domingo, 31 de julho de 2011

Amamentar bebês após 1 ano!

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Outro texto maravilhoso do Dr. González. Eu não tenho a capacidade de sequer pensar, cogitar a ideia, de tirar minha filha antes de 1 ano do peito, quem dirá mais de 1 ano (ela esta com 1 ano e 6 meses)!! Penso que o leite materno é o porto seguro da mãe e do bebê, dá segurança nutricional e afetiva, e quem pode amamentar por mais de 1 ano (todas podemos é só adaptar a rotina), deve seguir em frente e ir até 2 anos, mais se quiser! Nutricional por que? O bebe já deveria estar comendo! Meninas, na minha experiência e o que acompanho com relato e outras mães, não é bem assim. O seu filho ou filha, ainda passa por experiências intensas, e muitas vezes, no início assustadoras. Ele pode não querer comer nesta fase, consequentemente só querendo peito. O que vai alimentá-lo então? O seu leite!!
Vamos citar uma gripe, uma dor de dente ou então ele se machucou, pela dor ele pode vir a recusar comida, e o seu leite vai suprir por este curto período a necessidade alimentar dele. Claro que não estou falando que a criança não comerá nada nestes episódios, mas vai sim, diminuir bastante o ingere. Por isso não podemos nos cobrar se de repente ela não comeu bem no almoço e quis mamar, mas depois comeu um pouco mais na janta. Se a criança estiver engordando o pouco que seja neste período, brincando,ativa, não é o momento de pensarmos bobagem. Afetiva? Sim, quem não quer o colinho da mamãe quando se machuca de alguma maneira? Eu adorava receber mimos da minha quando ficava gripada, chás, ser tapada com o cobertor, receber um cafuné. É bom colo de mãe. Mas agora sou eu que faço isso com meus filhotes. As vezes fujo e agarro minha mãe, dou um abraço ou peço colo. Bom gente, leiam o texto que foi disponibilizado no facebook, e vejam como encorajar as mulheres que querem amamentar além de 1 ano de idade. Apoiem elas!!

 Por Carlos González*

As mães que continuam amamentando após um ano enfrentam muitos problemas, sobretudo devido às críticas de quem crê que isso “não é normal” e as ameaçam com todo tipo de doenças e catástrofes.
 Na realidade, não se conhece qual é a idade “natural” do desmame no ser humano. Cada cultura tem a esse respeito seus próprios costumes, apesar de que nenhuma desmama tão cedo quanto a cultura ocidental do século XX. A antropóloga norte-americana Katherine Dettwyler (1) abordou a questão a partir da zoologia comparada, generalizando uma hipotética idade para o desmame no ser humano a partir dos dados referentes a outros primatas, a partir de vários parâmetros que se correlacionam de forma mais ou menos exata com a amamentação:

a) Segundo o peso do nascimento.
 Costuma-se dizer que os mamíferos se desmamam quando triplicam o peso do nascimento. Isso só é válido para os animais pequenos; os animais de tamanho parecido com o nosso se desmamam após quadruplicar o peso do nascimento, o que seria aproximadamente aos dois anos e meio.

b) Segundo o peso do adulto.
 Muitos mamíferos se desmamam ao alcançar aproximadamente a terça parte do peso do adulto. Como em nossa espécie o homem adulto é maior, isso representaria um desmame mais tardio: os meninos com sete anos (ao alcançar os 23 kg), e as meninas um pouco antes dos seis anos (com 19 kg).

c) Segundo o peso da mãe.
 Os pesquisadores Harvey e Clutton-Brock constataram que, em um grande número de primatas, a idade do desmame em dias é igual ao peso de uma fêmea adulta em gramas multiplicado por 2,71. Aplicando essa fórmula a uma mãe de 55 quilos, corresponderia a desmamar aos três anos e quatro meses.

d) Segundo a duração da gestação.
 A relação entre a duração da amamentação e a duração da gestação é muito variável entre os primatas, mas parece ter relação com o tamanho dos indivíduos. Nos macacos pequenos, essa relação costuma ser inferior a dois; mas entre nossos parentes mais próximos (em parentesco e tamanho), a relação é de 6,4 para o chimpanzé e de 6,18 para o gorila. Se assumirmos que para o ser humano essa relação deverá ser também superior a 6, o resultado é um mínimo de quatro anos e meio de amamentação.

e) Segundo a dentição.
 O desmame pode acontecer em muitos primatas quando ocorre a erupção do primeiro molar permanente, o que corresponderia aos 6 anos do ser humano.

Em conclusão, Dettwyler supõe que a idade normal do desmame no ser humano é entre os dois anos e meio e os sete anos.

No congresso espanhol de grupos de mães, ocorrido no ano de 2001 em Zaragoza, realizamos uma pesquisa para averiguar qual era a duração da amamentação entre as mães participantes, e que vantagens e desvantagens encontravam as mães que amamentam bebês após um ano.
Trata-se de uma amostra altamente selecionada (mães com suficiente interesse e meios econômicos para participar do evento), e que de modo algum representa a sociedade espanhola. Mas nos permite afirmar que a amamentação depois de um ano existe, ainda que seja em um grupo pequeno.
 Responderam ao questionário 95 mães que juntas têm 174 filhos. Trabalham fora de casa 74, e 78 haviam amamentado mais de um ano. Somente 15 mães haviam praticado amamentação tandem (ou seja, amamentado dois filhos de idades diferentes ao mesmo tempo). Portanto, não é preciso ser dona de casa para amamentar por mais de 1 ano.

O resultado foi o seguinte:

Formação - total - Amamentaram por mais de 1 ano

Graduação - 31 - 30
Cursos seqüenciais/tecnólogo - 32 - 22
Curso técnico - 17 - 14
Ensino médio - 13 - 10
Ensino fundamental - 2 - 1

Isso contrasta com a situação tradicional de algumas décadas, em que apenas as mães pobres de zonas rurais amamentavam após 1 ano de idade. É precisamente entre as mães mais cultas e informadas que se recupera a prática da amamentação.
 No momento da entrevista, 109 bebês haviam sido desmamados, com uma idade média de 19,1 meses, enquanto que 65 seguiam mamando, com una idade média de 20,9 meses. Ou seja, que já superaram a média e continuam mamando, o que fará com que a média global aumente muito quando ocorrer o desmame dessas 65 crianças.
 A comparação entre os filhos de uma mesma mãe mostra também um incremento progressivo na duração da amamentação. Entre 20 mães com três filhos ou mais, a duração média da amamentação do primeiro filho foi de 12,8 meses. Do segundo filho, um (50 meses) ainda mamava, e os demais haviam sido desmamados com uma idade média de 19,3 meses. Do terceiro filho, 13 seguiam mamando (idade média de 25,9 meses) e 7 estavam desmamados (com média de idade de 29,3 meses). Podemos dizer que a amamentação prolongada foi tão satisfatória para essas mães, que repetiram e aumentaram a dose com os demais filhos. Com certeza, também há mães que não tiveram uma experiência satisfatória na amamentação, e é provável que estas mães não participem de congressos de amamentação.

Responderam da seguinte forma à pergunta de se as pessoas relacionadas apoiaram ou criticaram a amamentação (pergunta feita a todas as mães, incluindo as que desmamaram antes de 1 ano de idade):

quem - apóiam - criticam

Marido ou companheiro - 77 - 6
Amigas ou vizinhas - 47 - 53
Mãe ou sogra - 44 - 39
parteira - 27 - 6
Outros parentes - 22 - 43
pediatra - 15 - 36
enfermeiras - 6 - 19
Médico ou GO - 5 - 9
Outros - 29 - 14

Considerando que cada mãe pode ter vários amigos ou vários pediatras, alguns grupos apareciam ao mesmo tempo aprovando e criticando. Observamos que o papel dos profissionais de saúde é em geral negativo, salvo no caso das parteiras. E, em todo caso, parecem influenciar menos, tanto para o bem como para o mal, que parentes e amigas. Como se nos mantivéssemos à margem.

Destaque muito positivo para o papel do marido, que quase nunca critica e que é a pessoa que mais aprova. Duvidamos que isto reflita um grande interesse pela amamentação entre os maridos espanhóis em geral, e achamos que , na verdade,aconteceu uma seleção natural: o apoio incondicional do marido é quase imprescindível para que uma mãe consiga amamentar, desfrutar da sua experiência, envolver-se num grupo de apoio e participar de um congresso sobre amamentação.

Por último, perguntamos o que foi mais agradável e o que foi mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:

O que é mais agradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
 Contato físico, olhar, vínculo - 36
Relação especial, amor, algo teu - 34
Felicidade materna, realização pessoal - 20
Comodidade e liberdade - 14
O melhor alimento - 12
Bebê feliz - 10
Consolo ou calma para o bebê - 8
É algo natural - 3
Mais saudável para o bebê - 6
Carinho - 1

O que é mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:

Críticas de outras pessoas - 33
Nada - 14
Mamadas noturnas - 10
Pedir muito quando a mãe não deseja - 4
Difícil de conciliar com irmãos maiores - 4
Mordidas - 4
Desmame - 4
Falta de informação profissional e de apoio social - 4
Dependência - 4
Sensação de que não vai deixar de mamar - 2
Não poder sair de noite - 2
Dificuldade para conciliar com inquietudes maternas - 2
Desinformação (medo absurdo) - 1
Problemas mamários (mastites, rachaduras) - 1
Angústia - 1

Conforme era esperado, essas mães encontram muito mais satisfações que problemas (de outro modo, não o teriam feito). Entre as vantagens se dá muito mais importância aos aspectos afetivos e psicológicos que à nutrição e à saúde física; enquanto que entre os inconvenientes destacam-se as críticas recebidas de outras pessoas, e um grande número de mães espontaneamente afirmam que não houve nada desagradável em sua experiência.

  Portanto, a amamentação após uma ano de idade do bebê é uma realidade entre algumas mulheres espanholas, sobretudo de classe média-alta, e parece que a prática está crescendo. É preciso que nós profissionais de saúde adotemos um papel mais efetivo de apoio às mães que amamentam, e que contribuamos na educação da população para que estas mães recebam o respeito que merecem.

(1) Stuart-Macadam P, Dettwyler K. Breastfeeding. Biocultural perspectives. Aldine de Gruyter, New York, 1995

Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas
Via: Amamentação com Desmame Natural - Portugal

Original em espanhol:
http://www.dardemamar.com/Lactancia_prolongada_por_Carlos_Gonzalez.pdf

*médico pediatra, pai de 3 filhos amamentados até depois dos 2 anos, fundador e presidente da Asociación Pro Lactancia Materna. Livros da sua autoria: "Manual Práctico do Aleitamento Materno" e "Bésame Mucho" (já publicados em Portugal), "Mi niño no me come" e "Un regalo para toda la vida". 

6 comentários:

  1. E eu que tenho uma menininha de 1 ano e 8 meses que ainda mama quando quer e onde quer conheço bem essa estória de que já está grandinha demais pra mamar, que não serve mais de nada, etc, etc, etc ...

    Muito bom o texto Ana!

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  2. Oi Lit!!! É né? Estamos carecas, só de ouvir tanta baboseira infundada! Mas ainda bem que temos bom censo e nos esforçamos para dar o melhor as nossas princesas! Bjo grande!

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  3. Adorei o post !
    O meu bebe está com 11 mêses e nem penso em desmamar, as pessoas se apavoram quando veem ele mamar "ele ainda mama???" não sei se falam isso por que acham legal ou por crítica.
    Ana eu comprovo o fato de que ele mamar é uma baita ajuda no que diz respeito a praticidade e complementação nutricional da alimentação. Eu não me imagino fazendo e carregando mamadeira pra sair de casa ou ter que levantar de madrugada principalmente quando esteve gripado eu não sei oque seria se não tivesse o peito pra dar nas madrugadas de febre e nos dias de inepetencia.
    Vou amamentar ainda por muito tempo !!!
    Beijos!!!

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  4. Que ótimo Déa, é isso mesmo. Como fazer sem o peito, vi muitas crianças com mamadeira, que quando estão passando por um momento difícil, não querem nada! Não é terrorismo e claro que algumas crianças alimentadas com leite artificial, não se abatem tão facilmente. Mas me arrisco a dizer que é a minoria.
    Beijosss!

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  5. OLÁ!!!!!!!!!!!MINHA BEBÊ ESTÁ COM QUASE UM ANO E QUATRO MESES E MAM PRA CARAMBA. MÉDICO JÁ FALO PRA MIM QUE O ESSENCIAL É AMAMENTAR ATÉ OS SEIS MESES...QUE APÓS UM ANO O LEITE NÃO TRAZ BENEFÍCIO NENHUM. QUESTIONEI SOBRE O MINISTÉRIO DA SAÚDE ESTIMULAR A AMAMENTAÇÃO ATÉ DOIS ANOS OU MAIS E ELE FALOU QIUE SE ESTIMULA AQUI NO BRASIL DEVIDO A BAIXA RENDA DA POPULAÇÃO QUE NÃO TEM DINHEIRO PRA COMPRAR LEITE.GENTE....SÓ SEI QUE CNINUO AMAMENTANDO...

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  6. Olá Anonima! Realmente creio que este médico esta desatualizado, e não lê os diversos estudos (americanos e outros)que são publicados, mostrando diferenças claras entre crianças amamentadas ao peito além de 1 ano, e outras que receberam fórmula sem precisar! Diferenças claras entre a composição do leite materno, e fórmulas. Entre vários outros que até publiquei aqui, e é só buscar. A minha experiência, como mãe, no assunto...Tenho um menino de quase 5 anos, que se tomou 2 vezes antibiótico na vida dele, foi muito. Mal pega um resfriado, ou fica com gripão. Vai ao pediatra só para revisão. Ele mamou até 2 anos e 4 meses, sempre que quis!
    Tenho uma menina de 20 meses, que mama sempre que quer, e tomou 2 vezes antibiótico só para tratar a infecção urinária. As febres dela foram todas por causa dos dentes, e ela não queria comer nem beber nada,a não ser meu leite! Fifi é muito esperta, e também só pega resfriadinhos, uma vez pegou gripão e se curou rápido!
    Esta é a minha experiência como mãe. E percebi que tu sabe a importância de continuar amamentando tua filha! Continue! Porque pra mim médico que manda a mãe desmamar a criança já com 6 meses, tem participação na venda das fórmulas!! Vá em frente, até quando você duas quiserem! Bjo

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