sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Leite materno dá boleia a uma bactéria amiga

Foi dado mais um passo na descoberta da composição do leite materno e das funções dos seus inúmeros ingredientes. A parte que não é digerida é, afinal, muito importante.


Os açucares complexos que constituem 21 por cento da composição do leite materno não são digeridos pelos bebés. Investigadores da Universidade da Califórnia descobriram agora a sua finalidade: eles promovem o desenvolvimento de bactérias benéficas na flora intestinal.

Uma subespécie da Bifidobacterium longum tem um conjunto de genes que lhe permite viver no leite humano. Ela está presente nas fezes dos bebés amamentados e reveste as paredes interiores do intestino, protegendo-o de bactérias nocivas, mas nunca foi encontrada em adultos. Se os bebés não nascem com ela e a desenvolvem nos primeiros meses, essa família de bactérias só pode vir do leite materno, mais concretamente na sua parte não digerível.
Esta parte do leite, que permite o desenvolvimento da bactéria maravilha, é constituída pelos tais açucares complexos, derivados da lactose. Pensava-se que eles não tinham qualquer relevância, uma vez que não serviam o propósito da nutrição. O ADN humano não tem genes capazes de quebrar essas moléculas, e por isso não as digere. Mas a Bifidobacterium longum contém esses genes. Os açucares complexos servem para transportar.
O organismo da mãe encontrou uma estratégia para dar uma protecção extra ao bebé, adaptando a composição do leite para poder oferecer-lhe um componente externo, que pode salvar-lhe a vida. Além da função de revestimento da parede intestinal, promovendo o desenvolvimento das bactérias da família Bifidus, a bactéria serve de isco a bactérias nocivas.
200 MILHÕES DE ANOS DE APERFEIÇOAMENTO: SÓ PODE SER BOM!


Os investigadores estão a esmiuçar a composição do leite humano materno, pois consideram-no «um impressionante produto da evolução natural», resultado de 200 milhões de anos de aperfeiçoamento. E se é importante conhecer todos os ingredientes e as suas funções, desenhados especificamente para o desenvolvimento ideal de um bebé, também acreditam que ele pode fornecer informações sobre formas engenhosas de alimentar e proteger o organismo, seja qual for a fase da vida.

As novas descobertas foram publicadas no Proceedings of the National Academy of Sciences

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