por VANESSA DE SÁ
Quase toda mulher que engravidou ou pensa nisso já buscou se informar sobre a temida depressão pós-parto, mal que acomete cerca de 15 em cada 100 mães. O que talvez poucas pessoas saibam é que os pais — especialmente os de primeira viagem — também podem ficar deprimidos após o nascimento do filho. Os próprios médicos admitem que a mulher recebe as maiores atenções, enquanto seu companheiro costuma ficar relegado a segundo plano."A depressão paterna é tão importante quanto a materna, não só porque afeta quem contribui para sustentar a casa, mas porque os riscos de o filho vir a apresentar problemas comportamentais aumentam", alerta Joel Rennó Júnior, psiquiatra e coordenador do Pró-Mulher da Universidade de São Paulo. "Hoje sabemos que essas crianças podem ter transtornos de humor e prejuízos cognitivos devido à baixa interação com o pai deprimido quando eram bebês", relata. Segundo Paul Ramchandani, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, autor do primeiríssimo estudo que relaciona depressão paterna a prejuízos no desenvolvimento infantil, os meninos são os mais afetados. "Por causa da relação que acabam criando com os pais, os garotos ficam mais expostos aos efeitos dessa depressão", disse o psiquiatra à SAUDE!.Ninguém afirma ao certo o que desencadearia o distúrbio nos homens. É claro que muitas vezes o bebê traz mudanças radicais à vida do casal e uma má adaptação a esse novo contexto favoreceria a doença. "Mas há muitos gatilhos para a depressão", faz questão de explicar Adrienne Burgess, pesquisadora do Fathers Direct, centro de informação e acompanhamento à paternidade do Reino Unido, preocupada em evitar deduções simplistas. "Um deles é a mulher sofrer de depressão pós-parto (DPP)", exemplifica. "E é terrível, porque há evidências de que, aí, os bebês passam a buscar no pai uma espécie de compensação."Essa sobrecarga afetiva funcionaria como um estopim, assim como problemas para lidar com o trabalho. "As chefias não costumam compreender quando o homem quer se dedicar ao filho recém- chegado e isso gera ansiedade", nota Adrienne. Para Elo Lacerda, psicanalista e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é mais difícil diagnosticar a depressão paterna do que a materna. "Até porque os homens resistem a procurar ajuda", observa. "Geralmente eles só se dão conta do problema tempos depois e, por isso, arcam com o ônus de sair desse poço escuro sozinhos."CONHEÇA OS SINTOMAS NELES
Falta de apetite
Distúrbios do sono (mesmo que o bebê durma bem!)
Sentir-se um péssimo pai
Ansiedade e nervosismo
Perda da libido
Fim do interesse (ou prazer) pelas atividades cotidianas por um período mínimo de duas semanasCAUSAS MAIS COMUNS
Mulher com depressão pós-parto
Estresse
Preocupação com o sustento da família
Sentir-se excluído ou rejeitado pela parceira
Dificuldade para lidar com sentimentos ambivalentes, como o de querer proteger e cuidar do bebê e da mulher e, ao mesmo tempo, desejar ocupar o espaço que sempre teve na vida delaPEÇA AJUDA
O pai que se sente deprimido não deve ter receio de procurar um profissional capaz de compreender a gravidade do caso. Em São Paulo, o Núcleo Interdisciplinar do Bebê da PUC orienta e acompanha o casal às voltas com a depressão. Além disso, o obstetra que atende a mulher pode ajudar bastante ao encaminhar o parceiro dela a um colega psiquiatra. O tratamento costuma combinar sessões de psicoterapia e antidepressivos. No entanto, como sempre, mais vale prevenir do que remediar: é importante identificar o futuro papai que, por estresse ou qualquer outro motivo, parece mais propenso à depressão, conversar sobre isso e, quem sabe, até pedir ajuda.
DEZEMBRO 2005
Falta de apetite
Distúrbios do sono (mesmo que o bebê durma bem!)
Sentir-se um péssimo pai
Ansiedade e nervosismo
Perda da libido
Fim do interesse (ou prazer) pelas atividades cotidianas por um período mínimo de duas semanas
Mulher com depressão pós-parto
Estresse
Preocupação com o sustento da família
Sentir-se excluído ou rejeitado pela parceira
Dificuldade para lidar com sentimentos ambivalentes, como o de querer proteger e cuidar do bebê e da mulher e, ao mesmo tempo, desejar ocupar o espaço que sempre teve na vida dela
O pai que se sente deprimido não deve ter receio de procurar um profissional capaz de compreender a gravidade do caso. Em São Paulo, o Núcleo Interdisciplinar do Bebê da PUC orienta e acompanha o casal às voltas com a depressão. Além disso, o obstetra que atende a mulher pode ajudar bastante ao encaminhar o parceiro dela a um colega psiquiatra. O tratamento costuma combinar sessões de psicoterapia e antidepressivos. No entanto, como sempre, mais vale prevenir do que remediar: é importante identificar o futuro papai que, por estresse ou qualquer outro motivo, parece mais propenso à depressão, conversar sobre isso e, quem sabe, até pedir ajuda.
DEZEMBRO 2005
Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0268/medicina/conteudo_108999.shtml
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