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Deixar a criança comer alimentos sólidos com as próprias mãos leva à preferência por cardápio saudável, diz estudo feito na Inglaterra
RICARDO BONALUME
NETODE SÃO PAULO
Mamães, seu bebê é mais esperto do que você pensa quando se trata de aprender a comer comidas sólidas. Aliás, ele é até mais esperto do que você mesma na hora de ser desamamentado.
O bebê que escolhe sua própria comida com as mãos tem menos chance de virar uma criança obesa do que aquele que ficou recebendo papinha de colher da mãe, revela uma pesquisa britânica.
O estudo foi publicado na revista científica "BMJ Open" por Ellen Townsend e Nicola Pitchford, da Universidade de Nottingham, Reino Unido. A "BMJ Open" é uma revista de acesso público do grupo que edita a prestigiosa "BMJ" ("British Medical Journal").
Foram estudadas 155 crianças entre vinte meses e seis anos e meio de idade; seus pais responderam a um questionário sobre os hábitos de alimentação dos petizes.
Desse grupo, 92 eram bebês cujos pais deixavam a seu critério a alimentação.
O bebê tinha uma escolha de alimentos na sua frente e pegava o que queria comer. Isso costuma acontecer aos seis meses de idade. A princípio, o bebê apenas lambe a comida, antes de decidir por mastigá-la.
Os outros 63 bebês não tinham escolha. Era a mãe que enfiava a comida pastosa, as papinhas de vários tipos de alimento, nas suas bocas, com colher, o método do "olha o aviãozinho".
PREFERÊNCIAS
Os bebês que se alimentavam sozinhos, revelou o estudo, comiam mais carboidratos e alimentos saudáveis que os seus colegas que recebiam comida de colher.
Eles também gostavam mais de proteínas e de alimentos integrais do que as crianças que comiam papinha amassada.
Já a turma da colher curtia mais alimentos doces -apesar de as mães oferecerem a eles mais opções de alimentos como carboidratos, frutas, vegetais e proteínas do que a turma que pegava a comida sozinha.
Não deu outra: a turma da colher teve maior índice de crianças obesas do que a que pegava a comida com as próprias mãos.
"Apresentar os carboidratos às crianças em seu formato completo de alimento, como torradas, em vez de em forma de purê, pode ampliar a percepção de características tais como a textura, que é mascarada quando o alimento está na forma de papinha", escreveram os autores.
Segundo eles, pesquisas anteriores já mostraram que a apresentação da comida influencia significativamente as preferências alimentares.
Eles também afirmam que os carboidratos podem ter tido destaque na preferência dos bebês por serem mais fáceis de mastigar do que alimentos como a carne.
"Nossos resultados sugerem que a introdução de alimentos guiada pelo bebê promove preferências por comida saudável no começo da infância que podem proteger contra a obesidade. Essa descoberta é importante dados os problemas sérios com obesidade infantil que afetam muitas sociedades modernas", escreveram os pesquisadores.
MÃE NERVOSA
A "ansiedade" da mãe em ter um filho em boas condições de saúde pode levar a exageros na alimentação do bebê, segundo Ary Lopes Cardoso, chefe da Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP.
"A mãe quer ver o filho gordinho. As crianças ficam obesas pela proteção excessiva."
A orientação que ele e outros profissionais de saúde dão às mães é semelhante à que o novo estudo sugere: a criança tem que mostrar a vontade de comer e ser alimentada adequadamente, sem exageros motivados pela ansiedade.
Fonte: Folha de São Paulo - Saude
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/24397-bebe-que-come-papinha-dada-com-colher-fica-mais-gordo.html
Interessante essa preocupação com o peso das crianças pequenas, porém, acho que o maior problema da alimentação "olha o aviãozinho" (na boquinha)é a posição passiva da criança diante da alimentação X a posição ativa daquele que come com a mão. Dar comida na boquinha não só impede que a criança escolha o que quer comer e que pare de comer o que não gosta, impede também toda uma parte do seu desenvolvimento psicomotor e lógico.
ResponderExcluirNo modelo da colherinha, comer se transforma apenas em abrir a boca e ingerir, um siples ato mecânico que perdeu sua característica inicial de aventura, de descoberta. Pegar a comida com as mãos, amassá-la, prová-la, cuspí-la, tudo isso, que os adultos consideram como "brincar com a comida" e condenam, na verdade, é ESSENCIAL para o desenvolvimento psicomotor fino da criança. E ter a possibilidade de escolher o que se quer ou não, o que se gosta ou não, deixando de lado o que não se gosta, é uma expressão da individualidade da criança, que não pode se expressar quando todos os alimentos são apresentados sob o mesmo formato, com os mesmos temperos, e introduzidos na boca da criança mesmo que ela não queira.
O sobrepeso é um problema em pessoas que engolem sem mastigar, comem mais do que precisam e continuam comendo mesmo sem estar com fome. E é exatamente essa a realidade das crianças que são entupidas de papinha na boquinha: elas não precisam mastigar, portanto a comida desce rápido e a criança come mais antes de se sentir satisfeita, ingrindo mais quantidade do que precisaria realmente. Quando se mostra satisfeita, não raro, mamãe pede para que coma "só mais uma, só mais uma...", e esses hábitos alimentares se enraízam para a vida toda. Hoje, cada vez mais, comemos comidas moles, purés, risotos, macarrões, comidas com molhos ou cremosas, que lembram tanto a consistência das papinhas infantis.
Enquanto não tirarmos de nossas cabeças que crianças precisam de uma comida especial, mais simples e fácil de comer que a dos adultos, continuaremos formando gerações de pessoas com "paladares infantis" que só querem saber de comer besteiras hiper calóricas, e não nos livraremos do problema do sobrepeso...