quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mitos sobre o parto: Toques vaginais repetidos e de rotina?


O Núcleo Carioca de Doulas está publicando no Facebook uma série de posts chamada “Derrubando mitos sobre o parto”. O mito de hoje é: é sempre normal e necessário receber toques vaginais repetidos durante a gestação e o trabalho de parto!
O Núcleo divulgou essa semana uma lista das “50 intervenções desnecessárias durante a gestação, parto e pós-parto”, elaborada pela Ingrid Lotfi, com supervisão técnica de Melania Amorim e Maíra Libertad. O item 16 diz: “Exames de toque/remoção de rebordo de colo abusivos durante o trabalho de parto e de rotina.”
Ou seja, receber exames de toque repetidos e de rotina é uma intervenção desnecessária. Algumas pessoas estranharam que o toque vaginal possa ser considerado uma intervenção e, mais ainda, desnecessária (profissionais de saúde, inclusive).
Olhe bem a figura abaixo. Olhe de novo. Você acha mesmo possível que um exame vaginal não seja considerado uma intervenção? Um procedimento invasivo? E você acha justificável realizá-lo de rotina, sem uma indicação clara e, principalmente, sem o consentimento explícito da mulher?
Vamos relembrar algumas das razões mais comuns que, em geral, se acredita que justificam a realização de toque vaginal em uma mulher em trabalho de parto:
  1. Confirmar se a mulher está mesmo em trabalho de parto, qual é a evolução do trabalho de parto ou se há uma parada de progressão;
  2. Confirmar a dilatação do colo, quantos centímetros em cada momento ou se já há dilatação total;
  3. Confirmar a apresentação (sentado ou de cabeça para baixo) e avaliar o posicionamento da cabeça em relação à pelve (variedade de posição, descida etc.);
  4. Confirmar se a bolsa está intacta ou romper a bolsa artificialmente.
Como todo exame, o toque só deve ser realizado se o resultado da avaliação for necessário para direcionar o que vai acontecer a seguir. Muitas das razões descritas acima poderiam ser avaliadas de outras formas ou não necessariamente precisam ser avaliadas continuamente (a dilatação mesmo é uma delas). Se você não quiser ou não se sentir confortável em receber um toque, você pode (e deve!) perguntar ao profissional de saúde: Por que este toque vai ser realizado? Em que o resultado desta avaliação vai mudar a conduta? Fazer um procedimento de rotina significa fazê-lo em todas as mulheres, sem que haja uma indicação clara para utilizá-lo naquele momento específico, para aquela mulher em particular.
Você sabia que há mulheres que tiveram seus filhos de parto normal e que não receberam nenhum toque dos profissionais que as acompanharam? Ou que só receberam toques vaginais que elas solicitaram ou apenas após elas terem recebido explicações sobre as razões e dado consentimento? Hoje, diretrizes e protocolos de vários lugares do mundo recomendam: os toques devem ser realizados somente quando necessários e é desejável realizá-los com a menor frequência possível. Nada de toque de hora em hora ou a cada duas horas, de rotina. Se você desejar, você pode colocar no seu plano de parto que não quer receber toques de rotina e que eles só devem ser realizados com o seu consentimento informado.
Dois outros pontos importantes: (1) Não há razão para realizar toques vaginais durante a gestação sem que haja uma indicação clara. Alguns médicos realizam toques de rotina em todas as consultas pré-natais ou a partir das 36 semanas. Esta também é uma intervenção desnecessária. (2) Toques vaginais devem ser realizados por profissionais habilitados tecnicamente para acompanhar partos (médicos, enfermeiras e obstetrizes), que vão efetivamente identificar informações relevantes através deste procedimento e utilizá-las para tomar decisões. Doulas não fazem toque vaginal.
Você acredita que sofreu toques excessivos, abusivos, desnecessários ou que você não desejava? Ou conhece alguém que passou por isso? Ou, por outro lado, você conhece alguém que não recebeu nenhum toque ou apenas aqueles estritamente necessários? Conte sua história. Vamos mostrar pras mulheres que é possível!

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