terça-feira, 27 de março de 2012

Ações da equipe de saúde durante o parto prejudicam a criação do vínculo mãe-bebê


Para especialista, um parto correto pode trazer repercussões positivas para o resto da vida do recém-nascido.

 

 

 A pessoa mais importante para um bebê é, sem dúvida, sua mãe. É essa interação mãe-bebê que irá propiciar uma melhor adaptação da criança ao novo mundo que ela está sendo inserida. Na tarde de ontem, 24, o professor de pediatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Ledo Chaves explicou que esse vínculo começa no parto. O médico coordenou uma mesa-redonda sobre o tema durante o 49º Congresso do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cujo tema deste ano é “Saúde da Criança”. O evento começou na segunda, 22,  e vai até sexta-feira, 26.

Ricardo defende que após o nascimento, sempre que for possível, o bebê deve ser encaminhado para sua mãe. “Embora o vínculo mãe-bebê possa começar mesmo antes da gravidez, na cabeça da mulher, o momento do parto é o mais importante para seu estabelecimento, com repercussões para o resto da vida da criança”, disse durante apresentação.

Porém, o médico mostrou que esse momento vem sendo prejudicado. Começando, segundo ele, pelo grande número de cesarianas realizadas hoje em dia, que distanciam a mulher do parto, tornado-a uma espectadora, quando deveria ser um agente ativo no processo.

“Existe uma série de repercussões emocionais positivas importantíssimas quando o parto natural é feito. Os recém-nascidos são sensíveis aos estados psíquicos da sua mãe e as expressões faciais dela. Estudos mostram que a primeira identificação do recém-nascido é com o rosto da mãe. Se o rosto estiver deprimido, por exemplo, isso afeta o bebê”, argumentou.

O professor explicou que é preciso evitar, ao máximo, separações desnecessárias entre a mãe e o recém-nascido, reduzindo os procedimentos realizados no pós-parto imediato aos apenas estritamente necessários.

E também falou sobre algumas atitudes que podem ser tomadas a fim de suavizar o impacto da diferença entre o mundo intra e extrauterino, como, por exemplo, ambiente pouco iluminado, através do emprego de uma luz difusa na sala de parto; silêncio; ambiente menos frio e tranquilo; ter panos quentes para a recepção; contato corporal imediato entre a mãe e o recém-nascido; e a espera de alguns minutos para se cortar o cordão umbilical.

Ricardo ressaltou que, deixar o lugar aquecido é, às vezes, motivo de grandes discussões entra a equipe. “Realmente a sala de parto é um local muito quente e a equipe sente muito calor. Mas é importante que ela abra mão do ar condicionado para que o bebê não sinta frio ao nascer. São apenas alguns minutos de calor em prol de um vínculo que durará a vida toda”, disse.

Ele resumiu dizendo que é preciso que os profissionais repensem seus conhecimentos sobre o nascimento. “Por falta de conhecimento, os recém-nascidos saem do parto e vão direto para o berçário. Em casos de recém-nascidos saudáveis, seu lugar é junto com a mãe”, afirmou. E complementou: “Mesmo se a criança apresentar algum problema ao nascer, é mais fácil ela morrer se ele estiver na UTI largada, do que se estiver no colo da sua mãe”.
 FONTE: Agência Brasil

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