sábado, 23 de julho de 2011

Um apelo...um alerta!!

Por favor, leiam este texto interessantíssimo, e que faz pensar em muito do que fazemos pelos nossos filhos e do que é necessário fazer por eles! Peço que leiam com carinho e com o coração aberto...sou mãe de dois e acredito que todos nós queremos o melhor para nossas crianças!! PAREM E PENSEM! Coloquei alguns trechos em negrito, leiam o texto com atenção:


Ausentes e contentes, mães para agradar ao mercado


Está prometido para novembro próximo o lançamento de mais um livro que deve cair nas graças de uma massa significativa de mulheres. Édipo Tirano, da psicanalista Márcia Neder, se propõe a discutir o lado sombrio da maternidade. Em entrevista à repórter Juliana Vines, da Folha de S. Paulo, ela afirma que “Não se fala da renúncia, da doação e das exigências. E as exigências cresceram nas últimas décadas”.
A matéria vincula o livro de Neder ao polêmico Sem Filhos, da também psicanalista Corinne Maier. Best seller, o livro da suíça Corinne, lançado na França em 2004, cita uma lista de 40 motivos para não ter filhos. É preciso aguardar para ver se chega ao mercado mais uma das sistemáticas pauladas, dessa vez à brasileira, que vêm sendo dadas nos movimentos contraculturais por uma maternidade consciente.
Lançados como grandes novidades, esses livros defendem o que está estabelecido como padrão de comportamento materno ideal para o mercado. Em relação ao tratamento que dispensamos aos filhos, migramos de mães conformadas, submissas e acomodadas no cuidado convencional deles, antes da Segunda Guerra, para a maternidade tecnocrática que se instalou no pós-guerra. A partir daí houve um distanciamento das crianças, o que provocou no psiquismo parental uma necessidade de investimento cada vez maior em vínculos materiais e mimos, mas pouca companhia de fato e pouco atendimento às necessidades primárias da criança. Culpa é ausência de responsabilidade, quanto mais os pais se afastam dos filhos para ganhar mais dinheiro, comprar mais objetos de apelo publicitário; mais satisfazem as vontades e menos satisfazem os desejos genuínos, esses sim fundamentais para a formação do caráter.

O livro Grito de Guerra da Mãe-Tigre, da sino-americana Amy Chua, lançado em 2010, surgiu com uma quase solução para a culpa, o calcanhar de Aquiles das mães ausentes. Chua defende um método em que a mãe é uma doutrinária que exige dos filhos horas e horas de estudos pautados em causa própria, pela necessidade adulta de viver afastada e atarefada. A batalha contra a culpa das mães-tigres é transferida para a eficiência dos métodos terceirizados de educação. Um vale-tudo para a mulher poder expressar seus ressentimentos pela maternidade. É mais um best seller para aquecer o mercado tecnocrático das relações humanas.
Já na década de 1980, o Mito do Amor Materno, de Elizabeth Badinter, caiu como luva num Brasil Nova Mulher. Infelizmente se confundiu a boa e velha batalha feminista com direito de abdicar do convívio tão saudável para as crianças. Badinter chega a afirmar que a mamadeira é um dos símbolos de libertação da mulher. A maternidade defendida como um lugar que inexoravelmente rouba a diversão da vida da mulher é uma bandeira contra as necessidades dos bebês, seres que nascem tão dependentes, que sequer têm consciência sobre o que seriam seus supostos direitos.
Seria ótimo se livros como os de Badinter, Corinne e Amy levantassem reflexões sobre a não opção pela maternidade. Mas não é assim que acontece. A penetração no mercado se dá de forma diferente e em vez da ampliação do debate, também sobre as implicações morais e religiosas de bancar a decisão de não ter filhos, o que seria muito legítimo e bem-vindo, desencadeia-se uma onda de identificações das mulheres que acham crianças literalmente “um porre” e sofrem com a maternidade desde o parto.
Sempre que se fala em maternidade consciente e prevenção de neuroses via vínculos afetivos surge o argumento mofado da guerra entre maternidade X trabalho, como se a defesa de uma maternidade consciente passasse necessariamente pelo abandono do trabalho e de outros prazeres. Maternidade consciente tem a ver com parar de terceirizar a maternidade em tempo integral e exigir melhores condições no trabalho para que as mulheres trabalhadoras possam acompanhar mais de perto o desenvolvimento das crianças. Inclui paternidade consciente também, mas não na base do “toma que o filho é teu, te vira com esse traste que me tira a liberdade de ser mais mulher”.
Não dá para negar o estrago humano que viemos fazendo na formação das crianças nos últimos anos. É preciso ir à luta e entender de maneira também inteligente o que ainda estamos fazendo com as gerações que estão aí. Maternidade só à base das emoções de comerciais de TV e das próprias projeções nos filhos, maternidade só em cima desse lugar narcisista e egotista, está com a data de validade vencida.
Filhos precisam de mães, isso não é clichê antifeminista. Quando são bebês não cabe o discurso de qualidade como primor de educação porque no primeiro ano de vida a necessidade em quantidade de tempo é enorme e deveria ser bancada pelo Estado e pelas empresas que se dizem amigas da criança. Caberia às mulheres reivindicar aumento de licença-maternidade, melhores condições no trabalho nos primeiros 3 anos da criança, em vez de defenderem cegamente os interesses do mercado, enganchadas nas sombras de um psiquismo coletivo inerte que cultiva raiva e desprezo pelas crianças.
As ricas escolas privadas estão abarrotadas de crianças carentes de afeto e convívio com os genitores, que não têm noção de como lidar com frustrações. Arrogantes, pouco empáticas, elas refletem na escola o que trazem de casa.
Se os únicos atingidos fossem os filhos desses formadores de opinião que cultuam livros técnicos sobre educação para fortalecer os próprios egos, estaria tudo ótimo, mas não é assim, a mídia ajuda a deturpar e essas ações se alastram, reproduzindo-se em velocidade crítica entre pessoas absolutamente carentes de tudo. Lá onde nem as noções básicas de higiene existem, lá onde a “educação no Brasil não é mais uma questão política, mas paleolítica”, como me revelou uma professora do Sase, Serviço de Apoio Socieoeducativo, de Porto Alegre. Ali do outro lado da rua, nas comunidades pobres, nos morros, nas vilas, nas favelas, está nosso espelho. Crianças sofrendo a interferência direta da falta de tudo, com apelo social urgente para ter tudo. Até se poderia pensar numa educação tecnocrática, afastada e egotista, como sonha nossa elite, se não tivéssemos de dar conta de um mar paleolítico de crianças, que também são nossas.
A educação tecnicista, que defende o direito dos genitores a qualquer preço, tem uma ligação direta com a infelicidade e a violência cada vez maiores nas famílias de baixa renda. O mecanicismo na educação exige produtos, serviços e alta competição. O efeito numa criança de classe média ou alta não é bom, mas pode ser até engraçadinha a situação dos órfãos de pais ricos, vivamente ocupados, como esse vídeo (no final do texto está o vídeo) aqui, da década de 1990, quando a moda dessas novas “técnicas” estava a deslanchar sem tantas máscaras.
Muito útil para os ausentes, que acabam dando aos filhos a ilusão de que é mais amado quem tem mais, mas cai como uma pedra em cima das crianças carentes, que acabam sendo criadas com a sensação de que existe um mundo bonito e real ao qual elas definitivamente não pertencem.
Como falar de igualdade e de inclusão se em vez de defender ideias eco-humanistas para a educação de ricos e pobres, iguais e menos iguais, estamos ainda na Era da Pedra a discutir de quem é a responsabilidade sobre os sentimentos de culpa dos tecnicistas da educação?
Não vincular educação tecnicista, inconsciente e consumista ao quadro dos filhos que não são nossos, esses literalmente jogados pelas ruas diariamente, é de uma insensibilidade cruel com nossos próprios filhos, é uma relação óbvia de causa e efeito. Ingenuidade narcísica achar que podemos levar ad aeternum as muralhas entre ricos e pobres; repetição atávica não vincular educação humanista e maternidade consciente, com práticas sócio-ambientais urgentes.
Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana, autora de Bebês de Mamães mais que Perfeitas, 2008. Centauro Editora. 

Vídeo citado no texto

2 comentários:

  1. Muito bom Ana. Esses dias saiu uma entrevsta na revista veja com a Elisabeth Badinter, e pra falar a verdade eu nem consegui passar da primeira pagina, porque na minha opinião ela so afirmava coisas sem base. Ela fala que o isentivo a maternidade consciente, parto normal, amamentação etc, so faz com que as mães se sintam culpadas. mas n fala da pressã exercida pelo mercado, que tira a liberdade de escolha das mães de como criar seus próprios filhos, isso n gera culpa? sem falar que as mães que alam da maternidade conciente são minoria, e não o contrário....

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  2. Concordo plenamente Claudia!! Vivemos hoje pra ganhar dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro...mas pra que todos esse dinheiro? E nossa família? Nossos filhos?? O futuro desta nação!! Como ficam? O mercado de trabalho hoje é muito cruel, seja com homens e mulheres. Sou da politica que cada pessoa deve trabalhar no máximo 5 horas por dia, assim teríamos mais pessoas empregadas, e muito mais dedicadas ao serviço!

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