quinta-feira, 31 de maio de 2012

Divulgando: Curso Nacional de Capacitação de Doulas da Ando/2012 - Porto Alegre/RS

pintura de Amanda Greavette

Objetivo: Capacitação de doulas para apoiar mulheres e seus companheiros e familiares durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, dando conforto físico, afetivo e psicológico, favorecendo uma experiência de parto positiva e integradora.

Data e horário:
13 a 16/07 de 2012
De sexta a domingo das 8:00hs às 19:00hs, segunda das 8:00hs às 13:00hs
Local:A ser definido

Carga horária: 32 horas

INSCRIÇÃO: Preencher o formulário e fazer o depósito no Banrisul: agência 0040/conta poupança nº 39.169283.0-9
Favorecido: Maria José da Silva Goulart- CPF 333.092.210/91
Após, enviar a ficha de inscrição preenchida e o comprovante de pagamento para o e-mail: doulazeze@yahoo.com.br

Importante: A vaga estará garantida somente após o envio do comprovante!

Investimento:
Até 16/06/2012 R$ 500,00 à vista parcela única.
Até 06/07/2012 R$ 550,00 ou (R$ 70,00 matrícula na inscrição) (2 x R$ 245,00) ou (3 x R$ 165,00 )
Após 07/07/2012 até a data do curso R$ 600,00 ou (2 x R$ 310,00) ou ( 3 x R$ 210,00)

** Em caso de desistência da aluna, não há devolução da taxa de matrícula.

Atenção:
O curso só acontecerá nas datas programadas se tiver a quantidade mínima de participantes que o viabilize. A organização se dá o direito de transferi-lo ou mesmo cancelá-lo sem ônus para nenhuma das partes.

Equipe Docente (no mínimo três dos professores listados: Lucía Caldeyro, Neusa Berlese Oliveira Jones, Ricardo Herbert Jones

Apoio:
ANDO (Associação Nacional de Doulas) e GAPP-Nascer Sorrindo

Outras informações:
*Porto Alegre: (51)3013-1344 (à noite),cel :(51) 9123 6136 e (51) Doula Zezé:
*Desconto de 15% para grupos de 10 pessoas;
*Serão fornecidos: apostila e Certificado da Associação Nacional de Doulas – ANDO;
*Alimentação e Transporte não incluídos.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Como pensa o pediatra que criou o attachment parenting


foto pessoal

CRESCER entrevistou, por telefone, William Sears, mais conhecido por Dr. Bill Sears, o pediatra norte-americano que compilou os conceitos do chamadoattachment parenting, um estilo de criar os filhos que ganhou espaço na mídia do mundo todo após a capa comemorativa do dia das mães da revista TIME

Cíntia Marcucci

Carregar o bebê próximo ao seu corpo, em um sling, por exemplo; começar o contato com seu filho logo após o partoamamentação prolongadadeixar o filho dormir na sua cama. Se você está grávida ou tem filhos menores de 10 anos, já deve ter ouvido ou lido pelo menos uma discussão sobre essas práticas. Muita gente defende, outras muitas criticam com unhas e dentes. E não só por aqui. 

Recentemente uma capa da revista TIME literalmente “causou” em sites, redes sociais e na mídia em geral do mundo todo. A imagem, que trazia uma mãe amamentando uma criança de 3 anos, era só um chamariz para contar a história de Dr. Bill Sears, o pediatra norte-americano que escreveu, vinte anos atrás, o livro The Baby Book (O Livro do Bebê, em tradução literal, inédito no Brasil). Best-seller nos Estados Unidos, o livro traz sete regras que devem ser seguidas para criar filhos felizes, saudáveis, e com “bom caráter”, o chamado attachment parenting, algo que é conhecido no Brasil comocriação com apego. Além das quatro atitudes citadas no início desta reportagem, estão na lista acreditar no choro do seu filho (e confortá-lo sempre), tomar cuidado com métodos de treinamento para bebês (como o que diz para amamentar a cada 2 horas ou deixar o bebê chorando por X minutos) e balancear a maternidade / paternidade com as outras áreas da vida (casamento e cuidar de si mesma). 

Dr. Bill Sears tem 72 anos, oito filhos, alguns netos e conversou com a CRESCER por telefone para explicar como ele chegou aos conceitos do attachment parenting, justificar por que recomenda que os pais os sigam e comentar sobre toda a polêmica que sua teoria gera entre quem tem, está para ter e mesmo quem não tem filhos. 


CRESCER - Como você chegou ao seu conceito de attachment parenting
Dr. Bill Sears -
 Quando eu comecei a atuar como médico, 40 anos atrás. Eu sabia muito sobre bebês doentes, mas nada sobre bebês saudáveis e normais. Então eu comecei a observar essas crianças saudáveis e descobri muitos hábitos das mães, muitas atitudes inteligentes. Foquei nas crianças que eram bem comportadas, que eram muito saudáveis, e passei a investigar o que o pai e a mãe dessas crianças faziam, o seu estilo de criar os filhos. Foi assim que eu descobri os sete conceitos (7 Baby B’s, em inglês) - é o que esse pais faziam na maioria das vezes. Também li e ouvi relatos de pessoas que tinham viajado pela América do Sul e observaram que eram carregados junto ao corpo das mães. E contavam como os bebês adoravam, como as mães também pareciam felizes. E eu pensei: tenho que popularizar isso aqui na América do Norte! 


C – Todos os seus filhos nasceram após o senhor desenvolver esse conceito? 
Dr. B.S.
 - Sim. Foi durante, na verdade. A gente foi descobrindo também o que era melhor para os nossos filhos. A cada filho minha mulher ia amamentando por mais e mais tempo, por exemplo, pois isso funcionava muito bem para ela. 


C – E seus filhos seguiram os mesmos preceitos que o senhor na crianção dos filhos deles, seus netos? Ou houve um daqueles conflitos de gerações em que os filhos resolvem fazer tudo ao inverso do que seus pais fizeram? 
Dr. B.S.
 - (risos) Eles seguiram com esse estilo sim, acho que viram que funcionou bem, deu certo. Mas eu sempre faço brincadeiras com eles: “Oras, vocês estão bem hoje, não é?”. Sabe, é um estilo muito natural de ser pai e mãe, é quando uma mãe segue seus maiores instintos, os mais básicos. Não é nada extremo e nem é novo. O que eu fiz foi apenas pegar tudo o que as culturas ao redor do mundo sabem por séculos e reunir. Pois eu acho que nós precisamos voltar ao mais simples e natural, que sabemos por experiência milenar que funciona. Acho que era preciso trazer isso de volta. 


C – Por que o senhor acha que é bom voltar para isso? Que bem, afinal, isso faz para as crianças? 
Dr. B.S. -
 Eu estudo isso há mais de 40 anos, então eu já pude observar e estudar pessoas que hoje são adultos e foram criados seguindo esses preceitos. Eu os chamo de “crianças que se importam” (kids who care, em inglês). Eles têm o que chamamos de empatia, eles são pessoas gentis, muito sensíveis, são bons indivíduos para a sociedade. Não se transformam, por exemplo, em crianças que praticam bullying. Nós como sociedade, em todos os países, precisamos mais de pessoas assim, mais de sensibilidade. É muito raro que uma criança criada assim se torne um criminoso. 

C – E por que o senhor acha que as pessoas resolveram criticar tanto tudo isso agora, o que causa tanta polêmica, em especial depois da matéria de capa da Time
Dr. B.S. -
 Eu acho surreal, pois as pessoas estão se afastando do que é básico na maternidade. Para muitas mulheres, isso não tem nada de estranho, nem de extremo, é muito natural. Para outras, essa ideia de amamentar até os 3 anos é absolutamente bizarra. O ponto que eu quero mostrar a todos é que isso não é surreal em muitas e muitas outras culturas. A Organização Mundial de Saúde, uma organização muito mais do que respeitada, recomenda que se amamente por 2 anos ou mais. Então, se isso é recomendável ao mundo todo... 


C - Sim, mas imagino que pessoas argumentem que isso simplesmente não se encaixa mais com o estilo de vida atual de muitas mulheres, em especial as que trabalham fora. É muito possível que muitas delas não consigam ter essas atitudes. O que o senhor diz a respeito disso? 
Dr. B.S. -
 Eu acredito que dá para conciliar com o trabalho, sim. E mais que isso, digo que o attachment parenting é ainda mais importante para as mulheres que trabalham. Na verdade, as mulheres sempre trabalharam. Isso não é novo. Minha mulher trabalhava enquanto cuidava dos nossos filhos e eu ainda estava na faculdade. As mães são as melhores multitarefas do mundo, elas podem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. E as mulheres podem continuar amamentando depois de voltar ao trabalho, por conta de todas as bombas de amamentação que existem hoje, muito mais modernas. Aqui nos EUA nós temos leis agora que permitem que as mulheres tirem 15 minutos várias vezes por dia para extrair seu leite em um lugar específico e depois levar para seu bebê. Então existem meios, sim, para a mãe que fica longe de seu filho. O leite materno é ouro líquido, e isso é um meio maravilhoso delas se conectarem com seu filho. Acho que o attachment parenting é ainda mais importante na sociedade atual. (Nota da editora: aqui no Brasil existem projetos de lei para que existam salas de amamentação nas empresas e também projetos para padronizar esses espaços). 

C – Aqui no Brasil temos 4 meses de licença-maternidade, é bem menos nos Estados Unidos, não é? 
Dr. B.S. -
 Sim, e dar um bom período de licença-maternidade é característica de um governo sábio. Pois é um investimento nas pessoas do futuro daquele país. É o futuro da sociedade que entra em jogo. 

C – Gostaria que o senhor falasse um pouco da culpa materna. As mulheres se sentem culpadas por não estarem perto de seus filhos, não fazer isso ou aquilo por eles. O senhor não acha que dizer que elas devem amamentar por tempo prolongado aumenta ainda mais esse sentimento? 
Dr. B.S. -
 Eu acho que attachment parenting é o contrário. Ele dá ferramentas para que ela fique mais próxima, se conecte com o seu filho, não o oposto. Ou seja, mesmo se você precisar estar longe de casa, você tem um jeito de, na volta, estar mais perto do seu filho. São coisas para ajudar, não para piorar a sensação dela. 


C – E quanto aos homens? O que os pais podem fazer sobre o attachment parenting, já que amamentação é uma das coisas que só as mães podem fazer? 
Dr. B.S.
 - É muito importante para o pai ter atitudes nesse sentido, para que a mãe não se sinta esgotada. O pai pode vestir o bebê, usar o sling, ele pode confortar um bebê que chora. É lindo ver um homem segurando seu bebê pele com pele. Vê-lo cantar para seu filho, aconchegá-lo. E os bebês amam isso. É um jeito muito bacana dos pais participarem. 


C – Algo mudou desde que o senhor escreveu o livro The Baby Book
Dr. B.S. -
 Acho só que fica mais claro que podemos comprovar que isso funciona. Temos como mostrar que as crianças criadas assim cresceram bem, saudáveis e hoje são adultos com boa saúde e caráter. Mas eu digo aos pais o seguinte: escolham e pratiquem o estilo de paternidade que for mais natural para vocês.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

As 50 Intervenções Desnecessárias durante a gravidez, parto e pós-parto - por Ingrid Lotfi

LEIAM COM ATENÇÃO!

As 50 Intervenções Desnecessárias durante a gravidez, parto e pós-parto (por Ingrid Lotfi com supervisão técnica de Melania Amorim e Maíra Libertad)

1) Exames pré-natais não incluídos na rotina preconizada pelo Ministério da Saúde do Brasil (os exames recomendados são: grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia para sífilis - VDRL, hemoglobina e hematócrito para rastreamento de anemia, exame de urina tipo I, sorologia para HIV e hepatite B - AgHBs, glicemia de jejum, teste para toxoplasmose-IgM, colpocitologia oncótica se necessário).

2) Exames de efetividade discutível sem prévia discussão com a gestante sobre riscos e benefícios (p.ex. pesquisa de EGB (Estreptococcus do Grupo B)).

3) Prescrição de complexo vitamínico, sem uma indicação clara.

4) Ultrassonografias sem indicação clínica.

5) Dopplerfluxometria em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

6) Ecodopplercardiografia (exame para avaliar o coração) fetal em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

7) Cardiotocografia em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

8) Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em gestação de baixo risco ou sem indicação clínica.

9) Cesariana eletiva sem indicação clínica e/ou sob falsos pretextos (ver lista das "Indicações das desnecesáreas).

10) Exames de toque antes do trabalho de parto, sem indicação clara.

11) Descolamento de membranas antes de 41 semanas de gravidez.

12) Descolamento de membranas sem prévia discussão e autorização da gestante.

13) Restringir a escolha do local de parto.

14) Desencorajar ou proibir o acompanhante/doula no parto da escolha da mulher, ou permitir a entrada de pessoas não autorizadas.

15) Internação precoce.

16) Exames de toque/remoção de rebordo de colo abusivos durante o trabalho de parto e de rotina.

17) Exames de toque/remoção de rebordo SEM o prévio consentimento da gestante.

18) Toque Retal.

19) Jejum, tricotomia (raspagem dos pêlos) e enema (lavagem intestinal).

20) Qualquer restrição à deambulação/liberdade de movimentos.

21) Estabelecer limites rígidos para a duração da fase latente, ativa e do período expulsivo.

22) Atrapalhar o processo fisiológico do parto, desconcentrando a gestante.

23) Monitoração fetal contínua ao invés de intermitente (onde o profissional ausculta o bebê de tempos em tempos com o sonar).

24) Uso rotineiro de soro com ocitocina/indução com misoprostol.

25) Uso rotineiro de analgesia de parto.

26) Oferecer ou insistir na analgesia de parto sem que a mulher a tenha solicitado.

27) Amniotomia de rotina (rompimento da bolsa).

28) Puxos precoces (treinar fazer "a" força, antes que a mulher possa sentir os puxos).

29) Puxos dirigidos ("faça força agora", "força comprida", etc).

30) Manobra de Valsalva (orientar a "trincar os dentes e fazer força").

31) Desestimular a escolha pela mulher da posição/ambiente em que quer parir.

32) Manobra de Kristeller (empurrar o fundo do útero)/pressão de qualquer intensidade no fundo uterino/"só uma ajudinha".

33) Manobra de "divulsão" perineal e/ou massagem perineal sem consentimento da mulher.

34) Episiotomia.

35) Não permitir o nascimento espontâneo.

36) Aplicar fórceps e vácuo de rotina e/ou sem autorização da mulher.

37) Sutura rotineira das lacerações.

38) Revisão instrumental do canal de parto de rotina (fórceps, vácuo extrator).

39) Cesariana intraparto sem indicação precisa e sem caráter de emergência.

40) Ligadura precoce do cordão, sem aguardar parar de pulsar.

41) Entregar um bebê vigoroso ao neonatologista para secar e aquecer, afastando-o da mãe.

42) Aspiração de rotina das vias aéreas do recém-nascido.

43) Passagem de sonda de rotina no recém-nascido, para pesquisar atresia de coanas, atresia de esôfago e ânus imperfurado.

44) Uso rotineiro de Credé (colírio de nitrato de prata).

45) Levar bebês saudáveis para o berçário.

46) Fazer qualquer procedimento com o RN sem consultar e obter autorização dos pais.

47) Não permitir o delivramento (saída da placenta) espontâneo.

48) Revisão manual da cavidade uterina de rotina, mesmo em casos de cesárea anterior.

49) Oferecer bicos, chupetas, mamadeiras, com leite artificial para o recém-nascido.

50) Aplicar vacinas sem o consentimento e autorização dos pais.

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Postagem coletiva: Criação com apego, mais amor menos preconceito!





Nossa contar como é minha vida depois que me tornei mãe, de uma forma inesperada aproposito, vai ser difícil! São tantas experiências, lagrimas, sorrisos, carinho, tetão gostoso...mas vou tentar ser breve, rsrsrsrs. Sou mãe de duas crianças lindas. O Bernardo, nascido de cesárea e amamentado até quando ELE quis, até 2 anos e 4 meses. E da Sofia, nascida de parto normal hospitalar, e que ainda mama, ela  esta com 2 anos e 4 meses.


Quando meu primeiro filho nasceu, passei por muitas dificuldades devido a uma Depressão Pós Parto. Foram alguns meses não querendo cuidar de meu filho, sendo tomada por um sentimento horroroso, insano... Mas o que me "salvou" neste período foi a amamentação, que diga se de passagem foi muito difícil no 1º mês. Quando pegava meu filho, a cada hora, para amamentar voltava a mim, ficava sã novamente. Neste momento percebi que não só ele precisava desse colo, como eu também precisava. Depois que superamos essa DPP me vi uma Super Mãe!! Eu instintivamente sabia tudo que meu filho precisava e não precisava. Tinha algumas informações sim. Lia e leio muito. Mas era o meu instinto materno que falava mais alto.


Recebi varias dicas de como criar meu filho..."deixa chorar, não dá colo, dá uma mamadeira para  tu descansar, amamenta a cada 3 horas, não mima!". Aff!! Quando ouvia este tipo de coisa ficava louca. Até tentei por 2 dias o "deixa chorar", mas para que??? Para meu filho perceber que esta sendo ignorando pela própria mãe? NÃO! Me neguei a acreditar que isso, essa distancia entre nós, era o melhor. Sem saber do método da Cama compartilhada, comecei a pratica- la com meu filho (instintivamente). Foi maravilhoso, com noites tranquilas, de descanso  para toda família.


Criei (e crio) meu primeiro filho totalmente o contrário do que a sociedade acha melhor! Dava muito colo, muitos beijos, cheiros, brincava de montão, Bê mamava a vontade. E creio  que foi essa criação com apego, que facilitou a nossa vida em muitas etapas. Bê saiu com 2 anos e 4 meses das fraldas, decidiu parar de mamar nesta mesma época, pediu com 2 anos para dormir na própria cama. Todos estes "mimos" fizeram meu filho ser confiante e destemido para enfrentar cada etapa, cada mudança da vida dele.


Quando minha filha nasceu, já tinha muito mais informação do que com o Bê. Sabia que tudo que havia feito (instintivamente) com o 1º filho tinha base, estudos que mostravam quão 'acertiva' estava. Com a Fifi ainda pude me beneficiar do sling, das fraldas de pano....


Hoje os 2 vão em escola normal. Sofia no jardim e Bernardo na pré escola. A adaptação deles foi difícil, mas não deixei-os sozinhos até que criassem um vinculo com aquele ambiente. Fiquei 1 mês, todas as tardes, observando e auxiliando cada um deles, com suas limitações. Não forcei nada. Os dois sempre pegavam a mochila e iam para a escola. Devia ter feito o contrário? Devia ter deixado chorar?? NÃO! E nunca vou fazê-lo. Muitas pessoas me olhavam torto por estar ali na escola, mas eu não me importava. Fiquei com eles  até perceberem o quão legal é vivenciar esta experiência, já que queriam ir a escola. Fifi em 2 semanas já estava enturmada e amando as atividades. Bê precisou um pouco mais de atenção, mas em quase 1 mês percebeu que não havia por quê temer,que eu sempre voltaria.


Vou estar sempre ao lado deles se eles precisarem. E não me arrependo de criá-los com apego! De "abrir mão" por eles!





quarta-feira, 16 de maio de 2012

Das dores - por Ana Cris Duarte (parteira)

Texto ótimo escrito pela parteira Ana Cris! TODAS as mulheres deveriam ler, grávidas ou não!

PESSOAL - TP DA SEGUNDA GESTAÇÃO


Eu acho que qualquer convera sobre parto (e qualquer realidade), deveria começar com: “você tem direito a analgesia de parto quanto e quando você solicitar. tudo bem? tranquila? agora vamos falar sobre dor do parto?” 
Nossa sociedade e a maioria das sociedades ocidentais fazem grande alarde sobre a dor do parto, insistindo que é praticamente insuportável. existem até comparações feitas por anestesistas (via de regra homens), dizendo que a dor do parto se assemelha à dor de arrancar um dedo. acho incrível que alguém possa comparar dores, para começar. a não ser que a pessoa tenha parido e tenha tido um dedo arrancado, essa comparação é, antes de tudo, uma piada de mal gosto, tanto do ponto de vista das mulheres quanto dos mutilados sem um dedo. 
a dor do parto se assemelha à dor de dar à luz e a nenhuma outra. ela pode ser insuportável para umas e perfeitamente manejável para outras. não tem como saber antes de experimentar a sensação. mas antes que você enlouqueça e contrate um anestesista no dia em que seu noivo te peça em casamento, vão aqui algumas dicas para tranquilizar seu coração:
1. as contrações começam fracas e curtas, com a sensação de uma cólica em geral leve, que começa fraca, tem um pico mais forte e fica fraca novamente, até desaparecer. isso dura por volta de 30 segundos no início. elas vão ficando mais fortes, mais longas e mais frequentes à medida que o parto evolui. o máximo a que elas chegarão será numa frequência de uma a cada três ou quatro minutos. vão durar até 60 a 90 segundos. e nos intervalos você poderá respirar, descansar e até dormir.
2. as dores que em geral conhecemos são as dores negativas de algo que não está certo, um dente inflamado, um ligamento distendido, uma pancada, uma queimadura. a dor do parto é diferente de todas as outras porque ela vai te trazer um bebê, seu filho. a sensação dessa dor é portanto positiva, a não ser que chegue a níveis muito fortes da metade para o fim.
3. embora em geral estejamos acostumados a ligar o termo “dor” com “sofrimento”, a verdade é que nem toda dor é sofrida. quando fazemos um exercício mais puxado e no dia seguinte sentimos dores musculares do esforço, não tomamos medicamentos nem nos sentimos sofredoras, pelo contrário, enchemo-nos de orgulho. a dor do parto também pode ser vivenciada da mesma forma.
4. a parte mais intensa é a da dilatação. quando o bebê começa a descer pelo canal de parto, a tal “passagem”, em geral a dor é substituída por uma incrível sensação de pressão e uma vontade incontrolável de fazer força. para a maioria das mulheres, o nascimento em si, a passagem do bebê, é bem mais fácil de lidar do que a fase da dilatação em si.
5. para as mulheres que desejam um parto sem dor, a analgesia peridural é uma opção disponível a partir do momento em que a mulher deseje não sentir mais dor. quanto mais tarde se usa a anestesia, menos ela atrapalha o parto. mas lembre-se que é melhor um parto atrapalhado por analgesia do que uma cesariana porque você acha que
não vai dar conta. no entanto a analgesia de parto é longa, o anestesista precisa estar presente o tempo todo, o que faz com que em algumas cidades e em alguns hospitais ela não seja uma opção para as mulheres. quanto melhor a equipe de anestesistas, melhor a disponibilidade para quem precisa do recurso.
6. não existe muito cedo nem muito tarde para se solicitar analgesia de parto. o procedimento leva cerca de dez a quinze minutos para ser feito e pode durar até muitas horas, de acordo com a conveniência da parturiente.
7. a anestesia de parto não passa para o bebê, ela fica restrita ao espaço da coluna vertebral onde é aplicada. no entanto ela pode provocar vasodilatação, baixa pressão arterial e reflexos desses problemas na placenta e na oxigenação do bebê. portanto ela não é isenta de riscos. no entanto a anestesia da cesariana é ainda mais forte e também pode dar os mesmos problemas, com frequência ainda mais elevada, dada a quantidade maior de anestésicos que é aplicada.
8. antes do recurso da analgesia, existe outros bastante eficientes que ajudam a diminuir a sensação de dor, como as massagens localizadas, bolsas de água quente, banhos de chuveiro e de imersão em água à temperatura do corpo. uma doula experiente também pode ser de grande ajuda, oferecendo dicas de conforto, massagens eficazes e palavras de apoio que são como bálsamo para uma mulher determinada a um parto natural.
9. as equipes que trabalham com parto natural e analgesia se necessário relatam taxas de cesariana de 10 a 15%, e taxas de analegesia nos partos normais entre 5 e 30%. em outras palavras, mesmo que as drogas estejam disponíveis, a maioria das mulheres consegue lidar bem com as contrações do parto e acabam não necessitando do
recurso.
10. as sensações naturais do parto provocam a produção de uma incrível cascata de “hormônios do bem”, que afetam igualmente a mãe e o bebê. abrir mão desse coquetel de hormônios é perder a oportunidade de uma experiência transcendental incrível, inédita e só replicável no próximo parto. não deixe de conhecer essa sensação e de testar os seus limites. experimente, conheça seus recursos e acima de tudo, escolha uma boa equipe para te auxiliar nesse processo.


domingo, 13 de maio de 2012

FELIZ DIAS DAS MÃES!!

Meu filho Bernardo
Minha filha Sofia


Quero dar os PARABÉNS à todas as mães que visitam este blog, em busca de informação para tomarem decisões conscientes em todas as etapas da Vida! Ser Mãe é maravilhoso sim!!! 
Você vai abrir mão das noites bem dormidas; da comida farta e quentinha; daquele bombom maravilhoso, que você estava louca para devorar (meu caso, rsrsrs); dos passeios calmos e sem sustos; do silêncio na hora do filme; da privacidade no banheiro; da cama espaçosa; de um dia de trabalho tranquilo, sem revezes por causa do filho.... Você mãe terá que preparar as refeições com todo cuidado e carinho; vai ter que se alimentar bem e dar o exemplo; se portar bem;  fazer lanche para a escola; ajudar na lição de casa; passear horas no parque sem se queixar; escolher o que vai ver na TV e pensar no que vai dizer em algumas situações; vai gastar todas as horas do dia pensando e cuidando de seu filho; vai gastar muita grana com roupas, calçados, com Educação ....mas mesmo assim, parecendo algo impossível de se fazer bem, que é CRIAR um Ser, você vai AMAR fazê-lo!
Abrir mão do que você era, para se tornar uma pessoa melhor, pelo seu filho... é sem dúvidas o MELHOR PRESENTE que ele poderia ter te dado!!
Vou deixar algumas fotos minhas, dos meus momentos na maternidade, que sei que muitas passaram ou passarão.... em homenagem a vocês!!

FELIZ DIAS DAS MÃES!!















































Sofia

Bernardo

domingo, 6 de maio de 2012

Eu preciso de uma Doula se eu tenho uma parteira?


Texto muito bom! Leiam...
google imagem
(Tradução livre do texto “Do I need a doula if I have a midwife?” do site Spinning Babies)
Nas primeiras horas da noite, uma mulher trabalha para trazer à luz o seu bebê. Seu coração já está aberto e seu corpo está se abrindo. Ela sabe que seu corpo foi projetado para este milagre. Ela só precisa de um lugar em que ela se sinta segura e de pessoas a quem ela possa confiar a tarefa de prestar atenção aos detalhes. Ela sabe que terá que abrir mão de estar alerta aos detalhes para permitir que seu trabalho de parto progrida.
O cheiro de seu companheiro é, em si, reconfortante. Seu companheiro representa a história de quem ela vem sendo. Ela quer que ele assista ao parto, para fazer parte do evento que funda quem ela se tornará.
Ela escolheu uma parteira por sua paciência com o processo natural de nascimento. Sua parteira também sabe como lidar com complicações comuns e conhece os sinais que significam a necessidade de transferência para outro cuidador, como um médico de família ou obstetra. Sua parteira não só acredita na “normalidade” do parto em geral, mas também é capaz de avaliar e validar que seu trabalho de parto está correndo bem.
No início do trabalho de parto, o conforto proporcionado por seu companheiro é suficiente. Em trabalho de parto ativo, a presença da parteira é reconfortante para ela e seu parceiro. No entanto, enquanto o céu clareia, o trabalho de parto torna-se ainda mais intenso.
Nossa mulher em trabalho de parto percebe seu companheiro afastando-se um pouco dela. Isso acontece quando ela mergulha mais fundo no trabalho de parto, naquele lugar primitivo para onde seu parceiro não consegue segui-la. A parteira, também, parece distante por um momento. Ah, lá está ela! Trazendo seus instrumentos para mais perto. (…) Ela ouve, então, a parteira rasgando o pacote de papel que mantém as luvas estéreis.
Uma contração cobre-a, sacudindo-a em direção ao seu interior. Espere! Ela quase não consegue vencê-la. E imagina se vai conseguir ultrapassá-la ou se a contração vai submergi-la. Ela, então, sente um toque quente em seu ombro, ouve seu nome falado amavelmente. A doula está lá. Sim, é isso mesmo, mulheres dão à luz e é assim mesmo.
Agora ela sabe que será capaz também. Uma contração em seguida vem. A doula está cara a cara com ela, falando em ritmo calmo. Seu parceiro vê como a transição pode ser suportada e se aproxima, confiante novamente.
De repente vem essa força poderosa de dentro dela, o desejo de empurrar. A parteira fala. Sua voz leva-a por esta transformação quase esmagadora. A parteira mostra-lhe como respirar de forma a evitar uma laceração e levar oxigênio para seu pequeno, apenas alguns centímetros ainda dentro de seu corpo. A doula lembra a ela que seu corpo é capaz de dar à luz.
Nos dias que se seguirão, ela espera compartilhar reflexões do nascimento com a sua parteira. Ela está ansiosa por ouvir a opinião da parteira sobre seu trabalho de parto e obter alguns detalhes. Ela busca a parteira para ouvir sobre sua força de parideira e dos altos e baixos do seu trabalho de parto. O que a parteira diz parece validar a sua iniciação no mistério que é o parto.
Ela também vai falar com sua doula, provavelmente várias vezes, sobre o parto. Mesmo a doula tendo estado lá, recontar o parto juntas insere a história na trama do tecido de sua nova maternidade. Ela vê o rosto da doula se iluminar de admiração e celebração, o que permite que ela saiba que ela conseguiu se tornar uma mãe de forma vitoriosa. Sua doula é uma parceira que compartilha de sua comunhão.
Eu sou uma parteira que também foi uma doula durante muitos anos. Os papéis podem sobrepor-se. Ambos celebram a força e a glória das mulheres parindo, mas os papéis são diferentes.
A doula está preocupada com a experiência emocional da mãe em primeiro lugar. A parteira deve estar preocupada com a segurança e a saúde da mãe e seu bebê em primeiro lugar. A doula é uma parceira, como uma nova amiga com experiência em partos. Quando o parto ocorre em um hospital, a doula pode ser a única pessoa que objetivamente se encontra com a mulher durante a gestação, mantém-se ao seu lado durante o parto e passa momentos com ela após o bebê ter nascido.
Parto é pessoal. Confiança é uma estrada íntima em direção a uma função fisiológica. Podemos confiar no nascimento não apenas em razão de uma vantagem estatística, mas porque o vivemos em um equilíbrio entre a fisiologia e nosso mundo relacional, com pessoas que amamos e com quem mantemos uma comunhão. Paz em ambos os lados, fisiológica e no campo das relações, requer o equilíbrio entre ambos. A doula tem como objetivo eliminar os obstáculos à paz, enquanto a parteira mantém-se atenta aos obstáculos do parto.
A parteira é um papel antigo renovado para os tempos modernos. A doula é um papel moderno refletindo os tempos antigos.
Retirado daqui

terça-feira, 1 de maio de 2012

Matéria: Quase 10 anos – A história de uma educação sem palmadas


Texto muito bacana! Não quero gerar polêmica, mas sim fazer com que reflitamos sobre nossos atos e nosso papel diante de nossos filhos, diante da sociedade. Eu penso e na minha experiência como filha e depois como mãe, que bater não resolve nada, e gera insegurança, medo e rancor dos nossos filhos. Eles passam a ser violentos com os colegas, amigos, pais gerando um circulo viciosos de violência. Leiam o texto:

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Vivemos em uma cultura em que a palmada faz ou fez  parte do cotidiano de muitos brasileiros. Atualmente o tema vem sendo debatido e até uma lei está a caminho. Esse texto traz a experiência e algumas dicas de uma mãe.

Resolvi fazer este texto, relatando os diversos aprendizados que tive, ao longo desses quase 10 anos (minha filha faz 10 em julho). Aprendizados que tive trocando experiências com outras mães em redes sociais (como na comunidade Pediatria Radical), que li em livros, em blogs, filmes, conversas com amigos e, principalmente, LEMBRANDO DE MINHA PRÓPRIA INFÂNCIA E OBSERVANDO MINHA FILHA, e até mesmo pelos exemplos negativos que tive de como NÃO educar uma criança.
Para mim, aprender a educar SEM PALMADAS foi/é tão gratificante, que eu me sinto na obrigação de compartilhar o que aprendi.
Aprendizado 1:
ASSUMA O PAPEL DE PAI/MÃE.
Essa é, sem dúvida, a primeira coisa que se deve fazer quando se pretende educar um filho: assumir o papel de educador. 
Não importa se o dia foi estressante, se você está de TPM, se a criança está birrenta, se você não sabe o que fazer pra contornar um conflito, ... você (pai/mãe) é quem deve ter maturidade, você (pai/mãe) é quem tem o controle da situação, você (pai/mãe) é que se permite perder o controle. A responsabilidade é sua.
Assumir o papel de pai/mãe é também colocar a criança no seu papel, qual seja: de CRIANÇA.
Portanto, por mais óbvio que isto seja, algumas pessoas não se atentam pra essa obviedade:
Pai/Mãe é Pai/Mãe = adultos, que devem agir com maturidade e que tem o direito/obrigação de cuidar e educar os filhos.
Filho é Filho = Criança, imatura, em processo de desenvolvimento, que tem o direito de ser cuidada e educada pelos pais.
Aprendizado 2:
CONHEÇA UM POUCO SOBRE DESENVOLVIMENTO INFANTIL.
Você não precisa ser expert em psicologia ou entender as teorias de Freud (que, aliás, são controversas). Mas procure ter conhecimentos básicos  sobre o desenvolvimento infantil, como os saltos de desenvolvimento, crise dos 8 meses (angústia da separação), terrible two, a angústia causada pela noção da morte (por volta dos 6 anos), etc.
Ter conhecimento sobre a fase que seu pimpolho está passando ajuda enormemente a entender muitas de suas atitudes. E assim, entendendo as atitudes dos nossos pequenos, fica muito mais fácil lidar com elas. Além de evitar que tenhamos interpretações completamente errôneas como “esse bebê só quer colo porque está mimado”, ou “essa criança fica me testando o tempo todo”, etc.
Aprendizado 3:
CRIANÇA É CRIANÇA
Esse aprendizado está muito interligado ao aprendizado anterior (“Conheça um pouco sobre o desenvolvimento infantil”).
Criança vê o mundo de forma diferente dos adultos.
Portanto, não interprete as atitudes dos pequenos como você interpretaria as mesmas atitudes praticadas por um adulto.
Por exemplo, se um adulto diz, de forma proposital, algo que não condiz com a realidade: isso se chama mentira. Já, quando uma criança pequena diz algo que não condiz com a realidade: isso não é uma mentira (pode ser uma confusão que ela faz entre o pensamento e a realidade, ou pode ser a resposta que ela pensa ser a “resposta certa” que os pais estão esperando ao ser questionada sobre algo).  
Assim, um adulto falar algo que não condiz com a realidade é MUITO DIFERENTE de uma criança falar algo que não condiz com a realidade.
Além disso, como já foi dito anteriormente, crianças tem suas fases. Eu sei, é chato quando ouvimos “isso é fase, vai passar”. Mas é a mais pura verdade e devemos também levar em consideração a fase que a criança está passando para interpretar suas atitudes.
Outro exemplo de atitude equivocadamente interpretada por muitos adultos, eu falarei nos aprendizados a seguir:
Aprendizado 4:
CRIANÇA PEQUENA NÃO TEM CAPACIDADE PARA OBEDECER – AS ATITUDES DEVEM VIR DOS ADULTOS.
É isso aí gente: criança pequena NÃO OBEDECE. Ponto.
Ter consciência de que criança pequena não tem capacidade para obedecer foi um dos melhores aprendizados que eu já tive e que mais me ajudou, além de evitar uns 50% de estresse do dia-dia.
Esperar que uma criança de 3 anos obedeça é tão inútil quanto pedir para um bebê de 7 meses trocar a fralda sozinho. 
E por que a criança não obedece? Simplesmente porque ela ainda não tem essa capacidade. O cérebro dela sequer está completamente formado para que ela seja capaz de conter seus impulsos. Muito pelo contrário, nas crianças pequenas, são seus impulsos, suas vontades, seus desejos, que a controlam.
Além disso, a criança mantem uma relação muito forte com o objeto de desejo, com o que quer fazer.
Quando uma criança quer algo, sai de baixo! Ela QUER com todas as suas forças. E fica obcecada pelo objeto de desejo. Grita, esperneia, chora e berra. Assim, se ela QUER muito fazer algo e você disser pra ela não fazer tal coisa, ela não vai te obedecer.
Portanto, esqueça a obediência. Criança NÃO tem que ser OBEDIENTE. Criança precisa ser EDUCADA.
E como se educa a criança a ter controle sobre si própria? Da mesma forma que a gente deve educá-la a trocar de roupa sozinha. Ou seja: primeiro nós fazemos por ela (o adulto é que troca a criança), depois passamos a ajudá-la a fazer (a gente ajuda a criança a se trocar) e, então, ela passará a fazer sozinha (a criança troca-se sozinha).
É basicamente a mesma coisa.
Portanto, para ensinar a criança a conseguir ter autocontrole, inicialmente, são os pais que devem fazer isso por ela.
Cabe ao adulto, através de atitudes, IMPEDIR COM QUE A CRIANÇA FAÇA O QUE NÃO PODE. Da mesma forma, cabe aos adultos, através de atitudes, LEVAR CRIANÇA A FAZER O QUE DEVE SER FEITO.
Deste modo, se a criança quer brincar com uma faca: a responsabilidade é sua (adulto) de retirar a faca da criança. Se a criança quer permanecer em algum local perigoso, a responsabilidade é sua (adulto) de retirá-la do local. Se a criança não quer escovar os dentes, a responsabilidade é sua (adulto) de levá-la a escovar os dentes. Se a criança está subindo em cima de um sofá na casa de uma visita, a responsabilidade é sua (adulto) de impedir tal fato. A responsabilidade é sempre sua. É você, adulto, que vai controlá-la.
Com o passar do tempo, a criança vai criando autocontrole, e aí você vai passar a ajudá-la neste autocontrole. Até que, então, a criança conseguirá se controlar sozinha. 
Aqui, podemos retomar os aprendizados anteriores: Assuma o papel de pai/mãe; Conheça um pouco sobre desenvolvimento infantil e Criança é criança.
Aprendizado 5:
NÃO SE COLOQUE NA POSIÇÃO DE DESAFIADO
Esse aprendizado é uma consequência dos aprendizados anteriores, como veremos:
Levando-se em conta que os pais é que estão sempre no controle da situação, que não devemos interpretar as atitudes de uma criança da mesma maneira que interpretamos a mesma atitude em um adulto, que a criança é um ser em desenvolvimento e que tem direito de receber cuidados e educação dos pais, e ainda, considerando que a criança não tem capacidade para obedecer, chegamos à conclusão que CRIANÇA NÃO TESTA OS PAIS, SENDO OS PAIS QUE SE COLOCAM ERRONEAMENTE NO LUGAR DE TESTADOS.
Vamos imaginar a cena: Você está na casa de uma visita e seu filho de dois anos vai em direção a um lindo enfeite de cristal. Talvez o objeto tenha chamado a atenção do pequerrucho pela forma, ou pelos feixes de luz que reflete, ou sabe-se lá porque. Fato é que a criança vai ao encontro daquele valioso e delicado artefato. A mãe, vendo o perigo da situação, grita: “Filho, não mexa aí!”. A criança obedece? Se a criança quiser muito tocar naquele objeto, provavelmente ela irá se virar para a mãe e, olhando nos olhos da mãe, pega o objeto.
Ora, se você disser pra um adulto não pegar tal coisa e, ainda assim, ele pegar. E pegar o objeto olhando pra você, certamente isso é um desafio. No entanto, não é dessa forma que deve ser interpretada a mesma atitude, se praticada por uma criança.
A criança te “desobedece” pelo simples fato de que ela não é capaz de obedecer (lembra?) Ela não é capaz de fazer aquilo que ela está com vontade (São as vontades, os impulsos e os desejos que a controla. Lembra disso também?) Ela sabe que aquilo é errado e que aquilo vai gerar uma atitude negativa nos pais (talvez é por isso que a criança já faz a coisa errada olhando para os pais. Às vezes até com uma cara feia, esperando e se preparando para a bronca). No entanto, por mais que ela saiba que aquilo que ela está fazendo é errado, ela não tem condições de não fazê-lo. Portanto, não interprete essa atitude como desafio. Interprete essa atitude como IMATURIDADE. Afinal, é disso que se trata.
Interpretar a atitude de desobediência como desafio por parte da criança é bem perigoso e poderá causar dificuldades lá na frente.
Explico porque: Crianças veem as coisas de acordo com o olhar dos pais.
Por exemplo: se os pais veem uma atitude agressiva normal, a criança passará a achar esta atitude agressiva normal também.
Portanto, se os pais veem a atitude da criança em desobedecer numa atitude desafiadora, a criança também passará a ver a desobediência dela como uma atitude desafiadora.
Agora pense na insegurança que isso poderá gerar numa criança?! Justamente os pais, muito maiores e mais velhos que ela, que deveriam ser mais maduros e mais inteligentes, que deveriam cuidar, mostrar o certo e o errado, e que deveriam estar no comando, passam a se sentir “ameaçados”, desafiados, por ela, um serzinho muito menor. Isso gera uma insegurança tremenda na criança, fazendo com que ela sinta necessidade (aí sim) de desafiá-los, pra verificar se eles realmente estão no comando (se ela realmente poderá ser cuidada).
E antes, o que apenas era imaturidade, passa a ser, de fato, desafio.
Deste modo, não é a criança que te desafia, são os pais que se colocam na posição de testados.
Ora, não seja um(a) pai/mãe banana, se colocando na posição de testado por uma criança de 2,3 anos de idade.
Se você olhar a situação de desobediência tal como ela é (falta de maturidade, falta de autocontrole), tais atitudes da criança serão vista por ela mesma dessa forma. E então, além dela não ter necessidade alguma de passar a testar os pais (ela está segura e sabe que os pais tem condições de cuidá-la, pois não se sentem ameaçados e se posicionam como educadores, no comando da situação) fica mais fácil ela aprender a se autocontrolar.
E, logo, logo, ela passará a “obedecer”. Ou melhor, ela conseguirá, sozinha, controlar seus impulsos. 
Lembre-se dos aprendizados anteriores: Assuma o papel de pai/mãe. Tenha plena consciência de que você é que está no comando. Interprete as atitudes de criança como atitudes de criança. Se colocando dessa forma, a criança se sente segura, não precisará testar nada e vai aprender o que interessa: ter autocontrole.
Aprendizado 6:
APRENDA A DIALOGAR, CONSTANTEMENTE.
É muito comum ouvirmos falar “Conversa não adianta” Ou: “Já tentei de tudo, mas ele não me ouve.”
Isso não é verdade!
O que existe é que você, pai/mãe, não aprendeu a dialogar.
Está aí um dos grandes motivos pelos quais sou contra palmadas: palmadas impedem com que os pais e filhos APRENDAM a dialogar. Dialogar é um aprendizado, que deve ser revisto constantemente, pois a forma de dialogar vai mudando conforme o desenvolvimento da criança. Dialogar com um bebê de 1 ano, é diferente de dialogar com um de 3 anos, que é diferente de dialogar com uma criança de 5 anos, de 7 anos, com um pré-adolescente de 10 anos e por aí vai...
Além disso, para aprender a dialogar, são necessárias várias outras atitudes dos pais, sendo que todas elas ajudam a criar um maravilhoso vínculo entre pais e filhos e ajudam no bom desenvolvimento da criança.
Portanto, a palmada, além de impedir esse aprendizado – de diálogo entre pais e filhos – ela impede também com que ocorra tudo que está por trás desse aprendizado do diálogo. Não sei se estou conseguindo explicar o que eu quero dizer, mas é basicamente isso: a palmada evita o processo de aprendizado do diálogo. Mas não é só o diálogo que fica prejudicado, mas tudo que está por trás para alcançar este diálogo com a criança.
E, pra aprender a dialogar é necessário, antes de tudo, aprender a OUVIR. É necessário ter EMPATIA, se colocando no lugar da criança, observando a fase em que ela está, sua imaturidade, as mudanças que ela pode estar passando na sua vidinha. É necessário dar atenção ao filho. É necessário observar a criança. É necessário ter tempo com a criança. É necessário aprender como você consegue ser ouvido pela criança. E, também, é necessário criar uma relação muito forte com a criança, uma relação de afeto, de carinho, de respeito, de confiança.
E a forma de dialogar com a criança vai depender de cada família, de cada criança, e da idade dela (da fase que ela está passando).
Por exemplo, eu acredito que a melhor forma de falar aos bebês o que pode e o que não pode é através de atitudes dos pais (como descrito no aprendizado 4). Ou seja, a forma como você demonstra à criança pequenininha o que é certo e errado é através de atitudes. O diálogo se dá através de atitudes dos pais, principalmente.
Depois, quando minha filha era pequena (até os 3/4 anos), conversávamos através de historinhas. Eu ia contando uma historinha, utilizando como enredo situações que ela tinha passado, mas com personagens fictícios, e ela ia completando a historinha junto comigo, ou seja, se manifestando.
Outra coisa importante, é demonstrar os valores, sempre que possível. Por exemplo, você está assistindo um filme ou novela, a criança passa na sala bem num momento em que um personagem dá um tapa em outro. Se manifeste! Demonstre o quanto aquela atitude é errada. Diga coisas como “Nossa! Que horror!” ou “Que coisa horrível isso de alguém dar um tapa em outra pessoa!” Isso vale também para situações que você vê na rua, como, por exemplo, quando vê alguém jogando lixo no chão.
Crianças são ligadíssimas ao que acontece ao redor. Portanto, não deixe passar batido.
Outra coisa bacana é dar exemplos de quando você era criança, pois elas prestam a maior atenção pra saber de como nós, pais, éramos quando criança. 
Também aprendi a não ter grandes conversas nas horas das birras e estresse. A criança vai ficar na defensiva e não vai adiantar. Na hora da birra ou da “discussão” seja objetivo, sem muito blábláblá. Depois, numa hora calma, num momento de tranquilidade, em que ambos estejam de bom humor, relembre o ocorrido, de forma tranquila e na boa, e reforce a mensagem que você quer passar. Escute o que a criança tenha a dizer e exponha sua opinião. Você vai se surpreender em como, nessas horas, a criança realmente te escuta e até pede desculpas.
Costumamos ter conversas com minha filha à noite. Perguntamos se ela quer falar alguma coisa, se algo a está incomodando. Ela também nos pergunta se queremos falar alguma coisa sobre nosso dia, etc.
Tenho um casal de amigos com dois filhos que fazem “reuniões” semanais. Mas é possível solicitar uma “reunião” quando sentir necessidade. Cada um expõe o que quiser e sempre que um membro fala, os outros devem prestar atenção. Achei a ideia interessante.
Outras famílias conversam sobre o dia durante o jantar.
Sabe, eu me pergunto se todas famílias praticam isso: tirar um tempo do dia para sentar e conversar. 
Devo ressaltar também que, nesta questão do diálogo, não há regras gerais e imutáveis, sendo que a melhor forma de EU dialogar com MINHA filha, talvez não seja a melhor forma de diálogo entre VOCÊ e SEU filho. Isso vai depender de cada família, de cada criança. Por isso, é necessário cada pai/mãe observar seu filho e aprender a dialogar entre si.
Sim, dialogar funciona!
Aprendizado 7:
RECONHEÇA E LEGITIME O SENTIMENTO, CRITIQUE A ATITUDE NEGATIVA
Este é um aprendizado que devemos ter não só com as crianças, mas também com os adultos e também com nós mesmos.
Negar os sentimentos “ruins” é prejudicial, além de ser totalmente inútil.
Somos seres humanos, e, como tal, temos todos os tipos de sentimentos, inclusive sentimentos não muito nobres, como tristeza, raiva, ciúmes, inveja, dentre outros.
Como escreveu Clarice Lispector: “Pensar é um ato, sentir é um fato”.
E é isso que ocorre conosco: temos sentimentos ruins e não temos controle sobre eles.
Imagine você falando para uma criança: “Não precisa ter medo de trovão”
Ok, precisar não precisa, mas como faz pra não ter medo?
“Não fique triste”, “É feio ter inveja”, etc.
Adianta falar esse tipo de coisa? 
A criança apenas vai se sentir mal por sentir o que não é pra sentir, além dela não receber qualquer orientação em como proceder diante daquele sentimento ruim.
Portanto, ajude a criança a reconhecer e a manifestar verbalmente o sentimento e a oriente.
Por exemplo: “Tudo bem você ficar com raiva porque eu não fiz tal coisa, mas não grite e não bata a porta. Eu não admito que você grite comigo. Se acalme. Quer um copo d´água pra se acalmar? Quer ficar um pouco no seu quarto?”
Ou: “Eu entendo que você fica chateado quando está perdendo um jogo. É normal. Ninguém gosta de perder. Mas você não pode parar de jogar só porque está perdendo. Vai jogar até o fim e continuar tentando vencer.”
Demonstre pra criança que tudo bem sentir assim ou assado, mas o que importa são as atitudes. Assim, você a ajudará a aprender a reconhecer os seus sentimentos e a lidar com eles, de um modo construtivo.
Por exemplo, sabemos que crianças podem agir de forma agressiva, ou com manhas e birras, ou até mesmo fazendo xixi na cama quando algo as incomoda (muitas vezes nem mesmo elas sabem o que está incomodando).
Assim, se você ajudá-la a reconhecer os sentimentos, a verbalizá-los e a lidar com eles de forma positiva, com o tempo, a criança conseguirá reconhecer tais sentimentos e a compreendê-los. E, mais ainda, ela conseguirá manifestar estes sentimentos de forma construtiva e civilizada, sem precisar fazer manha, birras ou serem agressivas, apenas expondo verbalmente.
É muito melhor e muito mais fácil lidar com uma criança que chega e diz “Hoje eu estou um pouco nervosa por causa de tal coisa”, do que com uma criança que sequer consegue entender o que a está incomodando, passando a tomar atitudes agressivas, fazer birra, etc.
A criança precisa se sentir segura para expor o que sente. E precisa ser acolhida, sempre. Não julgue e não menospreze o sentimento dela. E a oriente com relação às atitudes.
Aprendizado 8:
SEJA SINCERO
Não tenho muito o que falar sobre este aprendizado, pois ele é muito simples. É apenas isso: Seja sincero.
Para crianças terem confiança nos pais é preciso que estes sejam sinceros.
Tenho pavor de promessas que os pais sabem que não irão cumprir, de enganar a criança, essas coisas.
Esse tipo de “enganação” faz com que suas palavras percam o valor. Aí, todo aquele processo de aprender a dialogar com a criança vai por água abaixo.
Portanto, seja sincero.
Além disso, quando você for explicar ou justificar algo para a criança, pense sempre a real necessidade daquilo.
Por exemplo, quando você precisar convencer a criança a tomar banho, pense e diga sobre a real necessidade de se tomar banho. As pessoas não tomam banho para ganhar sobremesa, ou para poderem jogar vídeo-game. As pessoas tomam banho para não ficarem fedidas (vivemos em sociedade) e para terem higiene, evitando doenças.
Quando a criança pergunta coisas que você não sabe, não tenha medo em dizer que não sabe.
Para finalizar, gostaria de citar dois artigos científicos que respaldam a não-necessidade e potenciais malefícios da utilização de palmadas na educação infantil. 
Primeiramente, este artigo sobre a ineficiência/perigo das palmadas, em português: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n2/a04v9n2.pdf
E finalmente, uma metanálise sobre castigos corporais, no link: http://www.endcorporalpunishment.org/pages/pdfs/Gershoff-2002.pdf
Nesta metanálise a autora apresenta resultados da associação entre castigo corporal e 11 comportamentos infantis, e os resultados são claros: castigos corporais (palmadas) foram associado com níveis mais altos de conformidade imediata (ou seja, a criança aprende a se submeter ao castigo e se conforma ao invés de questionar e tentar entender a origem do castigo e não vai atrás de um aprendizado) e agressão e baixos níveis de internalização moral e saúde mental a longo prazo. Lembrando que metanálises são ferramentas poderosas na ciência, pois avaliam os resultados de vários estudos independentes voltados a uma única questão, no caso, o castigo corporal.
Bom, por enquanto é isso. Espero que ajude alguém.
Bjs a todos!
Tatyana Marion Klein(36 anos), advogada em Curitiba, mãe da Luíza (9 anos).
Retirado daqui
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