sexta-feira, 4 de março de 2016

Amamentação durante a gravidez e em tandem

Ola queridos e queridas! Depois de um fim de ano e começo de ano avassalador, de muita dor e aprendizado, aos poucos volto a compartilhar aqueles artigos, textos e pensamentos de profissionais que vão abrir nossos horizontes! Gratidão a todos que curtem o blog, a minhas douladas e doulandas. 
Para começar, vou compartilhar este texto, retirado de um trabalho de conclusão sobre Amamentação na gestação e em Tandem. É esclarecedor e poe a baixo muitos mitos. Espero que curtam!

Não esquecem de sinalizar o que acharam e de compartilhar!

Beijos Analu

Sofia mamando e Joaquim no ventre
Como acontece com a amamentação de forma geral, há muitos mitos sobre amamentar durante a gravidez e em tandem (amamentar em tandem é amamentar duas crianças de idades diferentes ao mesmo tempo), que são com frequência sustentados por profissionais da saúde muito mal informados. A principal associação de apoio à amamentação da Catalunha (Alba Lactancia) fez um pequeno estudo sobre o tema, que chegou à conclusão que muitos já esperávamos: a amamentação em tandem só tem benefícios, é uma beleza! Compartilho aqui com vocês os resultados e as conclusões:
1) A amamentação durante a gravidez não prejudica a saúde da mãe.
Costuma-se acreditar que a mãe vai ficar sobrecarregada nutrindo o bebê de dentro e o de fora ao mesmo tempo. De acordo com o estudo, não houve difereças significativas no ganho de peso da mãe nas duas gravidezes. Curiosamente, na segunda gravidez, em que estavam amamentando, as mães tiveram um aumento de peso ligeiramente maior (13.86Kg na segunda vs 12.19Kg na primeira). Também não houve mais casos de anemia na segunda gravidez, em que as mães estavam amamentando, do que na primeira, sem amamentar.
2) A amamentação durante a gravidez não aumenta o risco de aborto ou parto prematuro.
Muitos médicos dizem às mães que elas devem parar de amamentar porque a amamentação produz a oxitocina, o mesmo hormônio que provoca a contração uterina no parto, e isso poderia causar um aborto ou um parto prematuro. Não seria possível que a amamentação provocasse um aborto, já que os receptores de oxitocina no útero não se ativam até o sexto mês. Também é verdade que o orgasmo produz muita oxitocina, e nenhum médico diz que o sexo pode ser perigoso, a não ser em casos de gravidez de risco. No estudo feito pela Alba Lactancia, não houve nenhum caso de parto prematuro entre as mães que amamentaram durante a gravidez, e também nenhum caso de aborto. Mais da metade das mães (57.57%) tiveram contrações leves durante a amamentação, que cediam quando a criança largava o peito. E as gravidezes com amametação não duraram menos do que as primeiras gravidezes, em que as mães não estavam amamentando (a média foi de 39.75 semanas na primeira gravidez e 39.45 semanas na segunda, dando o peito, praticamente a mesma duração). Na verdade, muitas mães que viam que a segunda gravidez se prolongava muito tentaram fazer com que os filhos mamassem mais para tentar favorecer o início do trabalho de parto e nenhuma alcançou o objetivo, todos os bebês nasceram quando tinham que nascer. Entretando, concluíram que no caso de uma gravidez de risco, em que se recomenda repouso absoluto, não fazer sexo, etc, também é uma boa ideia interromper a amamentação. Com exceção desses casos, parece mesmo que a amamentação não representa um fator de risco para a gravidez.
3) A amamentação durante a gravidez não prejudica o desenvolvimento do feto.
Outro mito é de que o filho que está mamando vai “roubar” os nutrientes que deveriam ir para o bebê que está em formação na barriga. De acordo com o estudo, o peso do segundo filho, gerado durante a gravidez com amamentação, em média foi na verdade ligeiramente maior do que o peso do primeiro filho, gerado sem amamentação (peso do primeiro filho 3,353Kg, e peso do segundo filho, com amamentação 3,511Kg).
4) A amamentação em tandem não afeta negativamente o correto desenvolvimento do recém-nascido.
Costuma-se acreditar que o filho mais velho vai mamar “todo o leite” e que não vai sobre nada pro pobrezinho que acabou de nascer. Mas nós sabemos bem que quanto mais sucção houver mais leite será produzido, ou seja, um irmãozinho maior mamando na verdade ajuda a aumentar a produção de leite pro pequeno, que ainda não mama com tanta eficácia, e favorece que o leite saia mais facilmente. No estudo, os bebês mais novos ganharam no primeiro mês 21% mais de peso do que o irmão mais velho tinha ganhado no seu primeiro mês de vida. A perda de peso nos primeiros dias também foi menor, já que quando o irmão mais velho mama o colostro sai mais facilmente e em maior quantidade.
5) A amamentação em tandem não prejudica a saúde do filho mais velho.
Pelo contrário, é claro, o filho mais velho desfruta dos benefícios da amamentação por mais tempo e toma o colostro, esse leite tão poderoso, duas vezes. Pode ser que o filho mais velho apresente as fezes um pouco mais desfeitas ou que tenha um pouco de diarreia quando aparece o colostro, por volta do terceiro trimestre para a maioria das mães, e isso se deve ao efeito laxante que o colostro tem. Porém, isso não é patológico e não tem nenhuma importância.
6) A amamentação em tandem favorece uma melhor relação e adaptação entre os irmãos.
Que bonito! Obviamente a amamentação em tandem não garante que o filho mais velho não vai passar pela sua difícil fase de ciúmes mortais, o que é muito normal. Mas é claro que dividir o peito entre os dois, ao invés de transferir a exclusividade para o mais novo, pode dar uma boa ajudinha.
Outras curiosidades sobre o tema:
-Se ocorrer um desmame espontâneo durante a gravidez, ou seja, se o próprio filho resolver largar o peito, isso pode ser resultado de uma queda na produção de leite (em geral entre o 3º e o 4º mês) ou da aparição do colostro (em geral entre o 5º e o 6º mês), que altera o sabor do leite. Entretanto, muitas crianças continuarão mamando muito felizes, mesmo com pouca quantidade e com um sabor diferente.
-Quando o irmão pequeno nasce, o mais velho costuma mamar mais do que o recém-nascido se a mãe deixa. São as mães que costumam colocar limites nessas mamadas depois dos primeiros meses, enquanto amamentam o irmãozinho em livre demanda.
-98.9% das mães que amamentaram durante a gravidez e em tandem no estudo aqui na Catalunha tinham um nível de escolarização médio alto.
-Muitas mães deixam de contar ao ginecologista ou ao pediatra que continuam amamentando o filho mais velho porque sabem que serão criticadas. De acordo com o estudo, 55% dos ginecologistas e 70% dos pediatras tiveram uma atitude de rejeição ou crítica quando foram comunicados sobre a decisão da mãe.
-Amamentar em tandem não evita que a mãe tenha uma ingurgitação quando nasce o bebê pequeno, mas ter a ajuda do filho mais velho, um especialista em mamar, pode ajudar bastante com isso.
-A maioria das mães que continuam amamentando o filho mais velho quando nasce o segundo o fazem porque reconhecem que mamar ainda é uma necessidade importante do filho.
-Se a mãe decide amamentar em tandem ela pode fazer como preferir: amamentar os dois ao mesmo tempo, alternar as mamadas de cada um, designar um peito para cada filho… O importante é que todos estejam felizes! :)
*Esse texto se refere às conclusões de um estudo, que estão em consonância com a observações de várias mães e profissionais dessa área. Entretanto, é importante que cada caso individual seja acompanhado e avaliado por um bom profissional.
Fonte

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