hoje). Durante toda a cirurgia não passei mal, não tive enjôo, tremedeira, nem nada destes efeitos da anestesia. O clima era ótimo, todo mundo feliz com o momento,  a cirurgia em si correu muito bem, não tenho do que me queixar... mas é uma cirurgia, gente? Dá para entender?? Não consegui segurar meu filho, nem dar de mamar e, o pior, fiquei sem ele toda a minha recuperação. Ficar deitada, para mim, não fazer nada durante o processo, não ver meu filho nascer, foi muito frustrante... na realidade, chocante! Não me senti à vontade com esta situação. 
Às 10:10 da manhã, Bê nasceu pesando 3810g, medindo 49 cm, apgar 10 - 10, com 36 cm de cabeça (cabeçudo, disse a pediatra, rsrsrs).

pronta


nasceu o principe


Bê nos braços da pediatra


1º cheiro que a mamãe deu!


Amo eles!




Família, família....


Vovó babando.


Bê estava preguiçoso


    Bem, continuando... Quando a anestesia começou a passar foi que me trouxeram ele. Foi ai que pude abraçá-lo, beijá-lo e dar de mamar, tentei na verdade. Descemos para o quarto e nos acomodamos. Por ter ficado muito tempo longe de mim, Bê não mamou muito bem, estava dorminhoco, porque ficou tanto tempo longe de mim. A enfermeira, veio me aterrorizar e disse que se a glicose dele não melhorasse, ele teria que ficar um tempo mais no hospital. Fiquei nervosa demais (aquele corte me encomodando, não conseguia nem me ajeitar, como amamentar....ui que ódio) e agora isso! Meu filho não queria mamar, mas fui insistindo, até ele pegar mais vezes o peito e a glicose normalizar ( furaram ele umas mil vezes, para fazer o HGT, coitadinho).
     Fiquei 2 dias no hospital, pedindo remédios para dor, querendo sair correndo, me enfiar num buraco... Quando fui tomar meu banho (12 horas depois da cirurgia), não conseguia me levantar, era dolorido demais. A enfermeira, me aterrorizando de novo,  disse que se eu não tomasse banho agora, teria que esperar o outro dia e, minha alta iria ser mais tarde ainda. Embora estivesse me sentindo segura no hospital, com um monte de gente me controlando, cuidando ( começava ai a depressão pós parto), tomei coragem e me levantei, tomei um banho ( claro que quase desmaiei, passei mal). Depois me senti bem melhor, limpa, mas a dor era  insuportável. Pensava no meu filho, que estava recebendo toda esta medicação através do leite, mas não tinha como aguentar no  osso... 
    Vieram nos visitar os tios, as avós e os dindos do meu pequeno. Quando recebemos alta, fui andando para o carro, chovia e estava calor. Foi estranho sair do hospital... apavorante também (DPP). Pensar em ficar sozinha, desamparada era apavorante. Meu marido ficou 1 semana em casa. Foi um anjo, fazia tudo pra mim em casa. Eu amamentava, dava banho e trocava as fraldas. Minha mãe não ia muito lá em casa (moramos uma do lado da outra), porque ela achava que eu não queria. Consequência, fiquei sozinha, cuidando do Bê, fazendo algumas tarefas domésticas, que não podiam esperar, ate meu marido voltar do trabalho. Me sentia muito sozinha e perturbada. Ficava melhor quando meu marido chegava do trabalho a tardinha.
    Na reconsulta de um mês com a Drª J, ela me disse que era Depresão Pós- Parto (claro que foi pela cesárea que fiquei assim). Me deu um remédio para tomar durante dois meses, mas na 1ª semana de uso já me sentia muito bem. Toda aquela sensação ruim, aquela indiferença com meu filho, passaram. Me sentia renovada. A partir dai foram muitas alegrias, meu SER MÃE, SER MULHER, SER MAMÍFERA estava aflorado.
    Não acho que a Drª J tenha tomado esta conduta (cesárea) por maldade, afinal eles (médicos), aprendem a tomar o controle da situação, faz parte da formação da maioria dos médicos. Deixar a mulher ser protagonista do seu próprio parto, sem interferência deles, tendo -os como meros espectadores do poder da Natureza, deve ser apavorante... como diz Dr. Ric Jones  "... envolve vida, morte e sexualidade".
   Agradeço à Deus por ter olhado por nós durante a cirurgia. Ao meu marido, que sempre me ajudou no pós parto e me encorajou a amamentar, fazendo eu acreditar que podia passar por isso. E a minha família e amigos que me deram muito carinho!


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As três dimensões do parto

DIMENSÃO ESPIRITUAL DO PARTO





A dimensão espiritual se consubstancia no grande mistério da eclosão da vida. É o momento em que se sente a presença de Deus, autor da vida.

Momento sagrado.
 Momento de dom. Momento de alegria.
De onde viemos? Para onde vamos? Por que vivemos?
Pergunta eterna dos seres humanos.
A vida criada por Deus é única. Cada ser tem suas características próprias, sua individualidade que jamais poderá ser encontrada em outro ser.
A Bíblia se nos apresenta alguns trechos que aqui são relembrados:
Jeremias Cap. 1 - Vers. 5:
"Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei".
Salmo 138 - (13-14-15):
"Fostes vós que plasmastes as entranhas do meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe.
Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso.
Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma. Nada da minha substância vos é oculto quando fui formado ocultamente, quando fui tecido nas entranhas subterrâneas".
Ainda na Bíblia encontramos nascimentos impossíveis de explicar do ponto de vista puramente humano e biológico. Assim foi o nascimento de Isaac, filho de Abrãao e Sara e de João Baptista, filho de Isabel e Zacarias, e de Jesus filho de Maria, virgem e mãe.
Não menos famosa é a sentença de Deus à Eva: "Darás à luz com dor".
Essas palavras estão presentes em nossos hospitais e maternidades na entrada do 3º milênio quando observamos a realidade da assistência que é prestada à mulher parturiente.
Embora a dor durante o parto seja uma realidade, existe mil e uma maneiras de minimizá-la de forma natural sem o auxílio de medicamentos e intervenções cirúrgicas. Mais adiante falaremos sobre esses procedimentos.

 DIMENSÃO PSICOLÓGICA

Ternura
Este sentimento está presente nas pessoas "doces", ele é fruto do amor e da não violência. O sentimento não se aprende, não se ensina, como se ensinam as técnicas de assistência ao parto. É com ternura que precisamos assistir a mãe e a criança.
Confiança
Este sentimento que deve existir entre a parturiente e a pessoa que assiste o parto é também fruto do amor.
A mulher tende a relaxar quando confia plenamente na pessoa que a está assistindo e o parto então acontece com mais facilidade.
A confiança e a compreensão podem substituir o medo.
A emoção negativa causada pelo medo é substituída pela emoção positiva e pelo entusiasmo favoráveis ao esforço concentrado com o objetivo de concretizar e completar em toda a simplicidade fisiológica a mais bela das aventuras humanas.
Coragem
Bravura em face do perigo.
Intrepidez, ousadia.
Resolução, franqueza, desembaraço.
Perseverança, constância e firmeza.
A mãe corajosa consegue com o auxilio da parteira ou do médico afastar todos os seus medos.
Medo da dor.
Medo da criança não ser perfeita.
Medo de não ter leite suficiente para amamentar.
Medo de não ter capacidade para criar seu filho.
Medo de morrer...e tantos outros medos.


 DIMENSÃO BIOLÓGICA

Nesta dimensão se inclui o preparo físico da mulher durante a gestação.
Em geral o pré-natal oferece essa possibilidade nas ações que desenvolve.
Verificação da pressão arterial, controle do peso corpóreo, desenvolvimento do feto, exames laboratoriais e de ultra-sonografia. Orientação para as queixas comuns à gestante: vômitos, tonturas...etc. A mãe deve receber esclarecimentos e conhecimentos que irão beneficiá-la como: noções de anatomia e fisiologia, desenvolvimento do feto, cuidados durante a gestação, parto, puerpério, aleitamento materno e cuidados com o recém-nascido. 
Às vezes o espaço de nove meses se torna insuficiente para assimilar todos os conhecimentos necessários, principalmente quando ela está esperando seu primeiro filho.
Um incorreto comportamento físico e psíquico das parturientes pode ser suscetível de aumentar muito as dificuldades do parto e as tem aumentado na realidade.
É nesse contexto de pré-natal que o médico poderia descer do seu pedestal de semi-deus e conversar com a gestante de igual para igual, trocar idéias e experiências, aprender com a mulher e orientar quando necessário.
Enfim, deixar de lado a máscara de onipotência, de único depositário do saber, enfim, transformar-se em um ser humano, comum, amigo e conselheiro.
O médico deveria estabelecer com a gestante uma relação de parceria em um projeto cujo objetivo seria o desenlace feliz da gravidez.


Texto retirado do site www.parto humanizado.com.br

Como introduzir alimentos de forma saudável para seu bebê.

   Esta é uma fase muito importante para a formação de hábitos alimentares da criança, pois ela ira conhecer uma infinidade de sabores, que a acompanharam para o resto da vida. Lembrando que a introdução de novos alimentos deve ser feita a partir do 6° mês de vida da criança.
  Vou dar algumas dicas, passos para a introdução de alimentos do bebê:
  1.  A criança pode comer todos os tipos de frutas ou sucos das mesmas, desde que aceite, aumentando as possibilidades dela se acostumar com novos sabores. A maioria dos pediatras indica o quarteto mamão, banana, maçã e pêra, porque são de mais fácil aceitação. Mas tente oferecer uma manga, um melão, jabuticaba, pitanga, elas vão adorar.
  2.     Quando você iniciar a introdução da papa salgada, lá pelo 7° mês, nos primeiro 3 dias use somente legumes, batata, abobrinha e cenoura. Depois utilize a carne, que pode ser de qualquer tipo como bovina, de frango, de peixe e vísceras, que alias contem grande quantidade de ferro, prevenindo anemias. Lembre-se que a papa salgada deve conter de três a quatro alimentos diferentes, porque se não pode confundir a criança. Não repita a papa durante a semana, assim a criança conhecerá mais sabores.
  3.    Os alimentos devem ser introduzidos um a um, gradativamente. Possibilitando desta forma identificar alguma intolerância ou alergia. Por esta razão que não se deve misturar dois tipos de frutas no suco, sendo mais difícil saber o que causou esta alteração orgânica.
  4.     Utilize pouco sal, óleo e cebola para temperar. No início ofereça somente o caldo do feijão ou outra leguminosa e, aos poucos incluir os grãos. Os grãos devem ser bem amassados junto com os outros alimentos.
  5.    Cereais (arroz, milho), farinhas, batata, mandioca, macarrão dever estar em maior quantidade, para dar volume e calorias.
  6.     Não bata os alimentos no liquidificador, nem as passe na peneira, pois deste modo a mastigação não é estimulada. O ideal é amassar com o garfo. 
  7.      E o ovo? A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que a criança recebe somente a gema, como substituto da fonte protéica. A clara, devido ser muito alergênica pode ser oferecida após os 10 meses de idade.
        Eis aqui um esquema muito bom para você começar a rotina alimentar do seu bebê:


   * Lembre-se que a amamentação é recomendada até dois anos ou mais, pelo Ministério da Saúde. No esquema aparece o leite de vaca a partir dos 12 meses, como alternativa, não como substituto.

Texto por Ana Luisa

A lendaria dor do parto

  Achei muito interessante  a abordagem do tema feita pela Roselene.

O porquê da dor

   A gente pode dissecar a questão da dor (do parto) de infinitos modos, pois não se trata de uma grandeza absoluta, não mede xis unidades de qualquer coisa. Ela é relativa, e a múltiplos fatores combinados entre si, físicos e psíquicos, conscientes e inconscientes, e a combinação de todos eles produz a percepção psico-física dentro de limiares individuais.
   Na nossa cultura, o parto é na grande maior parte das vezes vivenciado e relatado como um evento em que está presente uma dor que beira o insuportável. Será necessário que seja assim? Vejamos...
Primeiramente há o aspecto evolutivo. O parto humano é o que apresenta a relação céfalo- pélvica mais estreita da natureza. Um dia resolvemos descer das árvores e caminhar sobre duas pernas. Outro dia resolvemos engrossar nossa camada de neo-córtex cerebral: resultamos bípedes e cabeçudos, porque somos metidos a não ser bestas. E na hora de parir nossos filhotes, os processos musculares de contração das paredes e dilatação do colo uterino, mais os movimentos do bebê empurrando-se para fora ocorrem sem folga de espaço, e as sensações fortes que esses processos produzem podem ser interpretados como “dor”, e potencializados em sensações ainda mais dolorosas se houver medo, insegurança, ou ação de hormônios artificiais como se costuma aplicar através de soro às mulheres em trabalho de parto com o objetivo de acelerar o processo, atingindo níveis de fato insuportáveis. Em "Correntes da Vida", o psicoterapeuta inglês David Boadella descreve o comportamento uterino em trabalho de parto quando a mãe sente qualquer tipo de medo – consciente ou inconsciente:
   “(...) o útero tenta fazer duas coisas antagônicas ao mesmo tempo: tenta abrir-se, sob a influência do relógio biológico que atua através do hormônio que prepara o caminho para o bebê nascer; e, simultaneamente, tenta manter-se fechado, sob a influência dos nervos simpáticos, trazidos à ação pelo medo. É como se alguém quisesse dobrar e esticar o braço ao mesmo tempo; o braço teria um espasmo, que causaria dor. isso é exatamente o que acontece com o útero de uma mãe que é incapaz de relaxar e que está condicionada a sentir dor.”
   Mas por que a mulher está condicionada a sentir dor? Um dos motivos é o arquétipo do parto doloroso em conseqüência do pecado original, como reza nossa cultura judaico-cristã. Ao expulsar Adão e Eva do Paraíso por terem provado do fruto do Conhecimento, o Criador lhes diz: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos” (Gênesis 3:16). Ora, como não sentir dor se o próprio Deus a determina? O arquétipo do parto como sofrimento foi literalmente in-corporado baixo a quase 6.000 anos de crença.
   Outro aspecto importante, é o caráter fisiológico do parto. Esta noção não faz parte do senso comum: de que o ato de parir (assim como gestar e amamentar) é tão fisiológico e saudável quanto respirar, digerir, filtrar o sangue, pensar, absorver nutrientes, excretar, chorar, ouvir, enxergar, fazer sexo, fazer amor. Mas na nossa cultura, uma mulher grávida é vista como alguém sob risco potencial e iminente, o parto é visto como um evento necessariamente hospitalar e na maioria das vezes, cirúrgico. Ao transformar um evento potencialmente saudável em necessariamente patológico, a dor encontra campo fértil para ser identificada como tal. Está aí um dos fatores que levam tantas mulheres a sentir pavor pelo parto normal.
   A dor tida por alucinante pode ser percebida como lidável quando a mulher, em primeiro lugar subtrai-lhe a parcela da dor propriamente dita, advinda do medo e da insegurança; o restante das sensações, ela pode converter em sensações lidáveis ao aceitar a natureza do seu corpo, aceitar as sensações do trabalho de parto não como alguma coisa a vencer, contra as quais se deve lutar - porque elas não resultam de uma patologia, não sinalizam alguma coisa que está errada, como uma fratura ou queimadura, por exemplo. Não. Essa sensação é uma aliada que sinaliza o processo fisiológico do parto, levando a mulher a fazer força, ou a se contorcer, a gemer, a acocorar-se ou a procurar a banheira, e entre as contrações as sensações atenuam, como ondas***, e você pode relaxar. As sensações intensas levam ao transe, e esse transe tem que ser aproveitado, ele faz parte. Você não precisa de anestésicos, ordem pra fazer força, fórceps. Você precisa apenas de liberdade para vivenciar seu parto.
   O parto é você, é o seu corpo em plena atividade, e você não deveria deixar esta parte de você ser subtraída por uma conveniência que vem de fora. Existem séculos de uma cultura desfeminilizante costurando essa rede em que se cai tão facilmente, como eu mesma caí nos meus partos. Não é a mulher que precisa da anestesia, são os outros que precisam do conforto de uma mulher parindo quietinha.
   E há outro aspecto que eu acho muito interessante que é a coisa do ritual de passagem. Nós cultivamos algumas manifestações externas de rituais, como casamentos, batizados, bar-mitzvahs, aniversários, festas da primavera, e essas festas refletem a nossa necessidade humana de marcar as passagens das fases, de criança inimputável para o adulto responsável, da vida individual para a vida em família, de um período de dureza para outro de fartura, enfim, quando passamos de uma fase para outra sem essa marca fica faltando alguma coisa. Tive um tio que foi tratado com hormônios nos anos 40 para acelerar seu crescimento. Na verdade ele foi cobaia das primeiras experimentações com hormônios no Brasil. De um dia para o outro ganhou pelos pelo corpo, engrossou a voz, a adolescência que deveria prepará-lo vagarosamente para a idade adulta veio num turbilhão que ele não deu conta e ninguém à volta dele compreendeu. Ele enlouqueceu.
   Assim é com o parto. Quando se tenta ao máximo passar por ele como se nada tivesse acontecido - e o ápice disso é a cesárea eletiva, está-se pulando um ritual fundamental para o início da maternidade. E o efeito cascata começa: dificuldade de estabelecer vínculo com o bebê, depressão pós-parto, "falta" de leite, intolerância ao comportamento do bebê. O parto normal cheio de intervenções, do qual se diz "ah, foi uma beleza, não senti na-da!!! fiquei ali, conversando, e em xis (poucas) horas o bebê nasceu!!" não é muito menos maquiagem da passagem. Sim, "de repente" o bebê estava ali. E ela não precisou fazer nada. Inicia-se a maternidade com a sensação de que "não é preciso fazer nada" para ser mãe. E começa a transferência de responsabilidade... impulsionada pela sensação inconsciente de que a maternidade moderna NÃO PODE ser trabalhosa. E esse caráter trabalhoso que a maternidade efetivamente tem, não é, como nossa sociedade acredita, um sofrimento, um castigo do qual devemos nos livrar. Ao contrário, ela contém o extremo prazer que sentem as pessoas que superam desafios, convivendo com as mudanças no corpo e na vida pelo prazer que isso traz, em oposição à compulsão de querer lutar contra as mudanças irreversíveis promovidas pela chegada dos filhos.
   O processo do parto vem sendo aprimorado há milhões de anos (ou milhares, depende do critério), e a humanidade definitivamente não aperfeiçoou este processo agregando-lhe tecnologia, apenas o corrompeu. Anestesia, ocitocina na veia, posição horizontal, raspagens, submissão a alguém como dono do parto, kristeller, amniotomia, episiotomia, tudo isso num trabalho de parto que está transcorrendo sem intercorrências, não é evolução: é perversão. Das grossas. Você e seu bebê não precisam de mais nada além dos seus corpos com seus hormônios para permitir o nascimento.
   Precisamos desconstruir o conceito de parto doloroso, e compreender e desejar e conquistar o parto prazeroso, não importa quão trabalhoso ele possa ser. Não se deixem levar pela inércia do sistema obstétrico vigente, que inadvertidamente vampiriza a força, a beleza e a vida que mãe e bebê protagonizam no ato de parir e nascer.

Artigo por Roselene Nogueira
Retirado do site www.partodoprincipio.com.br
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