sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Condutas no atendimento ao recém-nascido - Mais um quadro de violência alienada

Texto muito bem escrito pela Fisioterapeuta Angela Rios.  Vamos prestar atenção no depois que o bebe nascer, deixar claro os seus desejos, escrevam seus planos de parto sim, se informem. Muitas coisas feitas nos recém nascidos são desnecessárias!! Leiam o texto...


Em muitos hospitais, nossos bebês ainda hoje são submetidos a procedimentos rotineiros violentos e desnecessários e na maioria das vezes as mães nem sabem disso! Estas condutas vão contra todas as evidências científicas e contra o que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Por quê? Por pura falta de senso crítico? Por falta de conhecimento? Por preguiça de questionar as rotinas e padrões? Me desculpem os médicos (profissão pela qual tenho profunda admiração, mas que muitas vezes é manchada pelos maus profissionais) mas rotinas como estas são simplesmente criminosas.

E que as futuras mamães fiquem atentas, pois os cuidados com o seu filho podem começar antes mesmo do nascimento, questionando ao médico que irá receber a criança sobre os procedimentos que são feitos e quais as indicações das mesmas. Eu fiz isso na minha gravidez, a após o parto meu filho não foi submetido à nenhum procedimento desnecessário, mamou na primeira hora e ficou comigo em alojamento conjunto.

As recomendações da OMS para o atendimento ao recém nascido de baixo risco são:



"Imediatamente após o nascimento, deve-se verificar o estado
do recém-nascido. Isto é uma parte integral da assistência ao
parto normal, e a Organização Mundial da Saúde enfatiza a
importância de uma abordagem unificada à assistência materna
e neonatal (OMS 1994c). Os cuidados imediatos consistem em
verificar a permeabilidade das vias aéreas, tomar providências
para a manutenção da temperatura corporal, clampear e cortar
o cordão e colocar o bebê ao seio o mais cedo possível." -
(Maternidade Segura. Guia Prático. OMS, 1996)


Estou lendo (devorando!) a tese de doutorado de Carmen Simone Grilo Diniz "Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto". A autora tem a habilidade de colocar os conceitos de forma clara e discutir as evidências de forma científica e tocante ao mesmo tempo. Até o momento vários trechos me emocionaram, mas este, em especial, senti a necessidade de colocar aqui.

"(...)
Na década de setenta se consolida uma crítica ao tratamento ao recém-nascido e um questionamente às rotinas de assistência, que tinham como pressuposto a necessidade de um conjunto de intervenções de rotina, que se mostraram desnecessárias e potencialmente dolorosas e perigosas.
Além das repercussões do uso de drogas e outras intervenções na mãe, entre outras rotinas tínhamos, no momento do parto, vários procedimentos agressivos ao bebê, como luzes fortes e o aparelho de ar condicionado ligado, forçando o bebê a um choque térmico entre o ambiente intracorporal de cerca de 36 graus e o meio externo. O bebê tinha o cordão clampeado imediatamente, levando a uma supressão súbita de oxigênio e à respiração forçada e dolorosa, era pendurado pelos pés e não raramente, recebia um tapa para atestar sua vitalidade. 
Depois disso, era separado da mãe e levado por outros profissionais, e de rotina, mesmo que estivesse respirando perfeitamente, passava por uma “reanimação” que incluía uma sonda introduzida até o estômago, sofria ainda instilação de gotas profiláticas nos olhos que além de dolorosas, deixavam o recém-nascido com a visão nublada por várias horas ou dias.
O bebê era de rotina separado da mãe para observação por um período variável de algumas horas a um dia ou mais, em um berçário (hoje propõe-se a extinção dos bercários para bebês normais), lugar onde ficava instalado durante toda a estada no hospital. O contato com a mãe era regulado, e em muitas instituições restritos a alguns dos horários das mamadas, pois em outros horários, a criança era alimentada com leite em pó.
Até a década de oitenta, com a permissão dos serviços, era comum que todas as mães recebessem no hospital a visita de uma representante das companhias de leite em pó, vestidas como enfermeiras, que davam latas de leite para os primeiros dias do bebê como amostra. Como não havia orientação sobre amamentação, houve uma tendência generalizada de desmame precoce, com conseqüências catastróficas para a saúde e mortalidade infantis. Os estudos mostraram que os bebês alimentados por mamadeiras em condições de pobreza tinham um risco até 25 vezes maior de morrer no primeiro ano de vida que um bebê amamentado ao seio (UNICEF/WHO/UNESCO, 1989)."

Fonte 

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