quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sou uma Mãe Xiita! E você?

Gente, tenho que compartilhar com vocês este texto, que foi compartilhado no  facebook (santo face!), pela Fabiana Araujo Guerra!! Neste texto estão todas as indagações que faço, todas minhas preocupações, e foi escrito de uma forma tão entendível, que achei lindo demais! Segue o texto...



Eu bem xiita, dando mamazinho pro meu Bê com 2 anos de idade!

Do blog Mamãe Antenada
Mães Xiitas

Sempre que ouço falar em amamentação prolongada por 2 anos ou mais, exclusiva por até 6 meses ou mais, escuto também das "mães xiitas", defensoras do aleitamento, ortodoxas.
Claro que vem também a história de ser mais mãe ou menos mãe.Me vem à cabeça uma imagem terrível de mães em trincheiras batalhando pela verdade, batalhando entre si...

Eu confesso que tô mais para xiita. Explico.

Vivemos, nós mulheres em especial, numa sociedade que produz efeitos imediatos sobre o comportamento: a mídia de forma geral dita regras de conduta, dita tendência, dita modismos, dita posicionamentos, desde a cesárea da cantora x ao parto domiciliar da esposa do ator Y. É uma cultura do aqui, do agora, onde temos que responder pelo imediatismo e acima de tudo pela aquisição (assunto pra outro post).

Uma cultura que exige que a mulher desempenhe papéis diversos, que a cobra por isso, mas que não garante que sua natureza seja respeitada, que não permite que se expresse no auge de sua feminilidade: parir e nutrir seus filhos!

Uma sociedade que mecanizou o nascimento pela cesárea e que está mecanizando o aleitamento pela mamadeira.

Então, nesse absurdo contexto neo liberal, porque seria diferente com a maternidade?

Engana-se quem não acredita que a maternidade é um produto lucrativo para o mercado capital.

Engana-se quem não compreende que incapacitar a mulher dá lucro.

Veja bem:
vende-se enxovais carissímos com muito mais do que o necessário para um bebê

vende-se quartos de bebês e apetrechos muito além do preciso para as demandas de um bebê

vende-se roupinhas e mais roupinhas - ate os bizarros saltos altos para bebês !!!

vende-se kits de mamadeira

vende-se esterlizadores de mamadeiras

vende-se escovinhas para mamadeiras

vende-se bicos para água, para leite, para líquidos engrossados

vende-se prendedores de chupetas

vende-se chupetas 0-6 meses

vende-se chupetas 6-24 meses

vende-se aparelhos para dentes

vende-se leite artificial (de tipos e qualidades variadas)

vende-se mais leite artificial para 1+, 2+, 6+ e etc

vende-se carrinhos e mais carrinhos de passeio

vende-se consultas e mais consultas à pediatras

vende-se suplementos, complementos, vitaminas e medicamentos.

Mas sabe o que não se vende? Leite materno não dá lucro.
Aleitamento prolongado não dá lucro.

Não vende mamadeira, chupeta, não vende!

Parir e nutrir no Brasil se reduziu a um vasto mercado para bebês em mega stores lotadas, em maternidades 5 estrelas.

E daí quando vc toma conhecimento disso tudo, quando finalmente a verdade te acerta duro na cachola e você descobre que o mercado capital é mais cruel do que imaginamos, não tem jeito de não militar, de não querer abrir os olhos de tantas mulheres que são convencidas de que são incapazes de parir e nutrir seus filhos, que se ferem acreditando que são incapazes, que falharam.

Realmente não são menos mães. São mães conduzidas socialmente de forma incoerente e cruel.

Leite fraco, pouco leite, insuficiente, peito caído, dor, romantizar o aleitamento, crucificar o aleitamento. No fim o resultado é um só: desmame precoce.

Hoje em dia não basta querer. Tem que querer muito. Muito mesmo.

Porque quando você descobre uma gravidez, já sabe que terá cumes altissímos para escalar se quiser um parto normal. Natural? Domiciliar?Tem que virar mãe -leoa, xiita e se preparar para desafiar saberes consagrados socialmente como inabaláveis.

Amamentar sem sair do consultório do pediatra com receita para leite artificial? Amamentar sem ouvir que teu leite é fraco, que seu bebê chora de fome? Tem que ter muito peito para desafiar a lógica do fracasso!E sabe porque? Porque não gira a roda da fortuna.

É uma realidade triste. Por isso, precisamos ser firmes em nossos propósitos, nos fortalecer, buscar informação de qualidade, ler, questionar e buscar coletivos que afinem com nosso jeito de encarar as coisas...

Se depender da TV, da mídia e de opiniões enraizadas e ensimesmadas, parir e nutrir continuará sendo mérito de meia dúzia de mulheres taxadas mundo afora de naturebas e xiitas...

É nesse mundo que você quer que teu filho/a cresça?

2 comentários:

  1. Texto maravilhoso, gostaria de frizar a parte que diz..."Uma cultura que exige que a mulher desempenhe papéis diversos, que a cobra por isso, mas que não garante que sua natureza seja respeitada, que não permite que se expresse no auge de sua feminilidade: parir e nutrir seus filhos!"... e bem isso que tenho observado, infelizmente!

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