PESSOAL - TP DA SEGUNDA GESTAÇÃO |
Eu acho que
qualquer convera sobre parto (e qualquer realidade), deveria começar com: “você
tem direito a analgesia de parto quanto e quando você solicitar. tudo bem?
tranquila? agora vamos falar sobre dor do parto?”
Nossa sociedade e a maioria das sociedades ocidentais fazem
grande alarde sobre a dor do parto, insistindo que é praticamente insuportável.
existem até comparações feitas por anestesistas (via de regra homens), dizendo
que a dor do parto se assemelha à dor de arrancar um dedo. acho incrível que
alguém possa comparar dores, para começar. a não ser que a pessoa tenha parido
e tenha tido um dedo arrancado, essa comparação é, antes de tudo, uma piada de
mal gosto, tanto do ponto de vista das mulheres quanto dos mutilados sem um
dedo.
a dor do parto se assemelha à dor de dar à luz e a nenhuma
outra. ela pode ser insuportável para umas e perfeitamente manejável para
outras. não tem como saber antes de experimentar a sensação. mas antes que você
enlouqueça e contrate um anestesista no dia em que seu noivo te peça em
casamento, vão aqui algumas dicas para tranquilizar seu coração:
1. as contrações começam fracas e curtas, com a sensação de
uma cólica em geral leve, que começa fraca, tem um pico mais forte e fica fraca
novamente, até desaparecer. isso dura por volta de 30 segundos no início. elas
vão ficando mais fortes, mais longas e mais frequentes à medida que o parto
evolui. o máximo a que elas chegarão será numa frequência de uma a cada três ou
quatro minutos. vão durar até 60 a 90 segundos. e nos intervalos você poderá
respirar, descansar e até dormir.
2. as dores que em geral conhecemos são as dores negativas de
algo que não está certo, um dente inflamado, um ligamento distendido, uma
pancada, uma queimadura. a dor do parto é diferente de todas as outras porque
ela vai te trazer um bebê, seu filho. a sensação dessa dor é portanto positiva,
a não ser que chegue a níveis muito fortes da metade para o fim.
3. embora em geral estejamos acostumados a ligar o termo
“dor” com “sofrimento”, a verdade é que nem toda dor é sofrida. quando fazemos
um exercício mais puxado e no dia seguinte sentimos dores musculares do
esforço, não tomamos medicamentos nem nos sentimos sofredoras, pelo contrário,
enchemo-nos de orgulho. a dor do parto também pode ser vivenciada da mesma
forma.
4. a parte mais intensa é a da dilatação. quando o bebê
começa a descer pelo canal de parto, a tal “passagem”, em geral a dor é
substituída por uma incrível sensação de pressão e uma vontade incontrolável de
fazer força. para a maioria das mulheres, o nascimento em si, a passagem do
bebê, é bem mais fácil de lidar do que a fase da dilatação em si.
5. para as mulheres que desejam um parto sem dor, a analgesia
peridural é uma opção disponível a partir do momento em que a mulher deseje não
sentir mais dor. quanto mais tarde se usa a anestesia, menos ela atrapalha o
parto. mas lembre-se que é melhor um parto atrapalhado por analgesia do que uma
cesariana porque você acha que
não vai dar conta. no entanto a analgesia de parto é longa, o anestesista precisa estar presente o tempo todo, o que faz com que em algumas cidades e em alguns hospitais ela não seja uma opção para as mulheres. quanto melhor a equipe de anestesistas, melhor a disponibilidade para quem precisa do recurso.
não vai dar conta. no entanto a analgesia de parto é longa, o anestesista precisa estar presente o tempo todo, o que faz com que em algumas cidades e em alguns hospitais ela não seja uma opção para as mulheres. quanto melhor a equipe de anestesistas, melhor a disponibilidade para quem precisa do recurso.
6. não existe muito cedo nem muito tarde para se solicitar
analgesia de parto. o procedimento leva cerca de dez a quinze minutos para ser
feito e pode durar até muitas horas, de acordo com a conveniência da
parturiente.
7. a anestesia de parto não passa para o bebê, ela fica
restrita ao espaço da coluna vertebral onde é aplicada. no entanto ela pode
provocar vasodilatação, baixa pressão arterial e reflexos desses problemas na
placenta e na oxigenação do bebê. portanto ela não é isenta de riscos. no
entanto a anestesia da cesariana é ainda mais forte e também pode dar os mesmos
problemas, com frequência ainda mais elevada, dada a quantidade maior de
anestésicos que é aplicada.
8. antes do recurso da analgesia, existe outros bastante
eficientes que ajudam a diminuir a sensação de dor, como as massagens
localizadas, bolsas de água quente, banhos de chuveiro e de imersão em água à
temperatura do corpo. uma doula experiente também pode ser de grande ajuda,
oferecendo dicas de conforto, massagens eficazes e palavras de apoio que são
como bálsamo para uma mulher determinada a um parto natural.
9. as equipes que trabalham com parto natural e analgesia se
necessário relatam taxas de cesariana de 10 a 15%, e taxas de analegesia nos
partos normais entre 5 e 30%. em outras palavras, mesmo que as drogas estejam
disponíveis, a maioria das mulheres consegue lidar bem com as contrações do
parto e acabam não necessitando do
recurso.
recurso.
10. as sensações naturais do parto provocam a produção de uma
incrível cascata de “hormônios do bem”, que afetam igualmente a mãe e o bebê.
abrir mão desse coquetel de hormônios é perder a oportunidade de uma
experiência transcendental incrível, inédita e só replicável no próximo parto.
não deixe de conhecer essa sensação e de testar os seus limites. experimente,
conheça seus recursos e acima de tudo, escolha uma boa equipe para te auxiliar
nesse processo.
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