terça-feira, 20 de setembro de 2011

Você não me ouve mamãe...


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O universo infantil é muitas vezes desprezado, desconsiderado por nos adultos, que estamos completamente imersos em nosso  “mundo adulto”. Ouvimos tanto sobre o respeito pela infância, à luta militante pelos seus direitos, mas muitas vezes, somos nós, pais, os grandes ditadores da infância dos nossos filhos.
 
E isso começa bem cedo. Quando voltamos com eles nos braços depois de dar á luz. No nosso mundo adulto, idealizamos que um quarto cheio de coisas e bem decorado é o melhor. Idealizamos que quanto mais podermos proporcionar, mais felizes eles serão. Idealizamos que nossos trabalhos, nossa vida financeira é o melhor que podemos proporcionar. Idealizamos também que, enquanto eles crescem, temos tempo suficiente para correr atrás das coisas que pretendemos proporcionar como sendo as melhores e que, no momento certo, desfrutaremos de tudo isso com tempo.
 
Enquanto isso nossos filhos-bebês nos dizem: você não me ouve mamãe! Eu só queria tê-la por perto, pois a sua presença me traz segurança e paz. O seu aconchego me acolhe, me faz sentir amado. Sei que existem coisas que podem substituí-la por um tempo, geralmente coisas pagas com o esforço do seu trabalho, mas para mim mamãe a sua presença é insubstituível.
Pois, toda vez que você se afasta, eu sinto dor, dor física e emocional. Isso porque você tem uma importância tamanha, pois foi dentro de você que eu vivi os melhores momentos da minha vida: eu era nutrido, seguro, cuidado e amparado. Ali não havia dor e sofrimento, ali era o melhor lugar para estar e ali era aonde eu queria permanecer.
 
Quando me tiraram dali, eu me senti vulnerável e através do choro, consegui entender que te traria para perto novamente. Este era o meu único recurso possível, pois para mim era extremamente desafiante me compreender como eu sozinho, como um corpo separado do seu, como seria longa essa jornada de crescer, desenvolver e me encontrar nesse novo mundo.
 
Mas através do seu seio materno, eu de alguma forma, conseguia reestabelecer este vínculo tão fundamental para mim. E por isso mamãe, eu chorava noites e dias a fio, te procurando desesperadamente, mesmo não entendendo ainda que isso te causava cansaço, fadiga, exaustão... Seu eu pudesse compreender isso, certamente eu teria compaixão e choraria menos, pois o meu amor por você é incondicional e eterno.
 
Eu só queria que compreendesse, que tudo isso também é difícil e desafiador para mim. Mas mamãe, porque tanta impaciência? Por que tanta pressa? Por que tanta ausência? Eu só preciso de um tempo para me encontrar nesse mundo e preciso tanto de você neste momento da minha existência...
 
Porque é tão difícil compreender o meu mundo? Porque ele é mudo muitas das vezes, sem voz? Porque sou pequeno e insignificante?
 
Posso garantir que há uma grandeza dentro de mim, essa grandeza que me tornará um ser humano um dia. Só eu sou capaz de trazer á tona a sua maternidade interior e de te fazer um ser humano melhor e mais feliz. Por favor, mamãe, me escute, no meu silêncio, na minha solidão, eu tenho muito a te dizer... E muitas das suas respostas eu posso te ajudar a encontrar...
Do seu filho que te ama mais do que tudo neste mundo.
 

Por Simone de Carvalho

Um comentário:

  1. Muito tocante Ana, mesmo estando 24h junto com meu filho, pois tenho o privilégio de poder trabalhar "em casa", mesmo tendo uma babá que brinca e dá muito carinho pra ele(estou sempre vendo os dois)as vezes eu me pergunto, será que estou conseguindo atender as necessidades emocionais dele, sei que tento estar ao máximo perto de ele e dar muito carinho, mas como saber se é suficiente...

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