sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Relato de Parto Normal da Tassiana Bach!!


Estes dias fiz um convite no facebook para que as mães e pais me mandassem relatos de parto e amamentação. Adorei os relatos da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM 2011), e quero que mais e mais famílias sejam orientadas, fazendo escolhas conscientes! Quem quiser mandar o seu relato de parto ou amamentação, envie para meu e-mail: anadoulaenutri@hotmail.com. Publico com muito prazer e tenho certeza que irão ajudar muitas pessoa na busca de um parto e nascimento com respeito, e também em uma amamentação longa, com apoio e carinho! Conheci a Tassi no Mamaço que fizemos, e que vamos repetir sim! Fiquem com o relato da Tassi, e prestem atenção como não é atendido muitas vezes os pedidos da parturiente! Isto tem que mudar!!

Tassi e Arthur

A descoberta em si da gravidez é uma baita surpresa, eu mau tinha começado a namorar o "futuro pai do meu filho", e já tínhamos descoberto a gravidez. E descobrimos meio que tardiamente, eu já estava de 16 semanas, lembro que foi uma correria para fazer os exames, as ecografias e as consultas. E justamente naquele ano, eu estava sem plano de saúde, por conta da crise que a Ulbra sofreu, a prefeitura de Porto Alegre cancelou o convênio com a Ulbra e fiquei sem plano.
Mas aquele ano prometia mais, foi o ano que deu o primeiro surto de gripe A, quando todos os dias se ouvia que as grávidas estavam morrendo, e todo mundo estava em pânico. Apesar dos pesares, a gestação foi tranquila, só fiquei com febre uma vez, lá pelo 6º mês, por conta de uma sinusite, mas me recuperei super bem. Claro, que por conta do surte de gripe A, eu mau saía de casa, evitava lugares fechados e quando ia no hospital consultar (fiz todo o pré-natal no hospital da PUCRS), ia sempre de máscara e evitava passar perto da emergência.
Quando eu estava com 34 semanas, eu já estava com 1cm de dilatação, e estava com viagem programada, queria aproveitar os últimos dias de "casal sem filhos" para namorar na serra gaúcha. Mas a minha GO é uma estraga prazeres e pediu para que eu ficasse, por que segundo ela, "poderia nascer a qualquer momento." Fui entrar em trabalho de parto com 39 e 4 dias, quando atingi 6cm de dilatação.
Foi numa manhã de sábado, a última manhã que pude levantar da cama ás 11:30, depois de "namorar" muito, eu e o marido fomos almoçar fora. No caminho eu comecei a sentir algumas contrações. Eu já sentia contração desdo 6º mês, mas eram aquelas contrações de treinamento, que passam logo. Mas aquelas que eu sentia eram mais intensas, eu tinha que parar e me esforçar para respirar. Foi assim durante todo o almoço, quando as contrações vinham, eu parava e me concentrava para continuar respirando normalmente.
Já em casa, decidimos marcar o tempo das contrações, e nunca foi tão preciso: vinham de 5 em 5 minutos e duravam 1 minuto e meio. esperei até ás 17h para ir ao hospital. Eu já tinha ido tantas vezes achando que era a hora, mas sempre me mandavam pra casa, que eu tinha decidido só ir pro hospital quando eu estivesse quase parindo. Liguei para a minha GO, ela me disse o que eu já sabia e ela tinha me dito que iria estar de plantão no centro obstétrico da PUC e poderia acompanhar o meu parto.
(Só um detalhe nisso tudo: eu fazia o pré-natal pelo particular, pagava as consultas e exames, mas como o parto seria impossível pagar, então optamos pelo SUS. Sendo assim, não seria muito provável que a minha GO pudesse acompanhar o parto.)
Chegando lá, tive que subir 4 andares de escadas, por que o elevador resolveu estragar justo naquele dia. Demorou um pouco para eu ser atendida, mas lá dentro, foi tudo muito rápido. Me examinaram, e viram os 6cm de dilatação, mas disseram que eu estava com "pouca dinâmica". Eu na minha pobre ingenuidade, achei que eu estava mesmo sem dinâmica, e deixei aplicarem o "sorinho". Não demorou muito para eu estar urrando de dor, com contrações quase interruptas. Perguntei se o meu marido não poderia ficar comigo, e disseram que como estava tudo calmo lá, e ele aparentemente estava tranquilo também, ele poderia ficar no pré-parto comigo e assistir o parto também.
Lembro que fui pro pré-parto ás 18:30, por volta das 20h deixaram meu marido ficar lá. Depois disso perdi a noção de tempo, apesar de ter um relógio pendurado bem na minha frente. Lembro de ouvir várias vezes os passos da minha GO, e dela vir estourar minha bolsa. Depois disso meu marido diz que eu virei bicho, pulava da maca a cada contração e tentava gritar.
Num último grito, as enfermeira vieram, me deram as "dedadas", para ver a dilatação e me levaram para a sala de parto. Quando falaram "sala de parto" eu senti um alívio tão grande que acho que até diminuiu a dor das contrações.
Lá me fizeram pular sozinha de uma maca pra outra, prepararam tudo, e a GO disse: "Vou te dar uma picadinha aqui na vagina pra te fazer um pique.", na mesma hora eu gritei "Nãããão!! Epsio não!!! Não é necessária, tu não me deixou nem fazer força pra ver se precisa." Ela me olhou daquele jeito que os médicos costumam olhar quando são contrariados, aplicou a anestesia, e fez o corte. Eu vi ela fazendo pelo reflexo daquela luminária que põe em cima da gente nas salas de cirurgia. Depois pediram para que eu fizesse força, a minha GO estava assistindo e dizia "Força pra fazer cocô! Força pra cocô!", quase que eu disse que iria nascer um m*rdinha desse jeito... Quando veio aquela contração que faz com que agente só sinta vontade de fazer força, eu inclinei minha cabeça pra frente e fiz tanta força que meu marido disse que eu fiquei roxa. Eu olhava pelo reflexo pra ver se o Arthur estava saindo, se eu não tivesse visto, eu não teria conseguido fazer força contínua. Quando senti ele sair, o alívio foi grande, e foi maior ainda quando ouvi ele chorar. Ele nasceu ás 21:27 do dia 17 de outubro de 2009. Levaram ele para pesar e aspirar o líquido dos pulmões, nisso o meu marido sumiu, foi junto ver o nosso filho. Enquanto estavam limpando meu filho, eu estava lá, esperando a GO tirar a placenta e me costurar. Falei para ela mais uma vez que isso não era necessário, que eu tinha feito exercícios durante a gestação inteira para que não precisasse fazer a epsiotomia, mas ela disse que minha "peca" iria ficar normal, que eu não iria sentir nada depois disso. Meu filho chega, eles põe ele no meu colo, junto dos meus seios, mas ele não mama. Então o levam de novo pra longe de mim, mas dessa vez para o banho, e meu marido vai junto.
Depois da sutura, me levam para a sala de pós-parto, onde eu fiquei duas horas em observação. Eu tremia por conta da adrenalina, e sangrava muito. Em seguida, chegou o meu marido com o meu filho no colo, e eu estava ansiosa para dar de mamar para ele. Mas ele não conseguia pegar o seio, e eu ficava nervosa, e ele chorava, e eu ficava mais nervosa ainda. Um das enfermeiras tentou fazer com que ele fizesse a pega, mas não deu muito certo.
Eu só consegui dar de mamar pra ele horas depois, quando eu estava no quarto, que havia mais duas mães ali, uma delas tinha perdido o bebê, e a mãe dessa menina estava ali. Ela que me ajudou a dar de mamar pro meu filho, ela pegava uma seringa que haviam me dado para ajudar a forçar o mamilo para fora, já que eu tinha ele invertido. Foi assim a noite toda, até que consegui amamentar sozinha.
Consegui mesmo amamentar o Arthur em casa, quando finalmente acertamos a pega. Não foi fácil, quando ele conseguia pegar o mamilo inteiro, ele logo dormia e não mamava muito, e quando eu acordava ele, abria o bocão e chorava, largando o peito. E nós começávamos tudo de novo...
No 5º dia, comecei a sentir muita dor na hora da pega, e foi bem no dia da consulta com o pediatra. A pediatra que me atendeu me explicou como ajudar ele na hora da pega, e fez isso muito melhor que as GO e as enfermeiras. As rachaduras nos bicos do seio duraram 2 semanas, e consegui resistir a dor graças ao meu marido que estava do meu lado dando força pra continuar.
Meus seios ficavam muito cheios também, doloridos, mas isso não me incomodou tanto, eu até ficava feliz por estar jorrando leite e ver meu pequeno ganhando peso rápido. Quando ficavam muito cheios, eu tirava um pouco.
Hoje meu filho tem um ano e quase 10 meses, mama muito ainda, e ama o "tetê" dele. É saudável, ficou doente pouquíssimas vezes e se alimenta muito bem.
Não sei se quero ter outro filho, mas se eu o tiver, passaria por tudo isso de novo. Claro, que com mais informação, eu buscaria por um parto natural e em casa. Não quero ninguém me cortando de novo! x.x

1º passeio da família!
Tassiana Bach
24 anos, ex-estudante de pré-vestibular, atual mãe, esposa, housewife e aspirante a nerd.
Quem sabe futura médica veterinária...

2 comentários:

  1. Ai Tassi!! Aqui foi parecido!! Fiz meu acompanhamento pelo plano, no fim minha ex GO iria viajar, corri para outro médico, me fizeram o corte sem perguntar e nem vi! Só vi depois que o obstetra esta levando a tesoura de volta para o lugar dela!Ganhei de brinde a manobra de Kristeller (detalhe tinha cesárea anterior). Tenho certeza que vamos mudar este cenário, mas não com autoritarismo e revolta, pois a verdade sempre prevalece, e as pessoas cedo ou tarde irão vê-la! Bjo!

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  2. De vez em quando eu sinto a epsio doer, mas não incomoda tanto. Não é que eu ignore a opinião do médico, mas eu sabia que a epsio não era necessária.
    Vamos repetir o mamaço, nem que seja só para bater aquele papo bom! Bjão!

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