terça-feira, 26 de julho de 2011

Verdadeiro Protesto

Texto bárbaro da Kalu Brum, do Blog das mamíferas (acompanhem). Posto aqui  em comemoração antecipada a Semana Mundial de Aleitamento Materno. O texto é de junho, quando ocorreu o Mamaço Nacional, mas penso que cabe lermos agora também!
Segue o texto: 


Na década de 60, cansadas dos domínios masculimos, fomos para as ruas e queimamos nossos sutiãs em sinal de protesto, como símbolo da liberdade e igualdade sexual. Com a pílula passamos a ter o poder sobre nossos corpos.
Naquele momento nosso desejo era ter igualdade perante aos homens. Não por acaso a liberdade e igualdade sexual nos incapacitou de alguns dons femininos. Nesta época uma grande multinacional receitava leite em pó e as mães orgulhosas davam mamadeira, libertas para o mercado de trabalho. Um prato cheio para a nossa organização financeira.
Na década de 70, a masculinização no cenário de parto introduziu a tecnologia e toda a gama de drogas que os homens precisam para parir por nós.  Nossos seios e vaginas ficaram exclusivos para servir tão somente aos desejos masculinos.
Nas capas de revistas masculinas, mamilos e vaginas se tornaram objeto de adoração. A utilização destes órgãos para amamentar ou parir se tornou condenável culturalmente.
Mas aos poucos viemos avançando e fazendo com que Gaia abraçasse Tecnê. Hoje vivemos um novo feminismo. Um feminismo de saias e mulheres poderosas, com poder de mobilização, que querem ser diferentes dos homens e valorizadas por isso. Valorizadas não pelos homens, mas por si mesmas. Algumas de nós voltamos para casa para cuidar do bem mais precioso para o planeta: as futuras gerações.
 E não queremos isso só para nós. Aos poucos vamos conscientizando que parir com dignidade e respeito é um direito feminino de vivência plena da tecnologia aprimorada pela natureza que possibilitou que estivéssemos aqui hoje. E os seios não são apenas atributos a serem admirados pelos homens: eles servem a uma função biológica que nos faz ser chamadas de mamíferas.
E com pleno domínio de nosso poder feminino, formamos uma rede poderosa de apoio que é capaz de fazer barulho, abalar as estruturas e fazer pensar, pensar com neurônios, com ocitocina e prolactina. Pensar com a mentalidade ecológica, inteligente e aguçada.
Organizadas em rede conseguimos fazer um mamaço em São Paulo, um lindo mamaço virtual e também um grande mamaço nacional.
E o leite esguichado na cara dos machistas desvelou o tacanha pensamento adolescente e doente de alguns homens que representam o pensar de parte da sociedade. Seja no artigo da folha, seja nas imbecilidades do CQC, conseguimos reverter e chamar atenção para nossa causa: simbolicamente, como disse a maravilhosa doula Ingrid Loft, queimaremos os paninhos em praça pública.
Os imbecis podem falar suas asneiras, com inteligência e movidas pelo ideal de possibilitar a construção de uma sociedade mais sadia mental e fisicamente,  falaremos da importância da amamentação, para quem sabe o índice de 23 dias de amamentação de 1999, que subiu para 54 em 2008, segundo os dados do Ministério da Saúde, passe a ser de próximo de 6 meses. Quem sabe com nossos barulho, nossos manifestos inteligentes,  possamos promover debate e deixar a mulher livre para amamentar onde quiser e que seus companheiros não tenham a mentalidade regredida de Rafinha Bastos que acha que a mulher “feia”amamenta para mostrar as “muxibas”. Que nossos seios tragam as marcas de servidão ao que é verdadeiramente sua função e não cicatrizes de cirurgias com silicones para agradar aos homens de mente (quiçá outras coisas) pequenas.
Nossa grande vingança é ignorar e brilhar, cada uma em sua cidade, para promover questionamentos legítimos sobre a amamentação no mamaço, que encho a boca para falar com orgulho.
Viramos notícia, fizemos a notícia e toda piada de mau gosto serviu para que os holofotes virassem para nós. Sim temos o direito de parir, de amamentar e gostamos de ser mulher, independente da opinião masculina.
Essa é nossa vingança contra a imbecilidade machista. E viva o mamaço!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

MundoBrasileiro